Nos pertencemos

481 64 26
                                    

Oie :)

Votem e comentem 🤩

Boa leitura <3

(...)

As coisas para Ayan não estavam fáceis. Na verdade, ele poderia dizer que estar naquele corpo fôra uma das coisas mais difíceis que teve de enfrentar.

Ray era tão quebrado que as vezes questionava-se se seria capaz de juntar todos os cacos para que ele pudesse se recompor.

Eram estilhaços demais. Traumas e medos demais.

Tinha medo de que o tempo que poderia permanecer não fosse o suficiente para fazê-lo melhorar ao menos um pouco.

A verdade era que não poderia ficar muito tempo naquela realidade, não podia habituar-se à estar ali, caso contrário, apossaria-se definitivamente daquele corpo e Ray viveria em seu passado.

As terapias, por sua vez, iam bem. Ayan estava acostumado à fazê-las, então, desabafava sobre tudo o que incomodava Ray diariamente.

O suicídio de sua mãe. A falta de cuidado de seu pai. O sentimento de ser deixado de lado. A solidão intensa e dolorosa que permanecia mesmo estando em um local lotado. A falsidade e a falta de cuidado de seus amigos. O medo de entregar-se e machucar o único que ele realmente importava-se. O medo de magoar aquele que amava.

Ayan não mediu esforços para despejar tudo que havia naquele pobre coração quebrado. Sabia que seria um processo lento e demorado recompor aquele corpo. Sabia que haveriam feridas que demorariam mais para se curar, sabia também que teria que deixá-lo antes que pudesse consertar tudo o que estava errado, mas esforçaria-se para que tudo estivesse menos pior quando Ray voltasse.

Queria que ele se sentisse ao menos um pouco mais confortável do que o comum.

Ele merecia viver uma vida boa.

Ray não era uma pessoa ruim.

Ele nunca foi.

Seus vícios não ditavam quem ele era.

Pakon não tinha maldade. A verdadeira maldade. Ele nunca pensou realmente em magoar alguém, e, quando acontecia, era sem querer e isso fazia-o remoer-se intensamente por dias e dias seguidos. Ele era incapaz de machucar alguém por escolha.

Talvez por isso também sempre aceitasse o pior de seus amigos. Tinha medo de falar a verdade e magoa-los ao dizer que na verdade odiava-os mais do que odiava à si próprio.

Ray não amava nenhum deles. Nem mesmo Mew. Seu coração era preenchido por uma cicatriz imensa provocada por aqueles que diziam ser seus amigos.

Ele nunca fôra capaz de perdoá-los por sempre afastá-lo quando nitidamente precisava de ajuda. Mas seu medo de ficar sozinho e talvez causar dor à eles era maior do que o rancor que guardava. Então aceitava ficar, mesmo que seu interior se remoesse em dor enquanto estava junto à eles.

O único sentimento verdadeiramente bom era o que Sand o causava. Aquele amor incondicional. Aquela gratidão eterna e admiração intensa.

Não havia nada de ruim quando tratava-se de seus sentimentos por Sand. Ray não guardava mágoa alguma, e Ayan ousava dizer que Ray seria incapaz de odiá-lo não importava o que viesse à acontecer.

Estava um pouco curioso para saber como estava sendo as coisas com Ray em sua antiga vida. Ele havia aceito estar com Sand? Ele enxergou que merecia amigos melhores do que os que tinha? Ele sentiu o quão bom era estar vivo?

Another me? (SandRay)Onde histórias criam vida. Descubra agora