01. Novo integrante.

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VANESSA DUNNE, 10 DE JULHO DE 1987

Acordei com o sol gentilmente acariciando meu rosto, como se tivesse sido convidado a entrar pela janela que eu, mais uma vez, esqueci de fechar. Os raios dourados se infiltraram suavemente no quarto, pintando o ambiente, fazendo-me perceber que um novo dia havia começado. Bocejei e passei a mão por meus cabelos enquanto me virava para encarar o despertador, faltam apenas dois minutos para ser oito horas.

Enquanto os minutos deslizavam, eu fitava o teto com uma sensação de aconchego que me impedia de querer me desvencilhar dos lençóis quentes e macios. No entanto, a responsabilidade chamava, e eu sabia que era hora de enfrentar o mundo lá fora.

Justamente quando a quietude do quarto era interrompida pelo barulho estridente do despertador, que pareceu invadir todos os cantos, reagi com um gesto brusco, batendo no botão do alarme e, relutantemente, erguendo-me da cama.

Tomei um banho rápido, vesti uma blusa branca e uma calça jeans. Tomei meu café sentada no sofá enquanto ouvia o rádio da minha vizinha tocar. Sorri sozinha imaginando ela dançando e cantando baixinho.

Diferente do dela, o meu apartamento é vazio, sem nenhuma alegria ou cor. Apenas me sinto bem aqui quando meu namorado, Axl está comigo, mas não dura muito, antes que ele chegue, já está indo embora.

Pendurei minha câmera em meu pescoço, peguei minha bolsa e desci as escadas correndo. Já faz três anos que moro aqui em Los Angeles, mas ainda me sinto perdida. Uma figurante que não tem ideia para onde andar. Meio desajeitada pedi um táxi e entreguei um papel amassado com um endereço escrito.

Me encostei no banco quando o carro começou a andar, encarei a vista pela janela com um sorriso interno. Meninas e meninos caminhavam com seus cabelos rebeldes e suas roupas de couro e jeans, peguei minha câmera e fotografei as que eu mais achei interessante.

Estou indo fotografar a banda de Axl, meu namorado. Eles vão gravar um clipe e ele me pediu para tirar algumas fotos para divulgação. Ele vai me pagar uma boa grana, então nem pensei antes de aceitar.

Quando chegou em meu destino dei o dinheiro para o taxista e saí do carro recebendo um vento quente em meu rosto. Caminhei até o portão e bati duas vezes. Achei esse lugar estranho, mas estou confiante que é o endereço certo.

── Como posso ajudar? ─ um homem alto e negro me perguntou enquanto abria o portão.

Tive que levantar a cabeça para encarar seus olhos.

── Vanessa Dunne. Vim fotografar o Guns N Roses.

Sem falar mais nenhuma palavra me deixou entrar. Quando ele não estava prestando atenção em mim suspirei aliviada, estou no lugar certo. George me guiou para dentro do balcão – sei o nome dele porque li em seu crachá. – é grande e estava com uma decoração de um clipe de rock. Tirei a câmera do meu pescoço e segurei com minha mão quente e ansiosa.

──  Vanessa! ─ quando meu nome foi chamado rapidamente me virei para trás.

──  Slash! ─ sorri ao ver um rosto conhecido e o abracei.

Fiquei intrigada ao vê-lo, já que ele estava totalmente vestido e não quase pelado. Slash e eu nos conhecemos no primeiro dia em que coloquei os pés em solo californiano. Naquela época, tanto ele quanto Axl haviam me recepcionado no aeroporto quando cheguei de Nova York.

Minha história com Axl começou em um show que eles fizeram em um bar que eu costumava frequentar. Posteriormente, trocamos telefonemas e até mesmo correspondências, embora, na maioria das vezes, ele estivesse ocupado demais para responder minhas cartas.

Um dia enquanto eu relevava algumas fotos, Axl me ligou e me chamou para vir até Los Angeles, e, de alguma forma misteriosa, conseguiu um emprego para mim que mudaria o curso da minha vida.

──  Onde está Axl? ─ perguntei, com um sorriso.

──  Atrasado. ─ Slash respondeu e eu não precisei tirar seus óculos para saber que ele revirou os olhos.

──  Como sempre. ─ suspirei. 

Slash acendeu um cigarro e se afastou de mim. Eu me acomodei no primeiro degrau da escada, ocupando meu tempo com alguns ajustes simples na câmera enquanto observava o restante da banda se divertindo e entregando-se às bebidas, mesmo sendo tão cedo, por volta das oito e meia da manhã.

Enquanto fazia isso, algo capturou minha atenção de maneira intrigante - um homem alto e pálido, seu cabelo pendendo sobre o rosto, era um rosto que eu nunca tinha visto antes. Pelos sinais, parecia que ele fazia parte do grupo, mas era uma presença nova que despertou minha curiosidade.

Percebi que estava encarando-o demais, e nesse exato momento, ele olhou de volta. Seus olhos, repletos de uma tristeza profunda, e a expressão séria em seu rosto me fizeram prender a respiração involuntariamente; era como se ele pudesse ler minha alma através daquele olhar intenso, que parecia não ceder.

Me obriguei a desviar meu olhar quando Axl chegou com sua habitual exuberância, fazendo barulho e desviando a atenção de todos para ele. Entretanto, o olhar daquele homem misterioso ainda permanecia fixo em mim.

— Vanessa — Axl se aproximou e deixou um rápido beijo em meus lábios. — Demorei?

— Você sabe que sim. – dei risada e me levantei para o abraçar.

Enquanto eu abraçava Axl, pude sentir que os olhos daquele homem ainda estavam direcionados para mim, mas rapidamente desviou o olhar com um sutil desconforto em seu rosto.

— Vamos começar. – O ruivo se afastou de mim e foi em direção a banda.

Peguei minha câmera e comecei a fotografar enquanto todos da banda se posicionavam. A cada clique, meu sorriso se ampliava apreciando a espontaneidade que emanava deles. Enquanto capturava aqueles momentos, minha curiosidade se voltou novamente para aquele homem.

Quando me aproximei dele, percebi sua tensão evidente, mas isso não me impediu de tirar algumas fotos, focando nos detalhes que mais me cativaram em sua beleza singular.

Enquanto trocava a lente da câmera, decidi iniciar uma conversa:

— Novo na banda? – perguntei, tentando romper a barreira do silêncio entre nós.

Ele levantou a cabeça, sua expressão um tanto confusa por minha súbita interação. Fiz um gesto afirmativo com a cabeça, encorajando-o a responder. Com uma voz suave, ele respondeu:

— Sim. Me chamo Izzy.

Seu nome parecia harmonizar com a beleza peculiar de seu rosto. A tristeza que eu havia detectado anteriormente agora parecia mais leve, talvez substituída por cansaço ou ressaca. Uma onda de estranha emoção percorreu meu corpo. Eu me senti culpada por essa nova sensação, afinal, era algo que eu nunca havia experimentado com Axl.

— Seja bem-vindo. – sorri e voltei a fotografá-los quando Axl nos encarou de uma forma estranha. 

O que aconteceu aqui dentro de mim ninguém nunca irá saber.

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Sejam bem-vindos a minha nova fanfic. Confesso que eu estava ansiosa para escrever algo com o izzy (meu favorito), espero que vocês gostem muito!

Com amor, Lore.

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora