Capítulo 10 - O Iluminado

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   Puxando a corda sanguínea para a direita, a lâmina fatiou o pescoço de Malkiur. Ele se impulsionou para trás, estancando o sangue com uma mão, e pusera a outra com a palma virada para Jenny. Um raio amarelo brilhante foi canalizado e lançado na feiticeira, que conseguiu escapar, porém, perdeu parte das pontas de seus cabelos.

   Pulando pelo lado do príncipe, Jenny armou seu punho e tentou o desferir nele. Malkiur segurou o soco e logo revidou com um mais potente. A feiticeira sentiu sua cabeça tremer, acompanhado de um zumbido estrondoso. Enquanto caia no chão, Jenny espirrou sangue e seus olhos viraram-se para dentro do corpo. Bateu com a testa no solo e ficou estirada nele. O sangue de sua cabeça começou a espalhar-se e se transformar em uma grande poça vermelha.

   O príncipe começou a sentir todos os cortes e machucados que residiam em sua carne. Sua mente e corpo estavam interligados de novo, mas isso o causava grande irritação e dor - além de dificultar seu raciocínio. Ofegante, questionava-se sobre a definitiva morte da feiticeira. No entanto, Malkiur lembrou-se de algo que fez seu coração dar uma forte palpitada.

   A poça de sangue que se espalhava, estava sendo sugada de volta para dentro do corpo de Jenny. De repente, suas costas ergueram-se igual uma parede, porém suas pernas continuavam deitadas. O som do osso deslocando foi ouvido; parecia que ela estava invertebrada. O som de um estralar de ossos foi escutado saindo de seu pescoço, e logo ela virou a cabeça em cento e oitenta graus. A borda de seus olhos transbordava linhas de sangue; ao redor da íris, a esclera havia sido preenchida com parte do vermelho. Todos os poros transbordavam o sangue fresco. As veias transpareciam na pele pálida. Ela sorria com os olhos fixados em Malkiur - a cena de terror sangrenta o deixava aflito.

   A feiticeira se levantou, ainda com sua cabeça virada e disse, com sangue rasgando toda sua garganta:

   - Magia estilo: Sangue - remexeu os braços, tentando recuperar o controle deles - Lignum Vitae: Mundus Mortuorum! - exclamou, retorcendo todo seu corpo para frente.

   Uma árvore com a silhueta vermelha, ergueu-se para fora do solo. Suas folhas eram acinzentadas. Os galhos negros, junto do tronco robusto. O ar dissipava-se com tamanha agressividade. A presença tenebrosa que exalava, fazia o príncipe se sentir pequeno. Mas, mesmo assim, ele ainda conseguia abrir um sorriso despreocupado em frente aquela presença sombria. A feiticeira correu em sua direção e ele a aguardou se aproximar para ficar no raio de ataque do poder da lótus-azul. Ao iniciar a recitação do poder, sua voz falhou e cuspiu sangue em abundância. Quando menos percebeu, Jenny utilizou de seu sangue cuspido ao ar para canalizar uma esfera sanguínea de aura carmesim reluzente na ponta do dedo indicador, que estava em frente a sua face.

   Malkiur desviou para o lado e a esfera foi lançada como um tiro de uma arma. Sacou a espada com a mão direita, desferindo um golpe angular de baixo para cima nela. Entretanto, a velocidade de Jenny estava fora do comum; ela saiu do campo de visão do príncipe antes que a espada pudesse feri-la. E tentou acertá-lo de todas as formas, indo de um lado para o outro incessantemente. Malkiur, tonto pelo sangue já perdido e pela velocidade da feiticeira, confundiu-se brevemente e teve sua nuca fatiada pela espada de Jenny. Ele caiu para frente e, pressentindo que Jenny o daria um golpe fatal, ergueu sua mão para o lado de sua cabeça, deixando a palma amostra para trás. Jenny pulava para cima de Malkiur salivando, quando, de repente, a parte esquerda inteira de seu rosto foi obliterada pelo brilho concentrado que vinha em sua direção. Ela caiu ao lado de Malkiur e rolou metros à frente.

   Enquanto o duelo ocorria, Sofia refletia enquanto os observava lutando com o corpo de Daemon em seus braços:

   Como... eu queria estar lutando agora.

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