Capítulo 22 - O Honrado

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A assassina, tomando a responsabilidade, pusera-se a frente de todos ali presentes; desafiando, com seus olhares firmes, os olhos sanguinários de Jenny. Ela sacou a adaga de seu bolso, estalou os dedos de sua outra mão, fazendo se erguer o sombrio grimório que carregava. A feiticeira do sangue, com um sorriso transbordando o vermelho de suas bordas, ansiava pelo momento que tanto aguardava entre as duas. Em seu auge, confiava que não seria derrotada como antes foi. As suas vestes tinham o contraste de preto e os detalhes vermelhos. Um manto fantasioso - mangas longas e um sobretudo esguio. A pele extremamente pálida, como se nenhuma vida ali tivesse. Havia uma maquiagem por entorno de seus olhos - maquiagem que não passava de sangue seco. Os olhos, que antes eram azuis, agora estavam tinham a cor carmesim impregnada. Um demônio horripilante, que parecia ter saído da camada mais funda de Naraka, o mundo dos mortos.

O sangue desceu pelo seu queixo, e com o dedão, a feiticeira limpou o rastro do vermelho. Lambeu os lábios, fechou os punhos; dobrou os pulsos e levou-os para si. Jogou-os para baixo no movimento de esticar os braços, assim, de seus antebraços, estacas firmes de sangue saíram de dentro para fora. Imediatamente, como um animal, impulsionou o corpo em direção de Lenna, faminta para matá-la.

- Vão, me deixem com ela! - gritou Lenna. Fortunato confiava em sua comandante o suficiente para deixá-la. Os monges, mesmo se ela não dizesse nada, iriam deixá-la, pois, a única prioridade naquele momento, era Malkiur. Assim, eles se dissiparam por detrás da assassina antes da feiticeira chegar em Lenna.

Ela desviou de Jenny antes de um choque entre ambas. O duelo emergiu-se nas estacas de sangue da feiticeira mordiscando a adaga da assassina - que a destreza tentava se igualar a de Jenny. Enquanto Lenna se defendia de uma estaca, fora acertada por outra, atingida de raspão na barriga. Impulsionou o corpo para trás e seus pés derraparam contra o impulso. Na beira do penhasco cavernoso, estava de costas para o lago luminoso do abismo. Jenny avançou; as lâminas de suas armas se chocavam; faíscas de choque, como fogos de artifício, dançavam junto do movimento delas.

O grimório - que contornava Lenna como a lua rotaciona ao redor do sol - abriu-se e luz própria emanou dele. Uma energia lunar fora transferida para o corpo de Lenna, incandescendo seus olhos. Sua velocidade havia aumentado, e assim cortou a boca de Jenny com uma investida. A feiticeira vacilou em sua postura e não demorou segundos até que Lenna fincasse a adaga no peito de Jenny. Do buraco criado pelo objeto, tentáculos de sangue emergiram, expulsaram a adaga e voaram até Lenna, a segurando pelos braços e pernas - crucificando-a sob o abismo. De repente, a perna de Jenny fora coberta por algo e puxada para trás, a fazendo cair de frente ao solo. Lenna fora solta pela desfoco da feiticeira; e se não se pendurasse na borda do penhasco cairia no abissal lago reluzente abaixo de si. Jenny olhou sua perna direita e um cordão de grandes moedas de ouro a envolvia. Fortunato não fugiu como os outros, e decidiu ajudar sua comandante, mesmo sabendo que a rixa entre as irmãs não coubesse a ele ter envolvimento.

Os tentáculos se envergaram para trás, em direção do assassino. Com um braço, Fortunato puxou o cordão para si, decepando a perna de Jenny. A feiticeira gritou, regenerou a perna em questão de segundos e levantou-se subitamente. Pusera as palmas das mãos viradas uma contra a outra, na horizontal. No meio, uma bola de sangue criou-se do nada. Uma gosma que estava instável, oscilante por um fogo vermelho. Esmagando-a, as chamas e o sangue vestiram as palmas de Jenny. Tornando seus dedos afiados e nocivos. Em uma posição marcial, partiu para cima de Fortunato. Ela acertou-o no peito com a direita, depois golpeou-o no queixo para cima com a esquerda. Com o pescoço dele amostra, segurou-o com seus dedos flamejantes e dilacerou-o. O corpo de Fortunato estirou-se sobre o solo.

- Será, eu: uma divindade ou um demônio? - questionou-se rindo, e virou-se para Lenna. - É sério que é isso que vocês chamam de ataque? - gritou, empolgada. No entanto, sua irmã já não estava mais atrás dela. Quando se virou para frente, viu-a fugindo pela entrada da caverna. - Como sempre: covarde! Isso mesmo, foge; eu vou caçar você, não importa onde esteja! Não vai fugir!

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