HEIDI
— O que aconteceu? — a garota que não se apresentou quis saber. — Por que ele saiu? Era a minha vez!
— Ele solicitou ela — Lícia apontou na minha direção, o que me fez estremecer.
Jean nunca me viu coreografar com o tecido acrobático, nunca me imaginaria em uma apresentação como aquela. E eu mudei desde que deixei a casa dele, assim como ele mudou, eu notei. O cabelo, antes comprido o suficiente para ficar preso em um pequeno rabo de cavalo, não existia mais. Ele ostentava um corte moderno, mais de acordo com a sua nova posição.
Também percebi novas tatuagens, apesar de estar distante e com pouca iluminação. Nenhuma mudança naquele homem passaria despercebida por mim. No entanto, eu passaria por ele. O cabelo comprido e bem cuidado, o corpo mais volumoso, o rosto escondido por uma máscara... o que aconteceu? Ele me reconheceu?
— Mas eu nem tive a chance... — a garota continuou. — Como ele pode escolher ela se nem sabe do que sou capaz?
— Amanhã, quem sabe — Lícia comentou com ironia. — Por enquanto, ela foi a escolhida e ninguém aqui contesta o que Jean Kuhn decide.
E eu tive a certeza de que ela citava o nome dele apenas para que eu sentisse mais medo do que já demonstrava.
Jean me reconheceu e me mataria assim que descobrisse toda a verdade.
— Vocês duas seguirão com o soldado. Você, Jade, venha comigo.
Em silêncio segui Lícia por mais um longo corredor. Pelo visto, o quarto que Jean ocupava ficava na outra extremidade daquele castelo de pedras. Ela nada disse quando os soldados passaram por nós, nem quando as mulheres de uniforme preto a paravam para perguntar alguma coisa.
Eu logo percebi que Lícia tinha voz naquele lugar, o que era perigoso, mas ela não me encarou nem por um segundo e quando entramos na ala que deveria ficar o quarto do grande senhor, o Capo, o ambiente mudou para um mais moderno, como um hotel de luxo, do tipo que você só conhece por filmes. Grandes lustres ornamentavam os tetos, móveis modernos, claridade, elegância.
E então, portas duplas, brancas com puxadores dourados, fechavam o acesso ao corredor. De frente a estas, dois homens. Lícia entrou sem se anunciar. Os soldados reconheciam a importância dela. Entramos no quarto de Jean, ou, o que eu imaginei ser.
Era tão grande que tornava-se impossível não imaginar que uma família viveria de forma confortável naquele espaço. Era maior do que a casa da minha mãe. Além de possuir móveis finos e exibir luxo em cada detalhe.
— Antes que eu te passe as instruções, preciso saber o que faz aqui, Heidi — ela questionou com aquele tom que deixava claro quem mandava na situação.
— O mesmo que as outras — eu respondi, escondendo o medo, como se soubesse que aquele era mais um dos estabelecimentos comerciais dos Kuhn. — Estive na escola da Sra. Clô. Fui treinada pelos Capri e estive no local que chamam de "A Casa" para uma seleção, quando Flávia me escolheu.
— Então seu retorno não tem nada a ver com a sua paixão desesperada pelo meu irmão?
Apesar da raiva, dei um sorriso escroto e deixei que meu corpo inteiro debochasse daquela situação.
— Paixão desesperada? — desdenhei. — Não sei qual a sua ideia, Lícia.
— Sra. Kuhn — ela me corrigiu.
— Sra. Kuhn — obedeci sem deixar de confrontá-la. — Mas eu busco o mesmo que as outras: dinheiro rápido e fácil. Pouco me importa se será o seu irmão ou qualquer outro idiota em minha cama, desde que pague.
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JEAN KUHN - A REDENÇÃO
RomanceNo livro Noah Moretti - O CEO que me protegeu os leitores conheceram o personagem Jean Kuhn. Agora terão a oportunidade de adentrar no perigoso, instigante, apaixonante e quente universo desse homem tão bruto quanto cheio de segredos. Vocês estão pr...