06. Sessão de fotos.

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IZZY STRADLIN,  16 DE JULHO DE 1987.

Não tenho muito o que falar sobre esses dias que Vanessa foi embora. Quando ela se foi, começamos uma festa aqui em casa, não vou falar as coisas que Axl fez... aquilo me fez sentir tão enojado que resolvi dormir cedo. Os dias passaram mais devagar, fui para a loja de discos na esperança de ver ela revelando suas fotos, mas nada.

Ela e Axl não tiveram uma briga, pelo menos é o que ele afirma. Sua ocupação com o trabalho a mantém distante. Sinto falta de sua câmera captando meu rosto. Hoje, permiti-me uma manhã preguiçosa, já que não tínhamos ensaios agendados. Apenas uma breve pausa para algumas sessões de fotos, destinadas a promover nosso álbum, antes de voltarmos para casa. O plano? Apenas o de sempre: se drogar, transar e dormir.

Sem me dar ao trabalho de cumprimentar ninguém, desci as escadas e entrei na van, substituindo o café da manhã por um gole direto de Jack Daniels. Durante a viagem, adormeci, mas as risadas dos outros começaram a me incomodar. Ao chegarmos ao estúdio, todos se dispersaram em busca de comida e bebida, enquanto eu permaneci imóvel, olhando para o vazio, perdido em meus pensamentos

— Eu sei, eles são insuportáveis. – alguém disse enquanto colocava a mão no meu ombro, me virei e vi Vanessa sorrindo.

— Sim. – sorri e me senti um pouco mais relaxado.

— Quero que seja o primeiro. – ela segurou minha mão, me fazendo arregalar os olhos e olhar para os lados.

Seus anéis gelados tocaram minha pele quente, provocando um aperto involuntário em sua mão. Seu toque era suave e delicado assim como eu imaginava antes. Vanessa me guiou para uma sala com um fundo azul e me acomodou gentilmente em um pequeno banquinho

— Talvez sozinho você fique mais confortável. – ela sorriu e ligou a câmera.

Coloquei o cigarro em minha boca e fiz algumas poses enquanto ela tirava as fotos com calma e atenção.

— Mas não estou sozinho. – respondi deixando o cigarro entre meus dedos.

Ela fez que não com um gesto suave e se aproximou de mim, delicadamente, acomodando meu cabelo para trás. Seus lábios, irresistivelmente macios, pareciam chamar minha atenção.

── Vamos, sorria para mim. ─ Ela se aproximou com a câmera, e um sorriso involuntário escapou dos meus lábios.

Me senti à vontade, experimentando várias poses enquanto ela tirava as fotos.

── Você faz mais alguma coisa além de tocar e compor músicas? — Ela perguntou, inclinando-se levemente e concentrando-se em seu trabalho.

── Eu canto e também faço algumas fotografias, mas é apenas por diversão.

── Sério? — Ela sorriu, seus olhos brilhando com curiosidade.

── Sim, deixe-me mostrar. ─ Peguei a câmera de suas mãos, sem esforço, e tirei uma foto dela.

Ela riu, envergonhada. Aproximei-me, delicadamente afastando uma mecha de cabelo de seu rosto, capturando seus olhos tão puros e sinceros com minha lente. Percebi que seus olhos desceram para meus lábios e soltei uma risada suave. Afastei a câmera de seu rosto nos deixando ainda mais próximos. Vanessa pegou o cigarro de minha boca e deu uma tragada sem tirar os olhos de mim. 

── Vanessa, pode mandar o próximo? ─ uma mulher entrou nos fazendo nos separar rapidamente.

── Sim, claro. ── ela passou a mão pela calça de cintura baixa e se virou para a mulher.

Nos olhamos uma última vez e sai do cômodo com um sorriso ladino. Eu não iria beijá-la e sei que ela também não iria fazer isso, Axl está bem aqui. Me sentei no sofá e esperei todos ser fotógrafos individualmente.

── Venham. ─ Vanessa chamou todos para a sala.

Enquanto ela nos fotografava fazíamos brincadeiras e rimos. A risada de Vanessa contagiou todo mundo, parecia que ela estava rindo da piada mais engraçada do mundo.

── Disfarça. ─ Duff deu uma cotovelada em mim e aí percebi que estava quase babando em Vanessa.

Balancei a cabeça e me concentrei em apenas fumar meu cigarro enquanto fazia algumas poses. Quando terminamos, Vanessa saiu da sala e foi para um lugar mais afastado, absorta em seu mundo de fotografias. Seu cabelo está jogado para o lado, destacando sua silhueta enquanto estava encostada em uma parede, aquela visão me deixou perdida.

Prendi o ar involuntariamente quando ela caminhou até mim, sua movimentação parecia desafiar a própria noção de tempo, como se estivesse imersa em uma cena de câmera lenta que capturava cada um de seus passos.

── Qual ficou melhor? ─ ela perguntou, virando-se de costas para mim, quase encostando seu corpo no meu. Aproximei meu rosto quase rente ao seu ombro e observei atentamente enquanto ela passava pelas fotos.

Coloquei minha mão sobre a sua e pressionei seu dedão para parar de passar as fotos.

── Essa. ─ respondi soltei sua mão quente.

Senti Vanessa prender a respiração e se virar para mim.

── Vou revelar essa então. ─ ela sorriu e olhou para a câmera de novo.

── Posso te acompanhar? ─ perguntei com um sorriso.

── Sim. Só espere um pouco, vou pegar minhas coisas.

Concordei com a cabeça e quando Vanessa saiu do meu campo de visão dei um pulinho e sorri feliz. Espero que ninguém tenha visto isso.

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora