08. Sentimentos reprimidos.

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IZZY STRADLIN, 16 DE JULHO DE 1987.

Observei Vanessa saindo apressadamente do estúdio momentaneamente me esquecendo, decidi correr para alcançá-la. Com delicadeza, coloquei minha mão em seu ombro na tentativa de chamar sua atenção. No entanto, percebi que tanto ela quanto eu ficamos surpresos com a proximidade inesperada, e imediatamente recuei, respeitando seu espaço pessoal.

── Ei, tá tudo bem? ─ perguntei.

── Sim... é que... ── ela me olhou, mas rapidamente desviou o olhar. ── Só levei uma bronca da minha chefe.

── Sinto muito.

Um vento frio em forte bateu na gente fazendo Vanessa se encolher.

── Frio? ── perguntei.

── Uhum.

Quando abri minha jaqueta, ela se aninhou nela. Eu tentei conter um sorriso, pois era a primeira vez que a tinha nos meus braços dessa maneira. Entramos no táxi e fomos para a loja. Quando chegamos brincamos e conversamos um pouco, eu queria poder conhecê-la melhor, me tornar íntimo... ou algo a mais.

── Pega ali para mim. ─ Vanessa apontou para uma foto..

── Sim. ─ me virei na mesma hora fazendo nossos corpos se chocarem.

Vanessa segurou meus braços com firmeza, nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância, e nenhum de nós demonstrou vontade de se afastar. Seus olhos fixos nos meus pareciam ter o poder de me hipnotizar, me levando a um abismo emocional. Fechei os olhos e me aproximei para beijá-la, mas ela recuou.

── Não... ─ negou num sussurro trêmulo.

Mas eu não a soltei. Com carinho, deslizei a mão pelos seus cabelos macios que cheira a lavanda e os segurou com delicadeza.

── Por favor... ─ implorei seus olhos suplicantes.

── Não, Izzy. Eu não posso. ─ sua mão se uniu à minha.

Mas eu insisti mais uma vez num sussurro cheio de desejo.

── Por favor...

── Não, não... ─ Vanessa fechou os olhos, as lágrimas prestes a escorrerem.

── Então me permita tocar você. Apenas isso.

Vanessa assentiu com a cabeça e abriu os olhos. Passei a ponta dos meus dedos por seus lábios macios, o parque que eu queria tanto beijar, deslizei meus dedos por todo seu rosto delicado, quente e macio. Eu fingia que naquele momento ela era minha. Tão macia e única.

── Me desculpe. ─ encostei nossas testas quando percebi que aquele toque não era suficiente.

── izzy... isso nunca vai acontecer. Não podemos. Eu não posso fazer isso com Axl e com você.

── Você sente o mesmo? ── a olhei.

── Não sei o que eu sinto, Izzy e não quero saber. Segue a sua vida.

── Não quero me afastar de você.

── Nem eu! ─ Vanessa segurou meu rosto com as duas mãos. ── Se eu trair ele eu vou estar me traindo.

Eu não entendia esse motivo, como ela não sabe das coisas que Axl faz? Como ela pode se prender naquela coisa que eles chamam de relacionamento?

── Mas ele... ─ me interrompi ── Desculpa, Vanessa.

── Não se desculpe, por favor.

Ela beijou minha bochecha e saiu me deixando para trás. Corri para fora e a segurei com cuidado seu braço a fazendo se virar para mim.

── Vanessa, eu não sei porque estou assim! Eu estou perdido, eu me sinto tão bem com voce.

── Eu sinto o mesmo, Izzy. Mas eu não posso largar tudo o que eu tenho para te beijar e você me largar.

A trouxe para perto de mim sentindo sua respiração quente e seu cheiro de lavanda.

── Só um tolo te largaria, Vanessa. Eu não sou assim.

── Para, izzy!

Ela se desvencilhou de mim e iniciou sua caminhada, sem olhar para trás. Corri para alcançá-la, embora eu me sentisse um tolo, algo em meu íntimo sussurrava que isso teria um bom final.

── Posso te levar para casa? ─ perguntei em tom baixo.

Vanessa simplesmente segurou minha mão, e caminhamos juntos em silêncio. O vento ainda era frio, chicoteando nosso rosto e fazendo nossos cabelos dançarem no ar, mas eu não me importava. Enquanto segurava sua mão, eu percebia a pulsação no seu pulso, algo que desejava entender: eu queria saber se o coração dela acelerava quando estávamos juntos.

Chegamos em seu prédio, ela me olhou enquanto soltava minha mão e entrou sem me dizer mais nenhuma palavra, nem um "adeus, Izzy." A observei subindo as escadas e pedi um táxi para minha casa. Quando cheguei apenas deitei na minha cama e comecei a escrever coisas que passavam pela minha cabeça... ela passava pela minha cabeça.

── Ainda não desistiu? ─ olhei para cima para ver Duff parado em minha porta.

── Do que está falando?

── Da Vanessa. Você acha que ninguém tá percebendo, né?

Fechei os olhos.

── Me deixe sozinho, Duff, por favor.

Ele suspirou e me deixou sozinho assim como eu costumava ficar antes.

𝐘𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄,  𝗜𝘇𝘇𝘆 𝗦𝘁𝗿𝗮𝗱𝗹𝗶𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora