Capítulo 26 - Me convida pra sair

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POV JENNA

Ainda flutuando depois de ver Emma arrasar no campo de rúgbi ontem, acompanho o grupo de alunos que atravessa o pátio até vislumbrar o que era o bulevar Bigelow e agora virou uma feira.

Já sinto o cheiro de comida enquanto caminho pela grama, e vejo uma mulher pendurada em duas fitas compridas de tecido presas a um mastro de quase cinco metros de altura bem na frente da Catedral.

Um cartaz enorme está pendurado em uma estrutura de metal, dizendo BALBÚRDIA BIGELOW, um evento que acontece todo ano na Pitt.

Há um oceano de universitários suados, todos amontoados às mesas de piquenique armadas no meio da rua.

Dos dois lados das mesas, umas trinta barracas brancas oferecem amostras grátis e vendem arte.

Na outra ponta da rua, as carrocinhas de comida estão enfileiradas ao longo das barreiras de madeira instaladas para impedir a passagem dos carros.

O celular vibra na minha mão e, quando o levanto, vejo que é minha mãe, ligando pela segunda vez hoje. Conversamos por alguns minutos de manhã, mas ela começou a fazer todo tipo de pergunta sobre Emma e se a gente já tinha “se conectado”.

Parece que ela acha que é esse o único motivo para eu estar ocupada. Tentei mudar de assunto, falar da comida no campus, mas também não foi bom.

Quando mencionei que ia ter barraca do Taco loco, praticamente escutei a careta que ela fez ao me dizer para tomar cuidado com o que ia pedir, porque “nunca se sabe o que eles colocam naquelas coisas”.

Que coisa escrota de se dizer.

Não que eu já não tenha ouvido ela falar coisas do tipo antes. Meu sangue estava praticamente fervendo, então interrompi a conversa bem rápido.

Como não quero encarar uma segunda rodada, mando a ligação direto para a caixa postal.

Sigo na direção da comida, onde tem muito menos gente. Não estou interessada nas barracas nem na mulher se retorcendo nas fitas.

Estou aqui para ver…

Aquilo.

s/n está pendurada para fora da janela de um food truck preto no fim da fila, o gerador soltando um ronco alto, fazendo força para sustentar tudo.

Não está muito cheio, só tem umas duas pessoas na fila.

Quando ela me falou que ia trabalhar na Balbúrdia Bigelow de hoje, precisei ver ao vivo. Além do mais, ela me prometeu um sanduíche de graça se eu aparecesse no fim do turno.

Cheguei cinco minutos mais cedo, então pego um lugar no meio-fio para ver s/n trabalhar.

Ver ela servindo o público assim me faz rir.

Quer dizer, eu não esperava nenhum glamour, mas parece ser bem difícil, na verdade.

Pelo suor brilhando no rosto de s/n, eu diria que faz ainda mais calor lá dentro do que parece.

E o chefe dela tem cara um pouco mais grosseira do que ela expressou. Eu o vejo pular dos fundos da van, acender um cigarro e basicamente soprar a fumaça bem na cara de um cliente que acabou de pegar a comida.

Volto a olhar para s/n, que está com o rosto paralisado em um sorriso muito falso de atendimento ao cliente, e sorrio.

Os fregueses provavelmente não sabem que é falso, mas eu sei.

Nessas últimas semanas, aprendi a lê-la muito bem.

Eu a vejo pegar o pedido de um veterano no balcão e pedir o nome dele. O cara enfia a mão no bolso de trás da calça jeans e tira o dinheiro.

Ela fica com a garota (Jenna/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora