19. Ações e consequências.

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VANESSA DUNNE, 26 DE JULHO DE 1987.

Acordei com o corpo de Izzy envolto no meu. Seus cabelos negros caíam como a noite sobre seu rosto; delicadamente afastei-os para contemplar sua expressão serena enquanto ele repousava, seus lábios convidativos sussurrando um convite para um beijo, mas claro, não posso fazer isso de novo.

Minhas memórias da noite passada são poucas, o que me instiga a curiosidade se aconteceu algo a mais. No entanto, ao notar que estamos vestidos, concluo que nada mais ocorreu. Com cuidado, me desvencilhei dos braços de Izzy e calcei meus sapatos, observando-o com um sorriso nos lábios. A raiva que eu sentia dele persistia, mas descobri que mantê-la por muito tempo não é algo que eu consiga.

Saí do quarto dele com cautela, evitando qualquer ruído. Ao entrar no meu quarto, deparei-me com Axl, dormindo sentado no chão. Aproximei-me e o despertei suavemente.

— Axl, vamos para a cama.

Ele ergueu os olhos, evitando meu olhar.

— Desculpe pelo que aconteceu ontem.

Suspirei, fixando meu olhar nele.

— Eu sei que não era sua intenção.

Ele adormeceu, e enquanto eu tomava um banho relaxante, refleti sobre tudo o que tem acontecido em minha vida. Hoje é o último dia da turnê da banda, vou receber meu salário integral e desfrutar de meses sem compromissos. No entanto, contrariamente a essa perspectiva, não desejo essa pausa prolongada.

Estou incerta sobre a ideia de ficar sozinha, cercada apenas pelas fotografias de Izzy em minha câmera.

Eu reconheço que minhas ações estão equivocadas. Estou à beira do noivado e ainda continuo com o melhor amigo de Axl. Não tenho remorso, apenas anseio ter Izzy novamente, incessantemente. Não sou do tipo que se arrepende, e ele não costuma ligar para os perigos.

***

O dia voou, o show foi breve devido à impaciência de Axl, que decidiu encerrá-lo no meio da apresentação. Passei o restante do dia revelando fotos e divulgando-as em revistas e jornais, o que foi bastante cansativo.

Enquanto editava as fotos, coloquei o CD da banda do meu pai, mas fui interrompida quando alguém bateu na porta.

— Quem é? – perguntei, diminuindo o volume.

— Sou eu, Slash. Vamos sair, quer se juntar?

Sorri com a ideia de passar tempo com Izzy novamente.

— Estou indo!

Levantei-me, tomei banho e vesti um vestido preto, botas e uma maquiagem leve. Desci correndo com a jaqueta de couro nas mãos e vi Izzy me esperando na entrada do hotel. Olhei ao redor para garantir que ninguém estivesse por perto e abracei-o com força.

— Esta linda. – ele disse afundando seu rosto em meu pescoço.

— Obrigada. – sorri tímida.

— Vamos. Eles ja estao la.

Entrelacei meus dedos aos seus enquanto caminhávamos pelas ruas frias e desertas em completo silêncio. Sem vontade de pronunciar uma palavra, meu único desejo era saciar a ânsia de beijá-lo até que meus lábios perdessem o fôlego. Ao avistarmos Axl, Izzy soltou minha mão rapidamente.

— Achei que vocês iam ficar lá pra sempre. – axl abraçou minha cintura e me beijou.

— Axl!

Afastei ele quando senti o gosto de cocaína em sua língua.

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora