POV JENNA
Na semana seguinte, estou na fila para comprar um lanche e um chá quente na barraquinha de café do térreo da Biblioteca Carnegie quando uma silhueta de capuz preto fura a fila exatamente na minha frente.
Encaro a pessoa, minha raiva queimando o moletom dela enquanto pega um suco de laranja e um bagel de canela embrulhado em plástico na vitrine refrigerada.
Ei, cara, tem fila aqui.
Abro a boca para reclamar, mas decido deixar para lá. Não adianta brigar por uma coisa dessas, especialmente no meio da biblioteca.
- Você vai me deixar furar a fila assim? - pergunta a pessoa encapuzada, em uma voz que conheço até demais.
- Meu Deus do céu. Você não tem mais ninguém para perturbar? - pergunto quando s/n se vira para mim.
- Sabe, já pode parar de fingir que não gosta de mim.
Ela abaixa o capuz, abrindo um sorriso que diz que se acha superengraçada por aparecer desse jeito.
- Pode deixar - respondo, seca, escolhendo um biscoito amanteigado embalado na cestinha de vime em cima da vitrine.
- O que você está fazendo aqui? Além de me encher o saco.
- Ai. Ela faz uma careta, levando uma mão ao peito antes de me mostrar o livro que carrega debaixo do braço.
- Sobre o que é? - pergunto, virando a cabeça de lado para analisar o livro de fantasia de mais de mil páginas.
- Ainda não sei - diz s/n, dando de ombros e colocando o suco e o bagel no balcão, na frente do caixa - Acabei de pegar em uma estante no último andar.
- Você pegou um livro qualquer de uma estante qualquer e vai ler sem fazer ideia do que se trata? - pergunto, incrédula.
Ela dá de ombros de novo.
- A graça não é ler e descobrir?
Ela paga o lanche e se afasta, abrindo espaço para eu fazer o mesmo.
- Pode me ver um chá Darjeeling médio, por favor? - peço ao caixa, e volto a atenção para s/n, que está abrindo a embalagem do bagel com os dentes, que nem um animal.
Olho de novo para o livro, cuja capa desbotada tem uma ilustração de cavaleiros e criaturas míticas, todos enroscados sob um céu verde.
Parece algo que meu irmão gostaria, mas definitivamente não é meu estilo.
- Parece… interessante - digo.
- Sua mãe nunca te ensinou a não julgar livro pela capa? Falando nisso, já pegou o número da Emma?
- Por que é “falando nisso”? - pergunto, olhando ao redor enquanto pego o chá no balcão, antes de arrastar s/n para um canto mais isolado - O que seus hábitos bizarros de leitura têm a ver com a Emma? E você pode, por favor, parar de gritar o nome dela em público?!
- Bom, você gosta dela porque a capa é bonita - diz s/n, como se fosse a resposta mais óbvia do mundo.
Ela deve notar meu olhar de confusão, porque finalmente acrescenta:
- Ela é gata, né?
- Não. Quer dizer, sim, mas não é… Eu gosto dela, de tudo nela.
- Bom, você não sabe disso de verdade. Assim, você mal trocou duas palavras com ela.
- Troquei, sim.
Sinto que estou me chateando.
- Estudei com ela na escola por quatro anos - acrescento.
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Ela fica com a garota (Jenna/you)
Teen Fictions/n e Jenna não parecem fazer parte do mesmo planeta, que dirá do mesmo campus da faculdade. Mas quando s/n, depois de um término péssimo (mas com sorte não permanente), descobre a paixão escondida de Jenna, elas percebem que têm um interesse em com...