05. Triângulo de sentimentos.

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VANESSA DUNNE, 11 DE JULHO DE 1987.

Ontem de noite Axl dormiu tranquilamente em meus braços. Seu corpo envolveu o meu, proporcionando um sentimento de segurança. Eu passava meus dedos pelo seu cabelo ruivo, depositando um beijo carinhoso em sua testa, refletindo sobre como chegamos tão rapidamente até esse ponto.

A verdade é que não sei bem o que vi em Axl, assim como não sei o que ele viu em mim. Nossa conexão é intensa, e nos tornamos inseparáveis, mesmo com as inevitáveis brigas que nos abalam. Axl é bom para mim, mas ao mesmo tempo, sua forma de me fazer bem traz consigo certa dose de desconforto.

Ele sempre se esforça para me proporcionar o melhor, mas sinto falta daquela sensação de aconchego, de passar a noite compartilhando conversas sobre a vida e desfrutando de momentos tranquilos, como admirar juntos o letreiro de Hollywood. Axl nunca fez isso comigo, pois nunca tem tempo, mas não consigo evitar o sentimento de culpa ao reclamar dele.

E o pensamento em Izzy só intensificava minha inquietação.

Desvencilhei-me dos braços de Axl e levantei-me, cobrindo-me com o lençol enquanto me dirigia ao banheiro. O ambiente não estava totalmente escuro, mas mesmo assim, sentia medo. Ao retornar para o quarto, uma voz me fez dar um pulo de susto.

── Sem sono? - disse Izzy, sem camisa, apenas com uma calça. Seu cabelo estava bagunçado e seu rosto exibia um ar de tédio ainda mais evidente.

── Droga, me assustou! - fechei os olhos e respirei profundamente.

── Calma, eu não sou o Axl.

Ri com seu comentário.

── Obrigada por esclarecer.

Ele riu e desceu as escadas. Estranhei vê-lo acordado às três da manhã. Talvez eu e Axl não tenhamos permitido que ele dormisse... Minhas bochechas coraram apenas com o pensamento de Izzy ouvindo nossos sons.

── Vanessa? - Axl me procurou na cama.

── Estou aqui.

Deitei-me ao seu lado e dormi, ainda envergonhada pela situação. Quando acordei pela manhã fiz um café e comprei alguns pães na padaria. Izzy foi o último a acordar, não tive coragem de o encarar, mas senti que estava olhando para mim o tempo todo. Ele se levantou e pegou a chave do carro quando terminou o café, corri até ele para pedir uma carona até o Royal.

Durante o trajeto, o silêncio era quase palpável, e nossos olhares se cruzavam de tempos em tempos.

Enquanto me acomodava no banquinho e sentia a frieza da parede contra minhas costas, fechei os olhos por um momento, tentando focar meus pensamentos em Axl, no entanto Izzy parecia ser um obstáculo constante em meus pensamentos naquele momento. Decidi abrir os olhos, apenas para ser surpreendido pela imagem revelada dele deitado na cama segurando seu violão. Desviei para ver Izzy entrando na sala.

── Me desculpa, demora mesmo. ─ disse em um tom baixo.

── Tudo bem.

Eu sorrio e pela primeira vez ele sorri de volta.

── Venha ver. ─ o chamei.

Quando Izzy se aproximou e ficou ao meu lado, uma onda de arrepios percorreu todo o meu corpo. Era como se algo estivesse prestes a explodir dentro de mim enquanto o aroma do seu perfume inundava minhas narinas de maneira inebriante. Nossos braços se tocavam sem querer me fazendo engolir em seco.

Disfarçadamente, apontei para as fotos que estavam dispostas à nossa frente. Quando tive a certeza de que ele não estava olhando, deslizei a mão até a imagem dele deitado, tentando cobrir seu rosto com os meus dedos, como se aquela foto guardasse um segredo que eu não estava pronta para revelar.

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora