Midgnight City

Capítulo 17

Assim que Dunk entrou no quarto, pude sentir o olhar fuzilante de Carlinhos em minha direção. Eu sabia que o que ele tinha visto, em algum momento, surgiria na nossa conversa e eu precisava ser muito cauteloso ao respondê-lo. Carlinhos era alguém próximo e importante demais naquele momento, afinal, ele era uma das peças chaves do meu plano.

"Quem é?!" ele perguntou, claramente querendo saber quem era o homem que tinha nos deixado e entrado, direto, no meu quarto. Phuwin, que até aquele momento parecia distraído trocando mensagens no celular, não resistiu e acabou soltando umas risadinhas antes de responder: "Até eu sair pra te pegar lá fora ele era o salvador da nossa bundinha, mas agora as coisas parecem ter mudado.."

A resposta de Phuwin quebrou um pouco a cara fechada de Carlinhos e o homem ficou pensativo por alguns momentos, antes de voltar a me encarar esperando uma resposta minha. Momentos como esse era fator determinante na minha amizade com Phuwin: Mesmo sendo uma bolha de pura raiva, depois que ele conhecia alguém, como ele conhecia Carlinhos, ele sabia trabalhar e manipular qualquer situação. 

"No momento quem ele é não é importante e sim o fato de que sem a ajuda dele nós não estaríamos aqui pra te dar mais respostas...", eu comecei a falar. "Deu alguma merda na saída e, simplesmente, não ficou ninguém para nos ajudar. Isso te cheira a que, Phu?"

"TRAI..", Phu começou a responder e logo foi interrompido pelo outro homem que nos acompanhava na sala.

"É importante porque ele tá aqui, BOTO!", ele disse levantando a voz e eu percebi que precisava falar algo ou o homem não me deixaria em paz. Lidar com Carlinhos era complicado, mas eu sabia que se tinha alguém que poderia encontrar o Mateo antes das 17h era ele. Então respondi:

"Carlinhos, se eu quisesse que ele escutasse a nossa conversa não teria pedido pra ele sair da sala.", comecei enquanto me servia mais uma dose. "Eu tenho certeza que você sabe quem ele é e, por isso, tá insistindo nessa conversa.", continuei falando, mas agora olhando firmemente em seus olhos que se assustaram com o que falei em seguida. "Todos nós sabemos que você faz questão de checar todos os clientes assíduos do The Ferrys. Você sabe que ele é um Leon e, pela sua reação, você já sabia do envolvimento da família dele com Tawan. Então, me diga, quem merece uma explicação aqui? Eu ou você?"

"Archen.. eu..", o homem recomeçou e depois de um suspiro e um tempo pensando disse: "Eu já ouvi o sobrenome dele várias vezes na casa de Tawan. A única coisa que eu sei era que o próximo negócio deles juntos ia ser grande, pois Tawan estava se preparando pra isso. É só isso que eu sei, eu prometo. Eu não te falei nada antes, pois eu não achei que era importante.. Afinal, depois que a gente assumir as coisas a gente ia encontrar essas respostas. Eu prometo.", ele terminou e me olhou, com certo desespero, aguardando a minha resposta.

Naquele momento eu tive a certeza de uma coisa: eu precisava, urgentemente, descobrir do que se tratava o envolvimento do Tawan com a família de Dunk. Afinal, além do meu envolvimento atual com o homem, a cada informação nova que eu recebia, eu percebia que aquilo era mais complicado do que eu imaginava e aquilo, com certeza, teria um peso muito importante no meu futuro. Olhei para Carlinhos e acenei com a cabeça antes de tomar mais um gole do meu copo. 

"Precisamos focar no nosso agora e no que precisamos fazer ainda hoje. Tudo sobre qualquer Leon pode ficar pra depois.." eu continuei, firmemente, direcionando a minha voz tanto para Carlinhos quanto para Phuwin. Meu amigo me respondeu com um sorriso e falou:

"A carga está segura, acabei de falar com os meninos e eles vão se revezar na vigília. Amanhã eu marquei de encontrar com o Podd para discutirmos como vamos mover tudo para um local mais seguro, já que com certeza o caminhão já foi marcado. Eu também entrei em contato com o nosso olho e ele disse que Tawan surtou e colocou a gente na lista do cabo... A gente precisa achar o Mateo, Boto".

"O que precisou ser movido do The Ferrys, foi. Não tem nada mais lá que implique a gente, Boto. Você sabe que eles já me excluíram de tudo, mas antes deles saberem que era tu que tava se movimentando contra o Tawan, eu recebi uma ligação e a minha próxima limpeza era um homem chamado Dominique Chavéz. Eu não cheguei a agir, mas você sabe quem ele é. O motivo pelo qual Tawan quer eliminar um cientista, não faz sentido."

"Luiz.", eu falei, pois assim que o nome Dominique surgiu a ligação foi imediata na minha cabeça. "Luiz e Dominique eram bastante íntimos, se eu posso colocar dessa maneira. Luiz pode não ter nos contado tudo o que sabia e é bem capaz de Dominique saber muita coisa. Phu, assim que lidarmos com Mateo o próximo passo é encontrar Dominique." conclui o pensamento e me voltei a Carlinhos: "C, você sabe o que precisa fazer. Ele tem que estar nas nossas mãos antes do fim do dia."

Carlinhos confirmou com a cabeça e começou a andar em direção a porta para ir embora. "Você me deve uma resposta Boto, mas eu vou deixar pra depois que eu resolver o Mateo."

"A gente precisa dele vivo Carlinhos!" disse Phuwin antes de o homem sair e bater a porta atrás dele. "Você me deve uma resposta também, querido amigo Boto. O que foi isso? Eu saio por menos de 5minutos e pah", continuou o meu amigo em tom de brincadeira.

Resolvi ignorá-lo, afinal, eu mesmo ainda não tinha raciocinado sobre o que tinha acontecido mais cedo com Dunk. 

"Phu, eu preciso que você fique aqui essa noite e que me ajude com o amigo do Dunk", eu disse acenando em direção ao quarto onde o homem dormia. Phuwin mandou um sorriso malicioso em minha direção e eu preferi ignorar novamente e me levantar. "Nos encontramos aqui ás 9h."

"Sim, senhor." disse ele rindo enquanto eu caminhava em direção ao quarto.

Eu esperava encontrar o homem dormindo ou ao menos cochilando, mas pelo jeito ele estava bem sério ao dizer que queria ter uma conversa comigo ainda naquela noite. O mesmo me esperava sentado em uma poltrona com o olhar fixado em cada movimento meu.

"Você realmente me esperou...", comecei e logo continuei depois de um suspiro, "Eu, realmente, não acho uma boa ideia você ir amanhã para onde você acha que deve ir. Eu sei que você não tem muitos motivos para confiar em mim, mas agora que estamos juntos nessa situação eu acho que devo te falar a verdade: não sei se será seguro, pois ainda não fazemos a menor ideia de como as pessoas do teu lado vão reagir ao que aconteceu hoje."

"Eu estava pensando nisso aqui, mas ainda acho que a melhor resposta é ir. Primeiro, justamente, para ver como essas pessoas vão reagir. Segundo, eu não acredito que vai ser tão perigoso, pois o evento é público e eu sou bastante conhecido.. Se eu não for e sumir, vai ser muito mais suspeito." Dunk me respondeu e eu já ia rebater, quando ele continuou olhando diretamente nos. "Eu entendo que vou precisar ficar sob os seus cuidados nos próximos dias. Eu entendo e estou de acordo." A maneira que ele falou isso fez uma corrente de energia correr pelas minhas costelas e eu senti o meu corpo todo se arrepiar. Isso nunca tinha acontecido comigo.

"Mas eu não posso simplesmente sumir. Vai ser pior se for assim..", ele continuou levantando e andando em minha direção. Assim que ele parou na minha frente, meu corpo foi mais rápido que minha mente e, quando eu percebi, já o tinha em meus braços. 

NOTAS DA AUTORA:

Primeiramente, me desculpem pela demora na atualização!!! Mil perdões!!! Além de ser sagitariana e só isso ser um motivo para o final do ano ser um evento único para mim, eu também estava na reta final  do meu penúltimo semestre, comecei a me preparar para duas provas de concurso e estou procurando emprego. Ou seja, tudo estava caótico. Eu estou organizando uma nova rotina e, como antes, prometo manter as atualizações semanais. Assim que estiver tudo organizado, ou seja, depois do ano novo, voltarei com uma programação semanal de atualizações. MUITO OBRIGADA POR TODOS OS COMENTÁRIOS E VOTOS. 

Prometo atualizar mais uma vez antes da virada, beijos.