POV S/N
Corro escada acima o mais rápido possível.
Dou a volta no corrimão, me sentindo tonta, empurro a porta do apartamento e quase trombo com tudo na Maddie.
- Tudo bem? - pergunta ela, com pote de macarrão instantâneo na mão.
- Você parece um pouco…- hesita, me olhando de cima a baixo - Transtornada.
Transtornada?
s/n s/s não fica transtornada.
Muito menos por causa de Jenna Ortega.
- É, não, estou super de boa - digo, soltando uma gargalhada esquisita no caminho para o quarto - De boa na lagoa! - acrescento, fechando e trancando a porta.
Eu me encosto na porta e deslizo até o chão.
Que porra foi essa?
Fecho os olhos com força, os apertando com a palma da mão, mas ainda vejo o rosto de Jenna pintado sob minhas pálpebras, avançando devagar, a boca tão próxima que dava para…
Afasto as mãos e sacudo a cabeça, fazendo a imagem sumir.
- Fala sério, s/n. Não vamos exagerar - murmuro, esticando as pernas na minha frente, batendo os sapatos.
Assim, não beijo ninguém faz um mês. É quase um recorde! Não é surpresa que esse fingimento todo tenha mexido comigo.
Mas meu cérebro não para de reprisar. A pista de patinação, o perfume floral, as mãos dela nas minhas. A biblioteca, os olhos castanhos na luz suave, a expressão me dando um frio na barriga.
Não parecia fingimento.
- Merda.
Deslizo mais um pouco, até deitar completamente no chão acarpetado. Vejo a luz dos faróis de um carro lá fora dançarem pelas lajotas do teto, meu coração martelando sob o tecido da camiseta.
Estou a fim da Jenna.
O pensamento me vem do nada, inicialmente chocante, mas aí…
Continua se repetindo, sem parar, encontrando a verdade assustadora nas palavras.
Eu estou a fim da Jenna.
Jenna, que marca de patinar no primeiro encontro.
Jenna, que nem consegue chamar uma garota para sair.
Jenna, que se veste que nem uma mulher de sessenta anos.
Solto um gemido e me viro de lado, encolhendo as pernas quando pensar nas roupas me leva à sra. Ortega, seu rosto sorridente e cabelo curto e grisalho. A expressão de amor quando olha para Jenna. A piscadela conspiratória de quando nos conhecemos. O quanto ela me odiaria quando eu inevitavelmente magoasse Jenna, porque aparentemente a Camila está certa.
Camila.
A garota com quem eu tenho uma história. Que disse que me ama, apesar de todos os motivos para não amar. A garota pela qual passei o último mês me esforçando para cacete para provar que posso ser uma boa pessoa.
Que posso ser sincera, honesta e me abrir.
Só que… tudo que fiz foi me abrir para a pessoa errada.
É que, pela primeira vez, não me senti claustrofóbica e horrível. Foi tão fácil. Hoje, na biblioteca. Duas semanas atrás, no alojamento.
Sinto meu estômago afundar até o chão, e puxo um fio solto do carpete.
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Ela fica com a garota (Jenna/you)
Teen Fictions/n e Jenna não parecem fazer parte do mesmo planeta, que dirá do mesmo campus da faculdade. Mas quando s/n, depois de um término péssimo (mas com sorte não permanente), descobre a paixão escondida de Jenna, elas percebem que têm um interesse em com...