Capítulo 16

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SEM REVISÃO

Duda ao ouvir aquelas palavras, baixou os olhos para a taça que segurava, mordeu levemente os lábios.

— Não é justo brincar com isso. — murmurou enquanto buscava o olhar de Carmo.

— Não estou. Se tem algo que me foi ensinado duramente enquanto crescia era: ser leal a máfia e jamais brincar com o coração de uma mulher. Afinal do mesmo modo que a máfia precisa de mim, eu preciso de minha mulher, pois apenas ela saberá como acalentar meus tormentos.

— Você tinha a Catarina para isso.

Duda soltou e logo se arrependeu. Fechou os olhos por um momento, seu coração batia descompensado, seu corpo se agitava, pois, a brisa havia mudado de direção e com ela vinha o cheiro de Carmo que entrava por sua narina, percorria todo o seu sistema nervoso e lhe marcava como sua. Depositou a taça de forma brusca sobre a manta e em um impulso se levantou e se aproximou da beirava do gazebo, encarou o rio cristalino na tentativa de se acalmar.

Carmo permaneceu sentado, enquanto assistiu Maria Eduarda se levantar e se afastar dele. Entendia bem o que talvez acontecesse com ela, pois era o mesmo que acontecia dentro de si. Respirou fundo e permaneceu ali sentado, por mais que desejasse se levantar, segura-la em seus braços e toma-la para si, mas precisava se mantar lúcido, pois a todo momento que brisa trouxe o cheiro de Duda para si, seu corpo esteve no limite.

— Catarina serviu para um propósito. Ela sabia e concordava com ele.

— E então por que soube que ela fez cena ao saber de minha existência? — Duda se virou e o encarou. — Me desculpa, mas jamais irei entrar em um relacionamento sabendo que ainda existe algo inacabado entre vocês.

Duda sentia seu corpo tremer ao finalizar a fala. Soubera aquele fato sem querer, estava indo em direção a cozinha quando ouvira e reconhecera a voz de sua mãe que conversava com Lavinia. Se aproximou e então pode ouvir sua futura sogra confessando que Catarina não havia aceitado bem o fim do relacionamento, afinal ela quase se tornara a senhora Santorinni.

No momento que seu olhar encontrou com de Carmo, ficou sem reação, pois o carcamano lhe encarava e segurava uma risada. Semicerrou os olhos e deu alguns passos em sua direção.

— Pense bem, nos próximos passos cuore mio, pois não serei tão paciente assim.

— Aí está o Don. Bruto. Covarde...

Carmo se inclinou um pouco, segurou de modo cuidadoso, mas firme no pulso fino de Duda e a puxou para seu colo. Segurou uma risada quando ela tentou se defender enquanto se remexia sobre seu colo e com isso acabou arrancando um gemido dele.

— Você ameaça demais e faz de menos bambina. Talvez por isso eu lhe irrite tanto. — Segurou o pequeno rosto entre suas mãos e lhe forçou a lhe encarar. — Entenda de uma vez por todas, sim, eu transei por doze anos com Catarina, aceite o meu passado, como eu também sei que você aproveitou o tanto que pode e nem por isso, estou distribuindo balas por aí.

— Ah jura!? Não foi isso que ouvi na ligação de minha mãe.

— Cazzo! Se porte como adulta, Maria Eduarda e diga o que realmente passa por essa cabeça e o que seu coração pede para ser falado.

Carmo encarou a jovem que parou de se mexer enquanto lhe encarava. Duda sabia que ele estava certo, nunca precisara fazer aquele tipo de joguinhos, ela própria odiava quando faziam aquilo. Engoliu em seco e no momento que o encarou, seus olhos azuis lhe observavam atentamente, entendia perfeitamente quando diziam que quando o amor toma conta de seu coração, seu orgulho caí por terra.

Era isso que estava acontecendo consigo, estava tão acostumada a controlar a questão sexual, de como queria e como deveria ser quando estava com um homem, que não se preparou o suficiente para Carmo. Talvez mesmo que estivesse preparada, não poderia lutar contra o que estava sentindo.

Nascida Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora