A situação era um tanto complicada, uma vez que a senhora que cuidava do orfanato nos providenciou um quarto com apenas um futon para nós.
Ji-su perguntou, preocupada:
— O que vamos fazer?
Eu, não tão preocupado quanto ela, respondi de forma descontraída:
— Dormir ou não dormir, eis a questão.
Ela me encarou com seriedade e indiferença e disse:
— Vai brincar mesmo?
Respondi, mantendo a brincadeira:
— Não vejo nenhum problema.
— Pode até não ver, mas acho que não é certo.
— Depois de ligar para cá, agendar um dia e dizer que eu queria muito vir, você fala de certo ou errado?
Um pouco desconcertada, murmurou:
— Ah... é... mas...
— Apenas deite e durma, não vou lhe atacar, eu prometo.
Ela respondeu com confiança:
— Eu sei que não vai.
— Como pode ter tanta certeza?
— Porque você não ia gostar disso. Tenho certeza que não iria querer causar problemas para si mesmo, certo? Afinal, você se irrita com tudo, não?
Suas palavras me deixaram um pouco irritado, mas também me fizeram refletir sobre mim mesmo. Então, respondi com alguma hesitação:
— Hm... é. Que bom que sabe. Então... vamos dormir.
Ji-su concordou, e em seus pensamentos, ela refletiu:
"Mas ainda acho que isso não é algo certo a se fazer. E se ele pensar em experimentar como é. Ou... Ah! De que importa eu pensar nisso agora? Esse idiota nem me vê como mulher mesmo. Vou apenas me focar em descansar."
Com isso, nos deitamos para dormir, cada um com seus próprios pensamentos sobre a situação incomum em que nos encontrávamos.
E assim, passamos à noite juntos.
— Não ponha dessa forma, idiota!
— Certo, certo.
Assim, terminou nosso dia. A noite passou rapidamente, e logo era manhã, mas Ji-su ainda estava dormindo quando eu acordei. Provavelmente, o dia anterior a tinha deixado exausta, e o dia que se iniciava prometia ser igualmente cansativo.
Saí do quarto e fui para o salão onde todos estavam reunidos. A senhora responsável pelo orfanato perguntou por Ji-su, e eu expliquei que ela ainda estava dormindo. Uma das três crianças que estiveram com ela no dia anterior ouviu minha resposta e correu para acordá-la, seguida pelos outros dois e pela senhora, que repreendia as crianças pela bagunça que estavam fazendo.
O local estava cheio de animação pela manhã, o que me incomodava um pouco devido ao barulho. Enquanto observava ao redor, notei a garotinha novamente me encarando à distância. Quando ela percebeu que a vi, sorriu e se afastou. Eu não sabia seu nome e, por um momento, considerei a ideia de perguntar, mas decidi não o fazer, ainda que minha súbita curiosidade em relação a ela fosse intrigante.
Logo, Ji-su apareceu com as três crianças, carregando uma expressão que quase não poderia ser descrita. Ela parecia um zumbi, com passos lentos, olhos cansados e a boca entreaberta. Seu cabelo estava um pouco desarrumado. A situação parecia tê-la esgotado completamente, principalmente por ter sido acordada tão subitamente por elas.
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A Jornada em Busca da Triste Felicidade
RomantizmYori, um homem que passou a vida inteira imerso em um oceano de ódio e apatia, está preso em uma rotina monótona e desprovida de propósito. Cada dia se assemelha ao anterior, levando-o a questionar se algo mudará, embora saiba que é ele mesmo quem d...