Capítulo 31 - Fazendo a coisa certa

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POV S/N

Tento não derrubar a bebida que acabei de pegar em um milhão de pessoas até finalmente encontrar Jenna, encostada na parede preta perto da entrada do banheiro.

- Cara, o que você tá fazendo? - pergunto, apontando com o polegar para o canto do bar, onde deixamos Emma e Camila - Você não pode largar a garota que tá te acompanhando. Não te ensinei na…

- Não gosto dela - diz Jenna, interrompendo a frase.

A expressão dela está mais séria que já vi, as sobrancelhas escuras franzidas.

- Emma? Como assim, não gosta dela? - pergunto, tentando entender onde essa conversa pode estar indo parar.

Elas passaram o show todo da Cereal Killers flertando.

- Não. Camila.

Olho para ela, incrédula.

- Como assim? Você nem conhece ela?

Jenna se aproxima mais, sem sinal de timidez.

- Conheço o bastante para saber que você merece mais do que aquilo. Muito mais.

- Do que você tá falando?

- Não gostei de como ela te trata - diz Jenna, cruzando os braços no peito.

Sacudo a cabeça, soltando uma gargalhada, mesmo que nada daquilo seja engraçado.

Uma vaga lembrança das últimas semanas, de Camila me ignorando e desligando na minha cara, me vem à mente, mas ignoro.

Tenho que me manter firme.

Não vou fugir agora.

- Bom, se esse mês me ensinou alguma coisa, é que você não sabe porra nenhuma sobre relacionamentos, Jenna - digo, avançando um passo, olhando para ela de cima - Afinal, você nem consegue chamar uma garota para sair sem instruções detalhadas.

Jenna se encolhe um pouco, mas não recua.

- Sei como deve ser um relacionamento saudável, s/n, mesmo que eu não tenha experiência. E não é assim.

- Bom, perdão, mas não é todo muito que foi criado por uma família perfeitinha, com casinha de cerca branca, dois filhos e um cachorro, e uma mãe presente - digo, a analisando, da expressão determinada no rosto às mãos apertadas em punhos pálidos - Por que você se importa? Já conseguiu sua menina dos sonhos.

Ela aperta mais os punhos, tensiona o maxilar, frustrada.

- Porque estou tentando te ajudar, s/n, mesmo que você tenha me ignorado a noite toda. Você é minha…

Não deixo ela acabar. Não quero ouvir ela falar “amiga”, por muitos motivos.

- Bom, a gente já acabou de se ajudar, né? Você tá com a Emma. A Camila voltou. O plano acabou, se é que existiu. Sabe, eu só inventei essas etapas todas, de tanto que você precisava? Quem liga para a merda da quinta etapa, afinal? - digo, gesticulando entre nós, eu e ela, nós - A gente não precisa mais fazer isso.

É então que as palavras escapam da minha boca antes que eu possa contê-las.

As palavras que não posso retirar.

- A gente não precisa fingir que se importa uma com a outra.

Imediatamente, vejo que atingi o alvo.

E é ainda mais horrível do que eu teria imaginado, ver o pedacinho do coração de Jenna no qual consegui encontrar um lar no último mês se estilhaçar.

Ela fica com a garota (Jenna/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora