Capítulo 8 - No Limite

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   A personificação da raiva estava naquela criança. Uma expressão tão assassina que podia ser sentida com toda intensidade. O príncipe percebeu o sofrimento que nela estava. Sentido com isso, sentou-se em posição de borboleta no limite onde a criança chegava. Rangendo os dentes e salivando, o menino tentava alcançar Malkiur. E quanto mais tentava, mais sua face ficava vermelha. O príncipe permaneceu na mesma posição, observando o garoto se enforcando. Sofia, nervosa, exclamou para que Malkiur fizesse algo.

   Exausto, desistiu de alcançá-lo e encostou suas costas na parede, muito ofegante.

   - Qual o seu nome? - questionou. O menino somente o encarava. - Menino, qual o seu nome?

   - Daemon - grunhia, espumando.

   Ao ouvir o nome, os olhos de Sofia saltaram das órbitas e seu corpo perdeu o equilíbrio por um momento. Olhou para todos os lados daquele porão, completamente nervosa. Percebeu que havia algumas espadas e outros objetos perigosos recém-colocados na parede próxima à porta. Virando mais a cabeça para trás de si, viu livros em cima de uma mesa ao canto da sala. Caminhou, receosa, na direção da mesa e folheava cada livro, desesperada.

   Malkiur, ainda naquela posição, tentava conversar e ter algum tipo de interação com a criança; porém, ela recusava a todo custo.

   Algumas das páginas do livro descreviam os estudos feitos em Daemon. Entre aspas, uma citação chamou a atenção de Sofia. Uma citação escrita pelo alquimista: Scholl Bork.

   "Daemon era uma criança nascida da barriga de uma mãe humana violada por Mildtroth, o Deus da Guerra, há treze anos atrás. Relatos de alquimistas que tiveram contato com a criatura, disseram que ela emanava uma ira jamais vista. Descobriram, por meio de estudos, que Daemon manipulava os sentimentos dos humanos e os atirava em perdição. Observava-se que o menino não possuía objetivos próprios ou um propósito de vida claro. Caso não avistasse nenhum humano para tentar, se colocava em um estado catatônico até achar um. Alquimistas devotos ao Deus da Guerra, avisaram ele que seu filho vagava sem rumo pelo mundo dos humanos. Curioso, Mildtroth começou a investigar o paradeiro da criança, mas, até onde iam os relatos dos alquimistas da época, não se teve nenhuma informação sobre uma aquisição.

   Escrito por: Scholl Bork, O Alquimista Abissal."

   Ao terminar de ler aquilo, Sofia entendeu o quão valioso e perigosa era aquela criança. Virou-se com uma feição mais calma, mas ainda com um toque de nervosismo.

   - Precisamos levá-lo agora para o deus, Malkiur.

   - Achou algo de importante nos livros?

   - Esse menino... é um demônio.

   - Não fala assim dele.

   - Não, Malkiur, eu digo no sentido literal. Ele é filho do Deus da Guerra. É o menino que ele está atrás. Os livros dizem isso. As espadas e os livros foram colocados recentemente aqui. Provavelmente iam matá-lo ou torturá-lo.

   - O garoto deve ter entrado no reino e Mildtroth foi atrás - Daemon tentou atacar o príncipe após ouvir o nome do pai.

   - Se ele quer o garoto, por que não aceitou a negociação com a Permuda?

   - Um Deus da Guerra não ganharia algo fácil assim. Ele quer conquistar e só isso deve importar.

   - Então, o que faremos? Ele não vai parar até matar todos desse reino.

   Pensativo, Malkiur pusera os cotovelos em cima das coxas e entrelaçou os dedos na região abaixo do queixo.

   - Malkiur! - nervosa, exigiu uma resposta.

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