POV JENNA
Quando acordo no dia seguinte, com os olhos inchados, parte de mim chega a acreditar que vou pegar o celular e encontrar uma mensagem de desculpas me esperando.
Que burrice.
Largo o celular de volta na cama e, pela primeira vez em muito tempo, observo o horror que um dia foi meu quarto.
Minhas roupas estão por todo lado, camisas jogadas no chão, calças largadas na cama. Meus livros e fichários, espalhados pelo chão, misturados a meias sujas.
Eu ando tão envolvida com s/n, Emma e o plano, que não tinha nem notado o estado da coisa. A Jenna da escola teria um AVC se visse isso.
Passo as horas seguintes guardando tudo no lugar, como era. Como deveria ser.
Uma pontada a mais de tristeza me atinge enquanto dobro a pilha de moletons que s/n destruiu antes de irmos ao shopping.
Normalmente, isso ajuda. Faxina costuma ter um efeito medicinal em mim, mas, quando acabo, me sinto até pior, porque passei o tempo todo pensando em como as coisas acabaram com a s/n ontem.
Pego o celular, o dedo hesitando sobre o contato da minha mãe, mas me interrompo. Faz duas semanas que praticamente ignoro ela. Que mensagem passaria se desistisse e ligasse agora, quando tudo foi por água abaixo?
Ela vai achar que preciso dela do jeito que precisava antes, e não é isso que quero, mas preciso me distrair. Preciso sair do quarto. Então decido dar um pulo na casa do Hunter.
Quando chego, ele pausa o documentário que está vendo na Netflix, e me largo ao lado dele no sofá.
- E aí? - pergunta ele.
- Nada. Precisei sair um pouco do quarto. Acabei de fazer faxina, porque tinha meio que explodido. Tinha coisa pra todo lado - respondo.
- Sério? Você é sempre tão… organizada.
Penso na minha maquiagem, que estava espalhada pela mesa por causa das duas horas que tinha levado para me arrumar antes da patinação e, de novo, antes do show.
- É, bom, pela primeira vez eu tinha alguma coisa a fazer além de faxina.
Rio de mim mesma, pateticamente.
- Como foi o show? - pergunta ele.
- Bom.
- Como vai a Emma?
- Bem.
- E a s/n?
- Bem - repito.
- Então tá tudo bem, né? - pergunta ele, nitidamente reparando no meu tom.
- Na verdade, não - respondo, deixando a tristeza tomar minha voz, me encolhendo no sofá.
- O que aconteceu? Qual foi o problema?
- A s/n acabou se mostrando meio escrota, afinal.
Conto o que aconteceu ontem, o que ela disse depois do show.
- Bom, talvez você deva conversar com ela. Parece que as coisas estavam bem tensas com a namorada. Talvez ela não quisesse…
- Não vou conversar com ela, Hunter. Fui só um projeto idiota. A gente não é amiga. Não é nada. Já era - respondo, lágrimas enchendo meus olhos enquanto tento engolir a frustração - Eu nunca devia ter seguido seu conselho. Nunca devia ter ido àquela festa idiota.
- Jenna, fala sério. Você não acredita nisso. Para de ser tão dramática - diz ele, com uma honestidade carinhosa conhecida, que me lembra outra pessoa, e que acho que ele não teria dito um mês antes.
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Ela fica com a garota (Jenna/you)
Teen Fictions/n e Jenna não parecem fazer parte do mesmo planeta, que dirá do mesmo campus da faculdade. Mas quando s/n, depois de um término péssimo (mas com sorte não permanente), descobre a paixão escondida de Jenna, elas percebem que têm um interesse em com...