Carmo já havia programado tudo. Até mesmo o modo como o assassino de seu pai seria morto. Ele espera a vinte anos por essa vingança..., mas não contava que seu falecido pai fosse alterar toda sua vida, com uma simples carta.
Maria Eduarda estava em...
Duda estava de olhos fechados enquanto aproveitava a brisa do início da manhã. O sol começava a esquentar a pele de seu rosto e corpo. Bem ao longe pode ouvir sussurros, mas permaneceu de olhos fechados. Ouviu farfalhar entre as roseiras do jardim de Vênus. Semicerrou os olhos e procurou entres as flores.
Avistou rapidamente o cabelo negro e cacheado, segurou um riso e fingiu novamente dormir. Ouviu novamente o sussurrou e uma risadinha breve. Sabia que a qualquer momento seria atacada e então preparou sua melhor reação de surpresa.
— BUUU!
— Ah meu Deus, estou sendo atacada por um jovem forte e feroz. — Abraçou o pequeno corpo a sua frente. Observou o rosto infantil de Fantino, os cabelos negros, mas com cachos cheios como os seus. Olhos azuis, lábios rosados muito bem desenhados. — Ah não é apenas meu pequeno filho.
— Não mama, eu so fote. — disse enquanto fazia uma carranca brava e um biquinho.
— Sim, você é muito forte. E posso saber com quem estava? — indagou.
— Solo. — Ergueu a cabeça e empinou o narizinho enquanto segurava uma risada.
— Se ousar, assustar sua esposa grávida, não irá gostar da punição, Carcamano.
Girou o rosto e encontrou Carmo pronto para lhe dar um susto, parou e logo riu baixo.
— Cuore mio, depois que se tornou mama, fica mais difícil tentar lhe assustar.
— Claro, você pisa como um elefante atrapalhado. — Duda o provocou, enquanto ajeitava o cabelo do filho.
— Piso suavemente, seu ouvido que é de uma velha fofoqueira.
— Veia fofoqueira. — Fantino repetiu entre risos.
Duda sorriu para filho, mas fuzilou o marido que se ajeitava a sua frente e lhe dava um olhar inocente. Quando pensou em falar algo, sentiu uma ponta em seu ventre arredondado. Fantino gritou de alegria e tocou na barriga da mãe. Aproximou do rosto e depositou um beijo.
— Oi, imazinhã. Vai demola a vi binca comigo?
Carmo por sua vez, se levantou, se ajoelhou e tocou com carinho no rosto da esposa e depositou um beijo em sua testa e assim como o filho mais velho beijou o ventre da esposa.
— Olá principessa. Já toda animada pela manhã? Querendo conhecer logo seu irmão, seu papa e mama?
Carmo fazia um carinho lento no ventre de Duda, sorriu ao ver o movimento que filha dentro da barriga da mãe e tocou com carinho no local. Ergueu seus olhos e encontrou os da esposa que dava um sorriso terno. Afastou a mão do ventre e tocou no rosto da esposa, se inclinou e colou seus lábios.
— Ecaa. — Fantino fez uma careta e se afastou dos pais.
— Conseguiu dormir bem essa noite? — Carmo indagou a esposa que acenou em positivo com a cabeça.
— Sim, mas senti sua falta ao meu lado.
— Desculpe, cuore mio. Prometo que as próximas noites estarei ao seu lado.
— Já me acostumei, carcamano. — Tocou em seu rosto, franziu as sobrancelhas por um momento ao ver uma mancha vermelha em seu pescoço, e voltou os olhos para o filho que brincava mais afastado. — Quando ele irá ser treinado? — perguntou baixinho e temorosa.
— Na realidade, as brincadeiras já são um treino, mas não se preocupe, ele jamais ficará tão longe de você, isso eu prometo.
Duda apenas acenou com a cabeça, sentiu a mão do marido segurando a sua enquanto, olhavam para Fantino que parou a brincadeira, voltou os olhos para os pais e acenou com a pequena mão.
— Faça com que ele seja mais mortal que você. — Duda pediu.
— Ele será.
Mais alguns anos depois...
— Olá, mama.
Maria Eduarda voltou os olhos para o filho mais velho que entrava, franziu as sobrancelhas ao ve-lo sujo de sangue e sorria de modo terno. Voltou os olhos para o marido que encarava o filho.
— Ao menos tome um banho, Fantino.
— Nha, mama já está acostumada, afinal ela é sua esposa e já deve ter lhe visto, mais sujo que eu. — Fantino sentou-se do modo brusco no sofá, enquanto encarava seu pai.
— Meu filho, precisamos conversar sobre...
— Não. Definitivamente não. — Fantino mudou o tom de voz, até mesmo o olhar terno se tornou frio.
— Você precisa escolher sua noiva, meu filho. — Carmo se levantou, se aproximou da poltrona onde a esposa estava, se posicionou atrás e tocou com carinho em seu ombro. — Aos onze anos eu já tinha uma prometida.
— Que bom para o senhor, papa. Mas não quero saber de boceta alguma, estou feliz sendo solteiro, fodendo quem quero e matando quem desejo ou mesmo quem me irrite.
— Ele puxou seu lado. — Carmo comentou baixo. — Adora um sexo sem compromisso.
— Ei, eu aproveitava minha solteirice, nem venha carcamano. — Duda deu um leve belisco na mão do marido que estava sobre seu ombro. — Fantino, você precisa escolher uma noiva. Senão o fizer, eu mesma irei garantir que até o fim do mês, você esteja noivo e ao fim do ano, casado. Está me ouvindo, bem?
Fantino sabia que algum momento aquela conversa sobre casamento iria pesar sobre seus ombros. Todos ao seu redor eram de certa forma felizes em seus casamentos. Seus primos e primas, até mesmo sua irmã mais nova já estava casada com um dos seus de seu pai e enquanto ele, corria daquele compromisso idiota.
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