17. Casamento?

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VANESSA DUNNE, 19 DE JULHO DE 1987.

Durante o café da manhã, após eu e Axl termos terminado de fazer as malas, percebi que ele exibia sinais de nervosismo e inquietação. Seus olhos inquietos e a maneira como mexia nos utensílios à mesa sugeriam que algo o estava incomodando profundamente. Optei por não perguntar, consciente de que trazer o assunto à tona poderia aumentar ainda mais seu estresse.

Passei a tarde na casa da minha família, cumprindo a promessa de voltar assim que pudesse, mas novamente Axl recusou-se a me acompanhar. Ao conversar com Izzy, percebi uma certa distância em sua atitude, e uma onda de receio se instalou em mim, temendo ter estragado algo entre nós.

Não tenho uma lembrança nítida da noite passada, mas recordo-nós nos beijando e tentando avançar para algo mais... Sinto-me envergonhada; traí Axl.

Ao chegarmos ao destino final, Axl e eu dirigimos-nos ao hotel. Assim que me deitei naquela ampla cama, fechei os olhos com um sorriso no rosto. O ruivo posicionou-se sobre mim, espalhando beijos delicados por todo o meu rosto, reservando minha boca para o último gesto carinhoso.

— Hmm, faz tempo que não recebo isso. – sorri abraçando seu corpo.

— Me desculpe... esses shows me deixam estressado demais.

Axl, com gentileza, colocou meu cabelo para trás e beijou meu pescoço lentamente. Naquela noite, de uma forma incrivelmente apaixonada, ele fez amor comigo.

***

Ao despertar, encontrei Axl ainda na cama. Levantei-me e dirigi-me ao banheiro, onde realizei minha rotina matinal de higiene. Vesti uma calça jeans e uma regata branca. Enquanto eu pegava minha câmera, observei o ruivo deitado na cama, meu coração apertou-se; os resquícios do amor que ainda guardo por ele tornaram o momento melancólico.

Permiti-me ser consumida por uma paixão inconsequente, e agora, ao olhar para Axl, questiono minhas escolhas. A lembrança de ter me entregado a Izzy e ter permitido que ele visse meu corpo pesa em minha consciência, como se eu tivesse ultrapassado limites que não deveria ter ultrapassado.

Acordei Axl com suaves balanços, e ele resmungou antes de se dirigir ao banheiro. Ao analisar minha câmera, percebi que as únicas fotos presentes eram de Izzy, contrastando com o passado em que as imagens de Axl dominavam o álbum. O que estou fazendo com minha vida?

Uma onda de desconforto e autocrítica tomou conta de mim, questionando se estava sendo injusta com Axl, e se a minha gratidão para com ele estava sendo devidamente expressa.:

Desci com Axl, e ao avistar Izzy parado na entrada do hotel, com um cigarro entre os dentes, desviei o olhar involuntariamente. Mantive uma distância prudente durante todo o dia. Embora os pensamentos sobre Izzy ocupassem minha mente, o desejo de conversar com ele era evidente. No entanto, reconheci que essa situação estava se estendendo demais, criando uma barreira que tornava difícil abordar o assunto de maneira franca e resoluta.

— Vanessa. – Izzy me chamou quando eu estava longe do palco, trocando a lente da câmera.

Virei-me para ele, tentando evitar um sorriso.

— Hm?

Izzy mexeu nos bolsos e pegou uma caixinha vermelha. Eu não precisava ser vidente para saber o que havia dentro daquilo.

– Vanessa, eu encontrei isso embaixo da sua cama de hotel. Axl vai te pedir em casamento... mas por favor, eu não vou suportar ver vocês dois juntos.

Peguei a caixa de sua mão com raiva.

— Izzy, por que você está com isso? Por que você teve que se intrometer nisso? – perguntei, tentando manter a calma. — Eu e você foi um erro. A gente não deveria se apaixonar. Eu não posso, Izzy, eu não posso!

Ele suspirou, olhando para o chão antes de me encarar novamente.

— Vanessa, eu sei que fui longe demais. Só não quero ver você se machucar. Axl não é o cara certo para você. Ele é tempestuoso, e você precisa de alguém que possa te dar a paz que ele não vai conseguir proporcionar.

Revirei os olhos, frustrada.

— Izzy, você não pode decidir isso por mim. E sobre a caixa, eu lido com os meus problemas, não preciso da sua intervenção.

Ele segurou meu olhar com intensidade.

— Vanessa, por favor, pense nisso. Não quero te ver sofrer. Te quero comigo!

— Izzy, nossas vidas são um caos. Deixe-me tomar as minhas próprias decisões, mesmo que isso signifique lidar com os erros que cometi.

— Você está escolhendo o caminho difícil, Vanessa. Axl vai te magoar, e quando isso acontecer, estarei aqui para te ajudar a recolher os pedaços.

Minha paciência atingiu um limite.

— Izzy, chega! Você não é meu guardião ou algo assim. Não preciso que você cuide da minha vida ou das minhas escolhas. Eu amo Axl, e mesmo que seja complicado, não é da sua conta.

As palavras foram lançadas com mais força do que eu pretendia, e o silêncio tenso se instalou entre nós. Izzy olhou-me profundamente, sua expressão um misto de desapontamento e resignação.

— Espero que saiba o que está fazendo, Vanessa.

Izzy balançou a cabeça, mas não insistiu mais naquele momento. A tensão pairava entre nós, carregada com sentimentos não resolvidos e escolhas difíceis.

— Eu não sei o que tem entre a gente, mas acabou. Eu quero acabar com isso. – Coloquei a caixinha dentro da minha bolsa. — Eu não tenho certeza do nosso futuro, não posso largar tudo isso para ficar com você. Eu amo Axl e nada vai mudar isso. O que eu fiz foi um erro e você deveria saber disso mais que eu.

Izzy não me deu uma resposta, ele se afastou, deixando-me com a caixa nas mãos e um turbilhão de emoções dentro de mim. A briga deixou marcas, e a incerteza pairava sobre o que viria a seguir.

Minhas pernas pareciam pesadas, e a câmera registrou um Izzy que, apesar de todas as tentativas, não sorria em nenhuma foto. O dia se estendeu, cada momento mais denso que o anterior.

Quando a noite finalmente envolveu a cidade, eu retornei ao hotel, carregando o fardo de uma caixinha vermelha que agora repousava na bolsa de Axl. Surpreendia-me que, depois de seis longos anos, ele estivesse prestes a dar esse passo tão significativo. 

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora