Um novo dia estava começando marcando não apenas um novo dia, mas uma nova fase na minha vida, uma que eu escolhi, apesar de...
— Ainda assim, acordar cedo não me agrada.
Ela respondeu:
— Pare de reclamar. Você concordou.
Eu retruquei:
— Concordei em ir com você, não em acordar cedo.
Ela riu e disse:
— Certo, certo, senhor Dorminhoco. Chega de reclamar e vamos.
Eu comentei:
— Queria ter metade dessa animação sua, ou melhor, nem isso. Só de imaginar-me assim, me dá medo.
Em pensamento, ela refletiu:
— Animação? Eu pareço animada? Por que pareço animada? Por que quando estou perto dele me sinto mais leve ao ponto de esquecer dos meus problemas? Eu não o conheço e não sei o motivo de sentir isso, mas...
Ela disse em voz alta:
— Então... vou fazer você se sentir mais animado do que eu!
— Não, obrigado.
Ela riu e disse:
— Não foi uma oferta. Idiota.
— Ok, ok. E para onde estamos indo? Já estamos andando há um tempo.
Ela respondeu com um sorriso:
— Bom, chegamos.
Quando olhei para o lado, vi uma placa escrita "karaokê".
Eu fiz uma expressão indiferente:
— Mmm.
Ela tentou me animar:
— Não faça essa cara de cachorro morto. Cantar é bom, você vai ver.
— Literalmente, ver.
Ela perguntou curiosa:
— Por quê?
— Eu não ouço música. Não sei nenhuma para cantarmos.
Ela suspirou, provavelmente pensando que eu era um caso perdido, e disse:
— Já imaginava isso. Se você não conhece o prazer de ouvir uma música ou cantá-la, precisa experimentar. Voltaremos aqui até você aprender pelo menos uma.
Relutantemente, concordei :
— Ok, darei uma chance.
Em pensamento, refleti sobre a situação:
— Eu nunca ouvi uma música e muito menos cantei uma. Talvez eu goste, mesmo que só pensar em tentar me faça não gostar da ideia. Não vou saber se não tentar. Aliás, não me lembro de ter tido aulas de canto. Isso não fazia parte dos interesses do meu pai?
Continuamos voltando ao karaokê algumas vezes até eu aprender a cantar algumas músicas. Eu poderia dizer que não gostei, que achei fútil, mas... ver o sorriso dela enquanto cantava, por algum motivo, fez com que eu gostasse daquele momento. No entanto, isso me fez pensar em algo que não me agradava muito: associar esse sentimento a algo que eu não gostaria de sentir tão cedo.
Eu estava começando a perceber que estar perto dela despertava emoções e sentimentos que eu não estava acostumado. Havia uma parte de mim que resistia a essa ideia, talvez por medo de me envolver emocionalmente. No entanto, não podia negar que houve algo especial naqueles momentos de karaokê
Passado algum tempo, enquanto estávamos voltando do karaokê, notei que ela olhava fixamente para algo do outro lado da rua. Embora houvesse várias lojas que dificultavam identificar exatamente o que ela estava olhando, provavelmente era algo relacionado à próxima atividade que faríamos. Eu já estava me preparando mentalmente para o que viria a seguir.
Sem que eu percebesse, imerso em meus pensamentos, chegamos em casa. Aproveitando a oportunidade, ela perguntou:
— E então, o que achou? — Ela estava visivelmente entusiasmada.
— Não gostei.
Ela pareceu um pouco desapontada e disse:
— Hm... entendi.
Em seguida, ela continuou:
— Certo! Apenas porque esse não deu certo, não significa que outros não irão. Temos que ter ambição.
Eu comentei de forma irônica:
— Essa convicção é incrível.
Ela agradeceu, mas percebeu minha ironia:
— Hm... então você gosta de fazer piadas?
Eu fiquei em silêncio por um momento, pensativo, e depois respondi:
— É. Talvez eu goste.
Ela sorriu e disse:
— Hm, não está totalmente perdido.
Curioso, perguntei:
— O que você quis dizer com isso?
Ela se virou, indo em direção ao seu quarto, e respondeu enigmaticamente:
— Não sei... quem sabe...
Fiquei intrigado com suas palavras e me perguntei o que ela queria dizer. Enquanto ela se trocava, fui preparar o jantar. Depois de um tempo, terminamos de jantar, decidimos que lavaria a louça e nos despedimos com um "boa noite", mas antes que eu saísse, ela disse:
— Você...
Eu perguntei:
— O quê?
— Você vê TV?
— Apenas para ver a previsão do tempo antes de ir trabalhar. Se quiser, pode usá-la.
Ela parecia preocupada em me incomodar e disse:
— Mas não vai te incomodar?
Eu respondi com um toque de ironia:
— Vai.
Ela ficou confusa e disse:
— Ué.
Eu completei, brincando:
— Mas, você já está me incomodando, isso é o de menos.
Ela riu levemente e disse:
— Hmpft! Foi você quem aceitou.
— Eu sei.
— Então não reclame.
— Ok, ok, senhorita.
Apesar das pequenas brincadeiras e provocações, havia uma conexão especial entre nós. Mesmo que eu não entendesse completamente o que estava acontecendo, eu estava disposto a aproveitar a tentar entender esses sentimentos.
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A Jornada em Busca da Triste Felicidade
Roman d'amourYori, um homem que passou a vida inteira imerso em um oceano de ódio e apatia, está preso em uma rotina monótona e desprovida de propósito. Cada dia se assemelha ao anterior, levando-o a questionar se algo mudará, embora saiba que é ele mesmo quem d...