Capítulo 22

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SEM REVISÃO

Ao voltarem para sala de jantar, todas as atenções caíram sobre casal que andava de mãos dadas e sorriam de forma cumplice. Duda sorriu para Catarina que estava no seu lugar, deu volta e se aproximou da cadeira perto de Manolo que se levantou para ajudá-la, mas foi impedido por Carmo que olhou seriamente para o tio que apenas observou em silêncio.

Duda a todo momento pode sentir o olhar de Carmo sobre si, as vezes voltava a atenção para ele e sorria. Não pode negar que depois do pedido de cuidado do carcamano, de certa forma pode sentir o olhar nada descarado de Manolo. Por mais que algumas pessoas quisessem sua atenção o homem de certa forma sempre a puxava para si e isso a incomodou muito.

Em determinado momento, enquanto a sobremesa era servida, Duda ouviu passos e logo alguns homens entraram e um se aproximou de Carmo, se inclinou e sussurrou algo em seu ouvido. Para todos passou despercebido, menos a ela. Enquanto Carmo mudava a expressão para algo tenebroso, pelo canto de seus olhos pode ver surgir um sorriso mesmo que mínimo no rosto do mais velho e sentiu medo.

Seu corpo gelou por inteiro por conta daquele projeto de sorriso, voltou a atenção a Carmo que jogava o guardanapo sobre a mesa, pedia licença a todos e saia acompanhando por seus homens e seus irmãos. Sentiu em suas entranhas se retorcendo, algo que jamais sentira antes. Em sua mente vários cenários se criaram e nenhum deles era bom para Carmo.

Tentou manter seu corpo calmo, mas a cada segundo que ouvia as vozes dos homens se afastando mais aquela sensação de medo tomava conta. Manteve a cabeça baixa, apertou com força a pequena colher que estava em sua mão e viu seus dedos ficarem brancos pela força usada. Sua respiração se acelerou no momento que seu coração começou a bater mais forte dentro do peito.

Sua garganta ficou seca, largou a pequena colher e pegou a taça a sua frente e tentou tirar a secura, mas parecia piorar. Girou a cabeça e encontrou os olhos Lavínia que a observava e viu o momento que a mulher entendia bem o que estava sentindo e a viu acenar com a cabeça na direção por onde os filhos haviam saído.

Duda não esperou muito, empurrou a cadeira com força, quase a derrubando e ganhando a atenção de todos. Todos a mesa ficaram confusos com a saída brusca da jovem, Patrícia encarou a cunhada e ambas se levantaram e se aproximaram da janela que havia no ambiente e assistiram algo que todos já esperavam acontecer, mas ficaram surpresas com a rapidez que acontecera.

Duda andou o mais rápido que suas pernas e a barra do vestido permitiram. Com dificuldade, tirou as sandálias que usava, pulando de pé em pé e as deixou jogadas pelo chão. Sentiu o frio do piso contra seus pés, ergueu a barra do vestido e correu em direção a porta de entrada da mansão. Parou na porta e encarou os homens que se aproximavam dos carros que os aguardavam.

— CARMO.

O homem por sua vez, conversava com seus irmãos e tentava entender o que realmente estava acontecendo. A informação que chegara era que um de seus depósitos onde ocorriam as torturas havia sido incendiado e não sabiam se havia algum prisioneiro ali. Uma das torturas que Carmo usava era de deixar a pessoa sem informação de o porquê está ali, sem comida e sem contato com luz solar.

Eram apenas poucas pessoas que podiam entrar, e isso foi algo que chamou sua atenção, pois gostava de mudar de local de tortura para justamente evitar uma possível fuga e agora com aquele incêndio sabia que havia infiltrados em seus homens. Não que não fosse comum e ele próprio sabia quem eram, mas gostava de deixar seus inimigos perto e sabia como lidar com eles.

Mas foi detido ao ouvir o grito de Duda, girou seu corpo e ficou sem reação ao ver a jovem segurando a barra do vestido, descalça, mas focou em seu rosto, pode ver a apreensão e medo e aquilo apertou seu coração. Deu o primeiro passo em sua direção, e em poucos segundos o corpo pequeno de Duda chocou-se contra o seu.

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