Capítulo 6 - Ela quer que eu fique

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POV JENNA

Assim que entro, o corredor está apinhado de gente que não conheço, e sinto minhas mãos encharcarem de suor.

A vontade de fugir é forte, mas me lembro: Ater-se ao plano. Pegar uma bebida.

Fingir que pertenço a este lugar.

Encontrar Emma.

Aí, esperar que ela também esteja sozinha, em busca de uma pessoa conhecida para conversar. Quer dizer, só se passou um dia. Ela não pode ter feito tantos amigos, né?

Fico atenta ao ambiente enquanto vou me enfiando no meio da multidão, reparando onde é o banheiro, para o caso de precisar de um segundo de solidão.

Abro caminho até a cozinha, pego um copo de plástico vermelho e o pressiono contra o dispenser de gelo da geladeira enquanto analiso as opções de bebida: um barril de cerveja, um engradado meio vazio de Mike’s Hard, três garrafas de Fireball e umas latas de Coca-Cola. Levo um minuto para notar que não está saindo gelo.

- Tá quebrado - diz um garoto grande e suado, aparecendo atrás de mim com um copo cheio de um líquido marrom que provavelmente não é refrigerante.

- Aqui. Tem que…

Ele abre a porta do freezer com a mão livre e saio do caminho com um pulo quando ele tira uma machadinha de verdade de trás.

Horrorizada, vejo ele retalhar o gelo, a bebida derramando do copo no meu braço antes que eu tenha tempo de escapar. É. Definitivamente não é refrigerante.

- Hm, valeu - digo quando ele pega um pedaço de gelo com as mãos e solta no meu copo.

Ele grunhe, joga a machadinha outra vez atrás do freezer e vai embora a passos largos, como se nada tivesse acontecido.

Eu me encaminho para o “bar”e me sirvo de Coca-Cola. Ninguém precisa saber que não tem álcool no meio. Acho que esse não é o melhor momento para minha primeira bebida.

Atravesso a outra porta da cozinha e chego ao que provavelmente era uma sala de jantar, onde instalaram uma mesa de plástico para jogar beer pong.

Sempre ouvi falar que Emma mandava muito bem no jogo, então parece o melhor lugar para esperar por ela e me misturar ao ambiente ao mesmo tempo.

Encontro um espaço vazio perto da parede e tento fingir que estou fascinada pelos quatro caras que jogam bolinhas em copos de um lado para o outro.

Chega a doer observar eles fazerem aquilo, quando poderiam usá-las para o que realmente servem. O belo jogo de pingue-pongue.

Olho de relance para o garoto ao meu lado e reconheço seu rosto.

- Oi - digo, encarando os olhos castanhos de Georgie Farmer.

É estranho. Nunca dirigi a palavra a ele, mas, aqui, tão longe de casa, cercada por desconhecidos, a presença dele me acalma um pouco.

- E aí. Georgie - diz, se apresentando, como se eu não tivesse passado quatro anos sentada na carteira na frente da dele na escola. Estou prestes a dizer “Eu sei”, mas engulo as palavras.

- Jenna - respondo, sentindo que acabei de levar um soco no estômago.

Tudo piora a partir dali.

Quando volto a olhar para o jogo, um borrão branco voa na minha direção. Eu poderia me abaixar. Poderia levantar a mão para bloquear. Mas não faço nada disso.

Quinze pares de olhos veem uma bolinha de pingue-pongue quicar bem no meio da minha testa e cair no meu copo.

- Foi mal - berra um cara do outro lado da mesa.

Ela fica com a garota (Jenna/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora