Capítulo 15 - Em busca do momento ideal

334 69 4
                                    

POV S/N

Não existe comida mais gostosa que comida grátis.

Olho maravilhada para os bufês variados instalados pelo carpete escuro e estampado, o cheiro de ovos, linguiça e rabanada passando por mim como uma nuvem.

Por onde começar? Será que cereal, e depois ovos? Bagel com cream cheese? Talvez fruta para equilibrar os donuts de…

- Você está atrasando a fila - diz Jenna, me empurrando para a frente, e o grupo de universitários famintos atrás dela abrem um sorriso de gratidão.

Sigo Joy e Emma, minha cabeça girando enquanto caminhamos pela sala, pegando comida em pratos brancos velhos.

Desvio quando vejo uma área de café e quase derramo na camiseta branca minha xícara perfeita, com leite e duas colheres de açúcar, quando Jenna aparece do nada e agarra meu braço.

- Jesus… - digo, e ela abre um sorriso constrangido.

- Foi mal, eu só…

- Não queria ficar sozinha com a Emma? - concluo, e o silêncio dela me indica que acertei na mosca.

- Jenna. O propósito disso tudo é você conversar sozinha com ela - explico, equilibrando meus pratos para tomar um gole rápido de café - Quer dizer, aqui estou eu, sacrificando meu tempo livre para te ajudar a pegar o número dela…

Ela ergue as sobrancelhas quando puxo um pedaço de bacon de um dos pratos e enfio na boca, mastigando ruidosamente.

- É, parece um sacrifício e tanto - diz ela, antes do rosto ser tomado por uma expressão já conhecida de pânico - O que eu falo para ela?

Dou de ombros.

- Pergunta sobre o dia dela! Como vai a faculdade. Qual é a porra do número dela para o caso de uma emergência biológica.

Paro no meio de uma mordida.

- Você já conversou na vida, né? - pergunto. Com outro ser humano?

Jenna revira os olhos e se serve de café.

Menos, s/n. Vamos aos poucos.

- Olha - digo, cutucando o ombro dela - Isso é supercasual, tá? Estamos só comendo e batendo um papo.

Solto um suspiro demorado e, mesmo que atrapalhe meu plano, digo o que ela precisa ouvir para isso tudo ter alguma chance de funcionar.

- Se você pegar o número dela, pegou. Se não, a gente pensa em outra coisa, tá?

Jenna demonstra alívio.

- Sério?

- Sério - digo, dando de ombros - De boa. Mas, assim, sabe, é para tentar.

Seguimos para uma cabine bordô em um canto, onde Joy e Emma já estão comendo.

- Nossa, eu tava faminta - diz Joy, dando uma mordida enorme na panqueca.

Emma aponta um garfo para o prato de Jenna.

- Fala sério. Tem omelete aqui? - pergunta.

- Hm, tem. Ali no…

Jenna fica vermelha e aponta para um balcão perto da porta, onde se formou uma fila de espera pelas omeletes.

Há espaço para ela falar outra coisa, mas ela não diz nada, e faz-se um silêncio desconfortável. Só se ouve o som agradável de talheres batendo nos pratos.

Jenna me olha, nervosa, e eu tomo um gole de café, limpando a garganta da comida. O que sei que elas têm em comum?

- Ei, Emma - digo, abaixando a xícara - Você pegou Introdução à Ficção?

Ela fica com a garota (Jenna/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora