POV S/N
- Foi muito maior que uma pequena reunião - digo para Emma, sentadas no banco do ponto enquanto Joy olha para os horários do ônibus no celular.
Acabou de passar das duas da manhã, e as ruas ao nosso redor estão escuras e silenciosas, exceto por outros estudantes, casais rindo e se agarrando, um grupo de amigos carregando uma caixa de pizza.
- Um pouco, talvez - diz Emma, rindo e pegando meu braço para se encostar em mim, o cheiro de canela do Fireball caindo em mim como uma onda.
Luto contra o impulso de puxá-la para mais perto e deslizo para o outro lado do banco. Joy solta um suspiro e vem até onde estamos sentadas, se largando bem no meio.
- Bom, nos fodemos - diz, guardando o celular no bolso - O último ônibus passou vinte minutos atrás.
Olho para a colina enorme atrás dela, que subimos no caminho. Nem preciso abrir o Google Maps para saber que estamos a no mínimo um quilômetro e meio do meu apartamento, por um caminho sinuoso e mal-iluminado.
Faço uma careta e me viro para encontrar o olhar de Emma por cima dos cachos de Joy. Não estamos na Filadélfia, e não gosto de caminhar de madrugada em um lugar que não conheço nada bem. Especialmente depois de chegar ao meu limite autoimposto de duas bebidas e estar definitivamente meio altinha.
E que mulher gosta?
- Podemos chamar um Uber - oferece Emma.
Um Uber estaria definitivamente fora do meu orçamento. O ônibus é de graça para universitários da Pitt. A esta hora, o Uber vai estar com tarifa dinâmica.
Mordo o lábio e tento me animar para a caminhada inevitável quando um pequeno sedã branco para na nossa frente. A janela desce devagar, revelando olhos castanhos, idênticos aos que estavam na minha frente durante a maior parte da festa.
Jenna. Nunca na vida fiquei tão feliz de ver uma pessoa tão esquisita.
- Oi - diz ela, ajeitando o cabelo castanho-escuro e comprido para trás da orelha.
- Vocês precisam de carona?
As palavras mal saíram de sua boca e já estamos entrando no carro, a enchendo de elogios.
- Você salvou nossa vida! - diz Emma, e Jenna fica levemente corada sob toda a atenção.
Apertamos os cintos e dizemos aonde vamos. Emma e Joy moram juntas no Nordenberg, o alojamento mais chique para calouros no campus. Vi fotos na internet quando me inscrevi; tem máquinas automáticas de lanche no saguão, televisão de tela plana em todos os quartos e ar-condicionado. É o Ritz-Carlton comparado ao meu motel de segunda na rua Atwood.
Acabo enfiada no banco de trás, mesmo sendo no mínimo uma cabeça mais alta que Joy, que pegou o banco do carona. Apoio os braços nos joelhos, gostando da escuridão do carro, da música tocando no rádio e, confesso, de como me sinto depois daquela bebida.
Normal, pela primeira vez desde que fui embora de casa.
Descendo as colinas traiçoeiras para chegar a South Oakland, pego o celular e confiro o Snapchat, atualizando algumas vezes só para confirmar que não é a internet lenta dizendo que Camila ainda não respondeu.
Ela abriu a mensagem do Cheetos quatro horas atrás e não mandou mais nada. Ótimo. Levanto o olhar quando o carro começa a desacelerar e vejo o prédio de muitos andares de vidro reluzente e tijolos que só pode ser Nordenberg aparecer lentamente.
Mesmo com as latas de cerveja espalhadas na rua e as caixas de pizza transbordando das lixeiras, parece um palácio. Acho que vejo uma garota no quinto andar de moletom e cobertor, o ar-condicionado fresco e gostoso no calor do fim de agosto.
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Ela fica com a garota (Jenna/you)
Teen Fictions/n e Jenna não parecem fazer parte do mesmo planeta, que dirá do mesmo campus da faculdade. Mas quando s/n, depois de um término péssimo (mas com sorte não permanente), descobre a paixão escondida de Jenna, elas percebem que têm um interesse em com...