Capítulo 13 - A Queda

34 4 90
                                    

✨️✨️✨️

   Horas se passaram...

   Sentado em uma cama magra, em um cômodo pequeno, mas confortável, o príncipe aguardava Daria chegar em seus aposentos. A porta rangeu e, ao entrar, a capitã ofereceu-o um gole de vinho, mas tal oferta foi recusada pelo cansado príncipe que não estava em condições para isso.

   Sujo pelo tempo que ficou nas ruas, sua barba havia crescido um pouco, o deixando com uma face desamparada. Os cabelos batendo na altura de sua nuca, exalavam um odor terrível. Suas roupas, tão empoeiradas, eram estampadas pelo suor seco de tanto tempo que andou pelos cantos obscuros de Klank.

   - Tem certeza que não quer?

   - Só quero o que pedi para você...

   - Você precisa de cuidados - alertou.

   - Eu preciso... de um lugar calmo para... meditar.

   - Já encontramos um lugar... Mas nessas condições é impossível que você consiga, se quer, se concentrar para meditar.

   - Me leve até lá, capitã - desanimado era o tom de sua voz por conta do quão fraco estava. Do quão sujo se encontrava. Mas determinado estava com seu objetivo.

   - Esteja ciente que precisamos de você para o plano funcionar - preocupada, disse: - que você se proteja, príncipe. Vamos - abriu mais a porta, gesticulando com a cabeça para partirem.

   Do lado de fora, em cima de seu médio cavalo marrom, Daria pediu a seus subordinados que colocassem Malkiur sobre a traseira do animal. Pelo o quão fraco estava, seria provável que não conseguisse subir.

   Com o príncipe no cavalo, galopou para o oeste do castelo. Ao passarem pela floresta negra que abrangia toda a região ao redor de Dogfall, eles depararam-se com um pequeno morro vivido de flores e limpo de gramados altos e árvores. O solo, assim como em toda Dogfall, era colorido com um roxo bastante escuro, quase morto. Malkiur, mesmo não achando um local muito agradável, quisera ficar e meditar por lá.

   Daria o desceu do cavalo e, sendo segurado por de trás dos sovacos, foi sentado ao pico do morro.

   Olhava para o horizonte de forma que seu olhar perdia o propósito. Vazio. A mente, sem pensamentos. Querendo ou não, Malkiur estava em sua essência. Ausente de todas as emoções e sentimentos que poderia se ter em uma situação tão deplorável como a que se encontrava. Estava em paz, mesmo que seu corpo dissesse o contrário.

   - Meu braço direito, Mundus, o trará alimento, água, o que precisar - abaixou-se, levemente, colocando a mão sobre o ombro do príncipe.

   - Não espere que eu volte vivo ou morto daqui, capitã.

   - O quê? - exclamou. - Você... Isso não é uma tentativa de suicídio, é? Você não vai se matar, Malkiur! Tem coisas mais...

   - É uma possibilidade - interrompeu-a. - São... duas possibilidades.

   - Não, é claro que vai sair vivo daqui; eu não vou sentenciar você a morte, nesse lugar tão... pavoroso!

   - Por que se preocupa tanto comigo? Faz horas que nos conhecemos... Tem... algo que queira me contar?

   - É por que... - lambeu os lábios ressecados, desviando o olhar - você é a nossa única esperança - seus olhos entristeceram-se. - Meu pai, o ex-capitão, almejava salvar esse mundo de todo o caos que um dia foi instaurado pela Hermeas. Ele se juntou a Guilda dos Ladrões da Lenna por esse objetivo. Era um homem justo, que gostava de agir em uma vida ilegal, mas odiava viver vendo injustiça. Parece contraditório, mas te garanto que, no caso dele, não era. Infelizmente, a irmã da Lenna... não teve piedade com meu pai. Ele era o pilar de poder da guilda, assim como eu sou agora. Um pilar de esperança, não deve ser descartado como nada. Você... não deve se descartar, Malkiur. Só... - virou-se de costas - saiba o que está fazendo; pelo bem de Thern.

O Mais HonradoOnde histórias criam vida. Descubra agora