02. Namorada do Axl.

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IZZY STRADLIN, 10 DE JULHO DE 1987.

Hoje foi um dia completamente diferente de todos os outros. Logo ao acordar, senti uma animação que eu apenas costumava sentir no palco, mas estou sentindo ela agora, pois estou prestes a participar da gravação do primeiro videoclipe do Guns N' Roses.

Deixei minha cama com um pulo e, para acalmar os nervos, tomei um gole generoso de Jack Daniels direto da garrafa. A sensação de calor que percorreu meu corpo foi como uma injeção de coragem. Ao descer as escadas e me dirigir à van vi todos os membros da banda se reunindo para entrar, exceto Axl, que parecia estar travando uma batalha épica para domar seu cabelo.

- Vem logo, bixinha. - Slash alfinetava rindo.

- Cala boca, Hudson.

Ele pediu para que todos fossem em sua frente, então fizemos isso. Quando chegamos fomos até nossos instrumentos e começamos a ensaiar e jogar conversa fora.

Quando uma mulher entrou Slash correu para abraçá-la, mas não consegui ver seu rosto direito. Deixei isso de lado e continuei mexendo em minha guitarra e tomando cerveja.

Uma sensação de ser observado tomou conta de mim. Lentamente, ergui a cabeça, e meus olhos se encontraram com os dela. Era uma mulher deslumbrante que havia acabado de entrar na sala, e o fato de ela estar me encarando diretamente me deixou intrigado. Ela estava sentada no primeiro degrau da escada com uma câmera em suas mãos. Em vez de desviar o olhar, aproveitei o momento para observar detalhadamente sua aparência.

Ela tinha olheiras que denotavam uma vida intensa, cabelos ondulados que caíam graciosamente sobre seus ombros e uma boca com lábios cheios, adornados com um batom nude, que apenas ressaltavam sua beleza natural. Seus olhos, no entanto, eram a parte mais intrigante; eles refletiam curiosidade, como se estivessem ávidos por descobrir quem eu era.

Minha admiração por sua beleza foi instantânea, e confesso que nunca havia visto alguém tão deslumbrante em minha vida. No entanto, um sentimento de frustração começou a surgir quando percebi que ela pertencia a alguém, e esse alguém era ninguém menos que Axl Rose.

O que parecia ser um breve encontro visual agora se transformava em um emaranhado de emoções, onde a atração e a surpresa se misturavam com uma pontada de ressentimento.

- Vamos trabalhar! - Axl bateu palmas exageradamente.

Fomos posicionados cuidadosamente e, logo em seguida, as câmeras começaram a gravar. Axl iniciou Sweet Child O Mine, uma música que sempre foi incrível, mas agora parecia perder um pouco do seu encanto sabendo que foi escrita para aquela mulher.

No momento em que pensei nela, ela de alguma forma apareceu bem diante de mim, instantaneamente me causando uma sensação de tensão.

Enquanto continuávamos com a sessão de fotos, ela mudou sua expressão para uma mais séria, parecendo também ficar tensa. Seus dedos adornados com vários anéis seguravam a câmera com firmeza, eu tentava não prestar mais atenção nela, mas era algo impossível de se evitar.

- Novo na banda? - ela me questionou assim que a música chegou ao fim.

- Sim. Me chamo Izzy.

Eu desejava poder perguntar seu nome, mas Axl me lançava olhares hostis. Ela percebeu a situação e prontamente se afastou de mim.

- Seja bem-vindo, - ela deu um sorriso encantador para mim. Me deixou tão sem jeito, que eu não consegui retribuir o sorriso.

Quando tudo terminou, Axl chegou perto da gente segurando a mão dela.

- Vamos almoçar aonde? - perguntou com a mão na cintura.

- Qualquer lugar, só quero comer. - Steven deu risada.

Coloquei meus óculos e fomos juntos para a Van. Axl e ela se sentaram na frente e eu no fundo sozinho.

- Alguém sabe o motivo de Axl chegar atrasado? - ela perguntou sorrindo.

- Ah, Vanessa, sua mulherzinha estava arrumando o cabelinho. - Duff provocou, fazendo todos rirem, menos Axl.

Então seu nome é Vanessa. Sussurrei seu nome para saber como ficava em minha boca, estranhamente bom.

- Cala boca, Duff! - Axl gritou de volta.

O trajeto até o restaurante foi repleto de risadas e piadas, muitas das quais eu não compreendia. A sensação de exclusão começava a tomar conta de mim, mas eu percebia que, em parte, estava me afastando do grupo. Quando finalmente nos sentamos à mesa, ela estava bem em minha frente, sorrindo com cada palavra que fluía na conversa, mas olhando esse sorriso, eu sei que não é verdadeiro.

Enquanto mastigava uma batata, nossos olhares se encontraram novamente, mas desta vez foi mais difícil manter o contato visual. Instintivamente, desviei o olhar rapidamente. Era nítido que ela desejava que eu a encarasse daquele jeito novamente, mas algo me impedia de fazê-lo.

- Todos gostaram muito das suas fotos. - Axl quebrou o silêncio, segurando Vanessa em seus braços com ternura.

- Sério? - ela sorriu novamente. Sempre sorria.

- Queremos que você seja nossa fotógrafa oficial, de verdade, real. - Axl continuou, num raro momento de humor.

A reação foi instantânea, todos bateram palmas em aprovação, enquanto eu, em silêncio, engoli em seco uma batata frita. Por acaso, nossos olhares se cruzaram novamente, mas dessa vez ela foi a primeira a desviar o olhar. Era como se um jogo de tensão silenciosa se estabelecesse.

Após concluirmos nossas atividades, todos voltamos para a van. Notei que, desta vez, Vanessa escolheu um assento um pouco distante de Axl, o que achei intrigante, considerando que havia acabado de conhecê-la. O trajeto de volta foi marcado por um silêncio desconfortável, e quando finalmente chegamos em casa, Vanessa parecia surpresa com o que encontrou.

Ela não escondeu sua expressão de desagrado ao entrar em nossa casa, como se algo ali a tivesse chocado profundamente. Sem olhar para trás, subi as escadas apressadamente e me joguei na cama, sem se dar ao trabalho de fechar a porta.

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora