Capítulo 4: Eu Me Chamo...

1 0 0
                                    

Não era meu costume acordar cedo durante as férias, mas por hábito, acabei despertando cedo de qualquer forma. Deitado na cama, me perdi em pensamentos intrusivos:

"Não é a primeira vez que divido moradia com alguém que não sejam meus pais, mas... eu realmente odeio isso. E logo agora, durante minhas férias. Poderia ter sido durante o período de trabalho, quando eu estaria ocupado, sem precisar me preocupar com a presença dela. No entanto, não posso mudar essa realidade. Não vou ajustar meus planos, a solução é simplesmente voltar a dormir."

Esses pensamentos trouxeram frustração e desânimo, a presença dessa pessoa desconhecida invadindo minha privacidade durante minhas férias tão esperadas era um incômodo. Eu apreciava muito minha independência e a presença dela era algo que eu definitivamente não apreciava.

Resistir ou reclamar não mudaria a situação. Aceitar e encontrar uma maneira de lidar com isso era a única opção. Talvez sutilmente ajustasse meus planos, mas, honestamente, não havia nada tão importante planejado para essas férias.

Decidindo que não valia a pena gastar mais tempo pensando nisso, fechei os olhos, determinado a voltar ao sono. Férias eram um tempo para relaxar, independentemente das circunstâncias. Esperava que o tempo passasse rapidamente para retomar minha rotina habitual, livre de qualquer desconforto ou intrusão.

Enquanto voltava a dormir, esperava que ao acordar mais tarde, tivesse mais ânimo e, possivelmente, encontrasse uma maneira de lidar com a presença indesejada em casa.

Mais tarde, quando a fome se tornou insuportável, finalmente me levantei para preparar algo para comer. Ao checar o horário, notei que já era quase noite, o que me fez questionar por quanto tempo havia dormido. Surpreendentemente, surgiu um pensamento inesperado:

"O que ela esteve fazendo durante o dia?"

Essa curiosidade em relação às atividades dela me surpreendeu, uma vez que raramente me importava com o que os outros estavam fazendo. No entanto, considerando sua presença temporária na minha casa, talvez fosse natural ter essas indagações.

Após me aprontar e organizar meus pensamentos, me preparei para abrir a porta do meu quarto. Para minha surpresa, encontrei-a parada no corredor, olhando em direção ao meu quarto. Quando abri a porta, nossos olhos se encontraram e surpresa, ela arregalou os olhos e logo desviou o olhar. O momento de silêncio que se seguiu foi um tanto inquietante, e eu decidi quebrá-lo com um tom provocativo:

— O que está fazendo aí? Sentiu minha falta?

Ela respondeu prontamente, num tom defensivo:

— Claro que não! Fiquei preocupada e vim ver por que ainda não tinha acordado. Não é normal alguém dormir até esse horário. Pensei que algo tivesse acontecido.

Fiquei levemente surpreso ao perceber que ela se preocupara, apesar de eu tê-la tratado de forma rude. Por educação, expliquei que costumava dormir até tarde durante as férias, já que não tinha muitos planos ou atividades para ocupar meu tempo. Para mim, talvez o sono fosse a única fuga momentânea dos incômodos que me cercavam.

Ela parecia intrigada e questionou se eu saía com amigos ou tinha uma namorada. Minha resposta foi direta:

— Se eu tivesse uma namorada, duvido que você estaria aqui.

Houve um breve silêncio, e ela parecia refletir sobre minhas palavras. Então, fez outra pergunta:

— Então, sua diversão é dormir?

Respondi com sinceridade:

— Não é por diversão. É simplesmente o melhor que posso fazer. Por que isso te surpreende?

A Jornada em Busca da Triste FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora