Capítulo 2: Ela...

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"Conto com você."

Pela manhã, ao recordar das palavras que minha gerente disse, me perguntei se de fato havia algum significado mais profundo. Ela talvez quisesse que eu me esforçasse mais auxiliando a subgerente. Mesmo questionando, o máximo que obtive como resposta foi um simples 'não pense demais nisso'.

A forma espontânea com que ela agia me irritava no início, mas ao longo dos anos, me acostumei. Embora ainda me incomodasse o fato de ela dizer e fazer as coisas sem aviso prévio, no fundo, meu ser ansiava por uma mudança. Ainda que inconsciente, a ideia de uma mudança parecia estar se aproximando e eu me preparava para isso.

Levantei mais cedo da cama, suspirando pesarosamente e desanimado, como acontecia todas as manhãs. Devido à ausência da gerente a partir daquele dia, eu precisaria chegar mais cedo ao trabalho, uma vez que, além da subgerente, eu era o segundo a resolver as coisas por lá. Não me restava escolha, então, me arrumei, preparei meu café e parti para o trabalho.

Caminhando em direção ao trabalho, lembrei-me de que minhas férias estavam se aproximando. Decidi enviar uma mensagem para a gerente, perguntando quando começariam. Para minha surpresa, ela respondera que seria amanhã. Guardaria o celular e seguiria meu caminho, se não fosse por sua última mensagem:

— Estarei contando com você. 😉

— Até nas mensagens ela tem esse carisma irritante. O que será que ela quer dizer com isso? Parece que está sempre tentando me irritar.

Sussurrei para mim mesmo enquanto continuava meu trajeto até chegar à lanchonete. Em geral, quando a gerente estava ausente - com exceção do primeiro dia - minha rotina consistia em me preparar e atender aos clientes. Naquela primeira jornada, passei parte do tempo auxiliando a subgerente com tarefas relacionadas à operação da lanchonete, antes de começar minhas funções. Em grande parte dessas ocasiões, ela me solicitava para buscar suprimentos ou realizar tarefas externas.

Eu estava a voltar da rua, concluindo uma das tarefas que a subgerente me pedira, quando, ao me aproximar da lanchonete, notei uma figura parada em frente à porta. Era uma jovem com algumas bagagens, chamando por alguém que aparentemente se chamava Kim. Estranhei que ninguém a havia atendido ainda, mas compreendi que todos estavam ocupados. A distância entre a entrada e a área dos funcionários era considerável, e era fácil que ninguém tivesse ouvido seu chamado. Contudo, questionava-me sobre o motivo de alguém estar chamando tão cedo, especialmente quando uma placa com a palavra "Fechado" pendia na maçaneta da porta.

 Contudo, questionava-me sobre o motivo de alguém estar chamando tão cedo, especialmente quando uma placa com a palavra "Fechado" pendia na maçaneta da porta

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Imerso em meus próprios pensamentos, aproximei-me sem perceber que já estava a poucos metros da pessoa que chamava. O som dos meus passos a surpreendeu, fazendo-a virar-se para mim. Nossos olhares se encontraram e, por um instante, pude observar a expressão sem vida e melancólica em seu rosto, tão parecida com a minha. Era como se eu já a conhecesse, como se sua presença trouxesse uma sensação nova para mim. Surpreendido com o que senti, minha expressão denunciou minha reação. No entanto, ela também pareceu surpresa, e ambos, depois de alguns segundos de olhares surpresos, desviamos o rosto na tentativa de ocultar nossas emoções.

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