Capítulo 15 - Proteção

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   A lâmina começou a se tremer. Depois, começou a girar em trezentos e sessenta graus, de forma imparável, em torno do próprio eixo. Tão incontrolável estava que a adaga escapou da mão de Lenna, furando o solo em alta precisão e velocidade. De um lado ao outro, sem se importar com o que estava pelo caminho.

   - Pare - ordenou Lenna à adaga, pondo sua palma à frente. A adaga parou. - Avance - virou os olhos para Hermeas, mudando a direção do objeto.

   A adaga disparou a caminho da deusa. Formando por trás daquele objeto afiado, um tsunami de concreto que era levantado aos céus, impulsionado para frente pelo poder lunar que carregava a lâmina.

   Hermeas não conseguiu reagir a tempo e teve, instantaneamente, seu braço fatiado pela adaga e seu corpo esmagado pelas rochas, rolando junto delas para o final da rua. Levantando-se, com a mão sobre o rosto, ela o curou e lançou algo invisível em direção a Lenna com sua outra mão.

   Depois do ataque, a assassina notou ventanias sendo puxadas para trás em um ponto do espaço à sua frente, a caminho de seu rosto. Logo, estalou os dedos e a adaga retornava para si. Hermeas regenerava o próprio braço, mas a adaga o partiu novamente, deixando a deusa frustrada.

   Quando retornou para a mão de Lenna, a adaga partiu ao meio o ataque invisível que vinha ao seu encontro. O poder explodiu em todas as direções. Era uma esfera preenchida de uma alta pressão gravitacional nociva. Pressão essa que seria capaz de quebrar ossos só pela força que o impacto exerceria em um corpo.

   Hermeas regenerou seu braço com mais velocidade que antes e, aproximando as palmas de suas mãos, a deusa bateu-as duas vezes, rapidamente. Monstros cúbicos de pedra surgiram aos seus respectivos lados. Eles se abaixaram e abriram as bocas para o céu. Delas, saíram pelicanos bizarros que voaram e se espalharam ao redor de Lenna. 

   A assassina matou alguns que pairavam perto o suficiente para serem abatidos, entretanto, de suas carcaças nasciam larvas que tornavam-se pelicanos ainda mais bizarros em questão de segundos. Suas bocas eram extremamente abertas, as papadas flácidas e largas. Quatro olhos abriam-se em torno das cabeças e as penas ficavam arrepiadas. Sua coloração esverdeada, em contraste com um rosa gosmento, causava grande ânsia de vômito só por olhar.

   Vendo que criou uma nuvem de pelicanos acima de si, Lenna jogou sua adaga giratória para cima, fatiando vários e derramando o sangue musgo daquelas criaturas pelo solo.

   Um pelicano vinha pela esquerda e logo foi segurado pelo pescoço e morto apenas com o uso do polegar da assassina, que acertou um ponto vital da ave. Outro, que abrira a boca pela direita, teve sua língua arrancada por Lenna; em seguida, o bico foi fechado e com um soco foi destroçado. Ao olhar para cima, deparou-se com um pelicano domando sua adaga com apenas a boca. Os espertos pelicanos designaram um escolhido para tentar controlar o uso da arma; por azar, esse pelicano aprendeu facilmente a manuseá-lá. Logo, virou-a em direção de Lenna e mergulhou sem pensar duas vezes, enquanto toda a revoada cantava ao seu clamor.

   Utilizando sua mão, Lenna tentava tirar a adaga do pelicano, mas tanta força era aplicada que o cabo da arma acabava girando em conjunto da lâmina; fazendo, assim, o pelicano girar em torno do eixo da adaga, mas bem mais rápido e potente do que qualquer coisa já vista. Lenna chegava a suar. Seu cenho firmava-se e seus olhos concentravam-se cada vez mais. De repente, juntou as palmas das mãos, deixando todos os dedos virados para o pelicano. Jogou, ainda juntas, as mãos para trás e depois para baixo, na angular. Cortando o ar no processo.

   Ao meio, um corte denso foi aplicado no pelicano. Como sua velocidade estava incalculável, ao ser cortado, suas partes voaram como discos imperceptíveis que partiram muitos de seus parceiros em pedaços. Outros quatro cortes densos foram aplicados em seguida. O céu tornou-se vermelho e corpos caíram sobre Lenna, junto de todo o sangue que revestiu sua pele e roupas.

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