Capítulo 24

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O resto da viagem com Phuwin foi bastante tensa e, completamente, silenciosa

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O resto da viagem com Phuwin foi bastante tensa e, completamente, silenciosa. O homem que na noite anterior, mesmo não muito feliz, tinha trocado brincadeiras comigo, naquele momento parecia extremamente puto comigo e perdido em seus pensamentos.

Por alguns minutos eu pensei em confirmar o que ele quis dizer com 'A pessoa do Boto', mas eu sabia que as chances de conseguir uma resposta eram mínimas. Archen havia tomado uma decisão e, pelo pouco que eu sabia, aparentemente eu havia me tornado algum tipo de Donna de Mafia Italiana, só que do grupo do Boto. Eu não era burro e nem gostava de me fazer de desentendido, eu entendi muito bem o que Phuwin quis dizer. O que eu precisava realmente entender era o que tinha feito Archen tomar aquela atitude. O homem se provara, mais uma vez, uma caixinha de surpresas.

Dos questionamentos de Phuwin, para um eu sabia a resposta: Boto me queria vivo e ao lado dele por conta da minha família. Mais uma vez, me fazer de desentendido não era uma característica minha. Eu sabia que o meu relacionamento com o homem era formado por um interesse mutuo e, naquele momento, super necessário. A verdade era que tirando Boto eu não sabia em quem confiar.

Meus irmãos e minha família sempre foram a família perfeita para a mídia, mas a verdade era que cada um vivia para os seus próprios interesses. Então se minha família estava, o que eu já tinha certeza, envolvida com o submundo, eles eram os últimos a quem eu chamaria por socorro. Os meus amigos, mesmo os mais íntimos como Pond, tinham problemas familiares maiores e as vezes até piores que os meus, então envolvê-los mais do que eu já tinha os envolvido estava fora de cogitação.

Naqueles 20 minutos que levaram no carro do The Ferrys até a casa que Phuwin me levou, eu cheguei a conclusão que aquela posição, como Pessoa de Boto, era a mais segura para mim naquele momento. Obviamente que ocupar esse lugar me traria consequências que estavam fora do meu controle, mas eu havia feito uma escolha e precisava lidar com ela.

A casa era muito simples, mas tinha uma vibe diferente do apartamento do estacionamento: mesmo com poucos móveis, a casa parecia vibrar conforto. A decoração era simples, mas bastante acolhedora. Phuwin me levou a um dos  quartos e me disse para começar a me preparar para o evento do fim da tarde que logo Boto chegaria. Preferi ignorar a rispidez de sua voz, afinal, quem me daria respostas era o homem que estava por vir e eu precisava, realmente, de um bom banho.

Fiquei repassando em minha mente o que deveria esclarecer com Archen e os meus objetivos iniciais para ir ao evento da minha irmã. Precisava, primeiramente, entender o motivo da mudança de ideia do Boto, já que eu havia pensado em ir a esse evento com o homem para despistar um possível sumiço e, principalmente, chamar a atenção para o meu parceiro nada convencional. Afinal, já era bem claro para mim que Archen era bastante imponente no seu meio, pois se fosse diferente ele não teria começado esse golpe todo. Levá-lo ao evento chamaria a atenção do Leon que estava envolvido com o antigo chefe de Boto, e essa pessoa, com toda a certeza do mundo, não ficaria parada. Afinal, Leons gostam de ter e de estar com o poder todo em suas mãos.

Pensei que Archen demoraria a voltar, já que ele parecia com urgência para resolver algum problema que estava fora do seu controle. Então, foi uma surpresa para mim, quando em menos de 1 hora a porta do quarto se abriu e o homem em questão entrou com acompanhado de sacolas de roupas de grife. Esperei que ele falasse primeiro, afinal, o rosto dele ainda parecia indecifrável. Ao colocar as sacolas na cama, ele partiu em direção ao banheiro, de onde pude ouvir o barulho da torneira da pia.

"O que antes era uma cooperação, vai precisar virar uma operação Dunk..", ele disse após um suspiro ao voltar ao quarto. "Mais cedo, o homem que era o nosso caminho para o próximo para os laboratórios, nos deu uma informação nada boa.. O verdadeiro responsável por esses locais é Kim Took."

Kim Took era um nome bastante familiar para mim e ele sabia disso. Foi impossível esconder a surpresa de meu rosto, afinal, Kim Took era um dos melhores amigos de minha irmã, o dono do local do evento de hoje, um dos meus amigos de infância e o meu ex e primeiro namorado. Algumas coisas começaram a se encaixar e eu pude entender o motivo pelo qual ele havia mudado de ideia.

"Como assim Boto? Você acredita nele? Isso é impossível.. E que porra é essa de laboratório?!", comecei a desparar, pois mais uma vez parecia que tudo que eu havia vivido até ali não havia passado de uma mentira.

O homem, então, sentou-se ao meu lado no sofá, buscou uma de minhas mãos inquietas e continuou a falar: "Sinceramente Dunk, eu não sei se é verdade, mas a probabilidade é muito alta. Por isso precisamos descobrir hoje se ele realmente é quem me falaram que ele era. No meu mundo é comum demais esse tipo de coisa acontecer, é comum as pessoas mais influentes terem uma vida social bastante ativa, pois assim eles conseguem mascarar e despistar quem eles verdadeiramente são."

Nesse momento, a mão que segurava a minha veio em direção ao meu rosto e o virou para ele. Olhando em meus olhos, ele continuou:

"Boto é alguém como essas pessoas, e é dele que, com certeza, você vai ouvir, a partir de hoje, coisas que podem ser muito horríveis. Se essas coisas são ou não são reais, eu vou deixar para você decidir. Archen é a pessoa que está falando com você agora e é, com mais certeza ainda, a pessoa que está pedindo a sua cooperação e compreensão. Você já deve saber que hoje pela manhã eu te dei o mesmo poder que eu. Para os meus homens a sua palavra será como a minha." Ele pausou aí e esperou uma reação minha. Eu suspirei e entendi. Me senti como o homem-aranha, pois a mensagem era clara: com grandes poderes vem grandes responsabilidades.

"Te dar esse poder veio com o título de meu amante e, me desculpe por não ter te consultado antes, mas era a única maneira deles aceitarem você sem questionarem. Você entende D? A partir de agora precisamos agir como o tal.."

Ele, mais uma vez, aguardou minha resposta. Eu precisava tomar uma atitude, senão ia sufocar com tanta informação e ordem. Levantei, dei um selinho em sua boca e disse:

"Então meu amor, tome um banho e tire todo esse odor horroroso de sangue e polvora de você. Pois eu me recuso a ter ao meu lado alguém que não esteja bem vestido e bastante cheiroso.." ele me encarou mais uma vez e deu um sorriso, esse que, dessa vez, chegou aos seus olhos.

Se eu tinha que encarar minhas consequências, pelo menos 50% teria que ser do meu jeito e sob o meu controle.

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⏰ Última atualização: May 21 ⏰

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