14. Ciúme.

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IZZY STRADLIN, 18 DE JULHO DE 1987.

Achei estranho o fato de Axl não ter vindo com Vanessa, mas decidi guardar isso para mim e, em vez disso, ofereci-lhe minha companhia. Os Dunnes são realmente agradáveis. Acomodei-me à mesa com eles e Camila, a mãe de Vanessa, com seu marcante sotaque espanhol, serviu-me com um amplo sorriso. Todos conversavam com expressões felizes, e involuntariamente, eu também sorri. Às vezes, desejava ter uma família assim.

Nova York é completamente diferente de Los Angeles, sem a mesma presença marcante do rock e com um clima mais frio, mas eu acreditava que era algo com o qual poderia me acostumar facilmente.

— Izzy é da mesma banda que Axl. – Vanessa apontou para mim.

— Guns N Roses, quero ouvir uma música de voces. – O pai de Vanessa sorriu para mim, me fazendo tremer por dentro.

Quando virei meu olhar para o lado, deparei-me com Vanessa sorrindo. Ela irradiava beleza em um vestido floral combinado com botas de cowboy, cabelos soltos, e gesticulava expressivamente enquanto falava. Com o término do almoço, ergui-me para ajudar Camila, mas um amplo sorriso nos lábios dela me deteve.

— Visitas apenas conversam.

— Eu posso ajudar, senhora Dunne. Não me incomodo.

— Não, não precisa.

Vanessa pousou as mãos nos meus ombros, mantendo-se ao meu lado.

— Vamos para o meu quarto? — sugeriu, apoiando a cabeça em meu ombro direito.

— Claro. — respondi com um sorriso, acompanhando-a pelas imponentes escadas.

Ao abrir a porta do quarto, Vanessa sorriu como uma criança. O ambiente era uma mistura colorida e desorganizada, impregnado pelo forte aroma de lavanda, com algumas fotografias adornando as paredes roxas. Quando entramos, a porta se fechou automaticamente, revelando que não era uma das melhores portas.

— Por que o Axl não veio? — indaguei enquanto a observava deitar-se na cama, banhada pelo sol.

— Ele não quis.

Estendi-me sobre ela, afastando delicadamente os cabelos de seu rosto. O olhar de Vanessa encontrou o meu, meu coração batendo acelerado. Toquei seu rosto frio, sentindo-a fechar os olhos lentamente.

— Não me beije. — sussurrou.

Deslizei o polegar sobre seus lábios, percebendo o toque úmido do seu gloss em meus dedos. Apoiei minha testa nos lábios dela, e Vanessa acariciou meus cabelos, depositando um longo beijo em minha testa, fazendo-me cerrar os olhos. Abraçamo-nos com força, e, naquele momento, parecia que éramos mais do que apenas amigos, mas não somos nada.

***

Acordei com o vento gelado em meu rosto, constatando que o dia já havia avançado para a tarde. Desvencilhei-me suavemente dos braços de Vanessa e a sacudi levemente. Seus olhos se abriram e, ao fitar a janela, deu um pequeno sobressalto.

— O show! Que horas são? – ela perguntou afoita.

– Não sei.

Vanessa desceu correndo e abraçou seus pais rapidamente. Saímos de mãos dadas, apressando-nos em direção ao bar onde seria o nosso show. Ao chegarmos, os rapazes estavam ensaiando, mas notei a ausência de Axl, o que provocou um suspiro aliviado de Vanessa, seguido pelo rápido soltar de minha mão.

Enquanto ensaiávamos, Vanessa ajustava sua câmera, seu rosto revelando uma miríade de pensamentos que giravam em sua mente. Eu desejaria poder decifrar cada um deles e acalmar essas inquietações com um beijo em seus lábios. É frustrante, por que ela tem que pertencer a outra pessoa? Respirei fundo e continuei a tocar minha guitarra.

Axl chegou na hora do show, e Vanessa ficou lá embaixo, capturando fotos de nós com um sorriso radiante nos lábios. Ela pulava e cantava no ritmo da música, seus olhos refletindo a magia do solo de Slash. No ápice da apresentação, Axl desceu do palco e a beijou com uma intensidade que parecia fazer dela o troféu mais precioso. Isso me fez agarrar a guitarra com força.

— Foi ótimo! – Vanessa abraçou a gente quando entramos no camarim.

Axl envolveu a cintura dela e a beijou, os dois se acomodando no sofá. Eu me estirei na cadeira, e nesse momento, uma mulher se aproximou de mim. Consciente do olhar de Vanessa sobre mim, uma sensação de culpa se instalou, levando-me a dispensar a presença daquela mulher. O que está acontecendo comigo?

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora