Capítulo 17 - O destino foi o mesmo

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POV S/N

Tutti Fresh Yogurt é o paraíso na terra.

Fascinada, admiro o bufê gigantesco de opções. Há frutas frescas, massa de biscoito, Oreos, granulados de todas as cores imagináveis.

Meu pote de papel de tamanho único já está cheio até a borda de iogurte, sabor biscoito com creme, e vai acabar transbordando.

Quando chego ao fim, meu braço já está quase doendo de tanto me servir, mas vejo que Jenna só acrescentou uma colherinha de flocos de arroz no iogurte de morango dela, como uma psicopata.

- De tudo aqui, foi isso que você escolheu? - pergunto, sacudindo a cabeça - Não é de admirar que não tenha namorada.

Ela revira os olhos e me dá uma cotovelada, me olhando com aquela cara de "Sério, s/n?"com a qual já me acostumei ao longo das últimas duas semanas.

Só que, agora, tem um leve sorriso no fundo. Vamos até o caixa e pesamos os potes na balança, o meu iogurte provavelmente cinco vezes mais caro que o dela. Pego uma pilha de notas que ganhei das gorjetas do fim de semana, mas Jenna levanta uma das mãos para me interromper.

- Eu pago, já falei - diz, passando o cartão antes que eu possa impedi-la.

Sinto um pouco de culpa, considerando que meu copo é dezoito vezes maior que o dela, então deixo algumas notas de um dólar no pote de gorjetas para o adolescente desinteressado trabalhando no balcão.

Ele grunhe um agradecimento, os olhos concentrados em um vídeo no YouTube a que assiste no celular.

- Não imaginei que você fosse stripper - diz Jenna, quando pegamos as colheres rosa-fluorescente e encontramos lugares perto da vitrine com vista espetacular para uma farmácia, um fast food e uma lixeira cheia.

Rio.

- Você me pegou. Estava pensando em montar uma coreografia para o projeto final de biologia - digo, apontando para ela com a colher - Se quiser, pode trabalhar nas luzes. Fim do semestre? Segunda-feira de madrugada, cedinho? Está disponível?

- Vou ver se encaixo na agenda - diz Jenna, enquanto pego uma colherada da camada de chantilly com granulado colorido, e desenterro o mar de massa de biscoito e pedacinhos de cheesecake.

Cutuco um dos pedaços de biscoito.

- Na verdade, é gorjeta do...

- Ah, espera aí, do food truck! Você conseguiu o emprego?

Os olhos castanhos dela se iluminam, e a empolgação dela, assim como o fato de ter lembrado, me aquece por dentro.

Não comentei do assunto com ninguém, porque Camila passou a semana chateada comigo e minha mãe é... minha mãe.

É bom ouvir alguém com interesse sincero.

Além disso, mesmo se eu pudesse contar para Camila, ela provavelmente acharia besteira. Ela sempre falava assim do meu trabalho no Tilted Rabbit, dizia que queria que eu não trabalhasse atrás do balcão, e sim no palco, em vez de ficar só na plateia.

Às vezes, eu me perguntava se ela sentia vergonha por eu lavar copos e servir bebida em vez de mandar um solo irado no baixo, mas deixo para lá, como sempre fiz.

Ela disse que me ama.

- Isso! Meu chefe, Jim, é... um pouco desajeitado - digo, imaginando ele costurando com o food truck por três vias de avenida, o dedo do meio esticado pela janela, enquanto quico no assento dobrado, como acontece quase toda noite - Mas acho que vai ser bom. Paga em espécie. E trabalho principalmente à noite e no fim de semana, então não fode o horário da faculdade. Além do mais, ainda ganho um sanduíche de bife ou um hambúrguer no fim do turno.

Ela fica com a garota (Jenna/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora