Capítulo 16 - Destruição

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Noite sangrenta. O nevoeiro ficava mais denso a medida que o tempo passava. As aragens passavam entre os destroços, criando sons agudos, parecidos a canções de flauta.

Lenna, ainda sob tristeza e culpa que consumiam seus pensamentos, recuperava-se em silêncio de suas dores.

Estando muito fraca para lutar, Hermeas encarava Malkiur, respirando ofegantemente. Sua força estava se esgotando; se não tomasse cuidado, seu fim seria uma probabilidade. Ela não podia machucar Malkiur, principalmente no estado que estava. Mesmo assim, de cenho firmado, a deusa recusava-se a perder aquele impasse. Malkiur estava na desvantagem de um pé e alguns dedos de uma das mãos. Já estava bastante abatido pela luta contra Agwen, mas se mostrava resiliente e confiante, para que a deusa não pensasse o contrário.

Em alta velocidade, Hermeas tentou ignorar o príncipe e passar por ele para chegar em Lenna. Contudo, com um ótimo reflexo, Malkiur desferiu-a um golpe com a perna na costela, a levitando sob o ar. Estalando os dedos, a deusa criou asas brancas enormes em suas costas; voou para o céu, pegando impulso, e mergulhou, sem rumo, quase a se chocar com o chão, porém, redirecionou-se rapidamente para Malkiur.

O príncipe sacou seu chicote de pétalas e a desferiu um ataque na horizontal. Em defesa, Hermeas conseguiu morder o chicote e agarrar o príncipe, o levando para longe. Os cabelos de Lenna levantaram-se com o vento que subiu, fazendo-a abrir os olhos que ainda derramavam lágrimas de culpa. Olhando para trás, vendo o príncipe ser levado, uma vontade surgiu em sua alma. Vendo seu amigo em perigo, a fez relembrar-se de todos os outros que perdera até aquele momento. Das palavras do príncipe. Malkiur não poderia ser mais um como os outros.

Levantou-se, observando o bater de asas de Hermeas por dentro da silhueta da lua.

A deusa, sabendo do quão promissor Malkiur era para Anarc, largou-o céu abaixo; o príncipe manteve-se segurado na ponta do chicote ainda preso na boca da deusa. E Hermeas, girando em torno do próprio eixo, pegava impulso para arremessar Malkiur pouco longe dali, tirando, assim, o receptáculo do caminho.

Entretanto, em solo, os olhos de Lenna brilhavam e acendiam-se na mais clara iluminação. Em sua testa, o desenho de uma esfera contornada por uma linha circular que possuía outras esferas nela, surgiu, de repente.

- Stella Nova - disse, contornando, de forma circular, a figura de Hermeas e a lua atrás dela com os dedos da mão.

Quando o giro ficou mais forte, a deusa foi interrompida por uma pequena rocha que perfurou a parte de trás de sua cabeça e saiu pela testa. Não entendendo, ela virou os olhos para a lua. Via, de longe, mas se aproximando, grandes rochas lunares entrando na atmosfera do planeta.

A primeira rocha foi destruída com apenas um soco; a segunda também; a terceira foi rápida, chegando a surpreender Hermeas. A quarta vinha acompanhada da quinta e parecia não ter fim. Quando deparou-se com o céu acima, notou uma chuva de rochas lunares a caminho dela. Não sabendo o que fazer, virou-se e voou para cima de Lenna.

Veloz, mordendo o chicote com força, Hermeas arregalava os olhos, fazendo cada vez mais força para ser mais rápida que a chuva de pedras. As rochas aproximavam-se pelos lados, se teleguiando para cima da deusa; ela desviava com maestria, mas acabava danificando aos poucos as asas no processo. Encurralada e sufocada, Hermeas fechou seus punhos e suas asas arrepiaram. Haviam mais de seis rochas lunares perseguindo a deusa; ela não podia parar, mas também não podia continuar voando para frente. Mesmo que acertasse Lenna, provavelmente morreria no processo. Se fosse para o lado, perderia uma perna, braço ou costela; ou simplesmente morreria tentando. Revoltada, a deusa soltou, agressivamente, o chicote de sua boca e gritou, em um tom entusiasmado, mas que, ao mesmo tempo, transparecia sua raiva:

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