Assim que Dunk saiu acompanhado de Phuwin e Pond, a primeira coisa que fiz foi soltar um longo suspiro. Não seria nada fácil controlar e lidar com alguém como Dunk: o homem não parecia não escutar ninguém além de ele mesmo. Isso me preocupava, seria ele um aliado ou um problema? A noite que tivemos ontem foi bastante intensa, em todos os sentidos. E se eu o tivesse conhecido em qualquer outro momento, com toda a certeza o procuraria para um segundo round. Mas, esse não é o caso, e todo o meu foco precisa estar no meu grupo e no meu plano. Pessoas dependem de mim.
A mensagem de Carlinhos, mais cedo, havia sido bastante clara: ele já havia localizado Mateo e o próximo contato seria com o local de encontro. Eu sabia que ele era o homem para resolver isso. Não era a toa a fama que ele tinha. Resolvi tomar um banho e ao entrar no banheiro foi impossível não recordar o que tinha vivido ali na noite anterior, um arrepio correu pelo meu corpo ao perceber que o perfume do homem ainda pairava ali. Eu, definitivamente, não tinha tempo para isso.
Fiz o que tinha que ser feito e me preparei para o dia, que tinha tudo para ser conturbado novamente. Eu precisava que Carlinhos desarmasse Mateo, afinal, ele era o químico e o chefe do laboratório. O CD já tinha sido destruído, a distribuição sempre esteve na minha mão e na de Podd, agora, o que me faltava para desestabilizar completamente o poder de Tawan era o laboratório. Ou melhor, os laboratórios. Eu sabia que para evitar o rastreamento, ele usava pelo menos 3 locais diferentes. E eu precisava deles.
Estava me preparando para sair quando recebi uma ligação de Neo me avisando sobre o estado de Mark. Conversei com ele enquanto caminhava em direção a minha moto, pois precisava me encontrar com Phuwin. Eu e ele havíamos concordado em mudar o local onde "hospedaríamos" Dunk, pois aquele apartamento era muito próximo do The Ferrys e mesmo que poucas pessoas conhecessem aquela localização, o ideal era que não ficássemos tão perto de um local tão visado. Phu havia sugerido a casa de Anne e, por um momento, pareceu uma boa ideia. Mas, eu não poderia e nem queria envolvê-la naquilo. Não depois dela ter feito tudo o que fez por mim.
Resolvi então usarmos um imóvel que havia ganhado uns meses atrás de um cliente fiel, já que o mesmo ficava em um bairro mais suburbano e era localizado em uma área bem familiar. Somente eu e Phuwin sabíamos da existência desse local, o que facilitaria as coisas, pois eu tinha certeza que em algum momento teria que lidar com Carlinhos. Assim que liguei a moto senti uma vibração no aparelho que continha o número que havia dado para Dunk. Fiquei tenso e quando percebi havia perdido a ligação. Eu já ia retonar, quando ele ligou novamente eu atendi: "Eles estão aqui e eu tô ferido..."
Senti meu coração bater mais forte e algo tomou conta de mim. O que era isso?! Isso nunca tinha acontecido comigo. "O quão ferido você está? Tem como você procurar um lugar para se esconder?!"
"Eu não sei, eu não consigo ver muito bem a ferida na posição que eu tô.. Mas tá sangrando bastante. O filho da puta me cercou com a faca e eu..", ele começou a falar rapidamente.
"DUNK, respira fundo e me responde se onde você tá é seguro o suficiente até eu chegar?!"
Ouvi ele respirando fundo antes de responder: "Sim, acho que dá.."
"Fique ai, eu tô a caminho.".
Desliguei a chamada e procurei o número de Phuwin. Falei a ele que iria me atrasar e que ele deveria seguir com os planos ao se encontrar com Podd. Ele ficou confuso, mas algo no meu tom de voz fez com que ele recuasse e não perguntasse nada. Não sabia o que estava acontecendo com o meu corpo, mas segui, na maior velocidade que consegui, em direção ao apartamento de Dunk.
Passei primeiro pela frente do condomínio de prédios de luxo para observar a situação. Pude reconhecer dois carros que eram normalmente usados por homens próximos a Pete, um dos melhores amigos de Tawan e seu parceiro de negócios. Isso me deixou mais ansioso, pois se Pete estava envolvido, Tawan com certeza estava desesperado. Isso também levantava a questão da importância do envolvimento do mesmo com a família do Dunk, afinal, eles o estavam atacando na luz do dia. Muitos cenários passaram pela minha cabeça e eu agradeci por isso, pois desde quando tinha recebido a ligação não tinha conseguido, por um momento sequer, ter algum pensamento racional e aquilo não era normal.
Observei que a única maneira de entrar no prédio seria pela porta da frente, já que os muros eram muito altos. Fiquei pensando em uma estratégia, mas a sorte estava ao meu favor quando um carro parou na frente da garagem e abriu o portão. Esperei ele entrar e assim que os portões começaram a se fechar, eu o segui a pés. Ao encontrar a entrada das escadas de emergência do estacionamento, dei de cara com um corpo que de cara pude identificar como o porteiro já que o mesmo usava uniforme. Eles estavam realmente desesperados, pois tudo aquilo ali era uma grande bagunça e totalmente fora do padrão deles.
Eu não sabia quantos homem eram, mas eu só tinha comigo uma faca de batalha e uma 38, porém usar uma arma de fogo ali, com certeza, era um erro. O ideal era tirar Dunk dali evitando qualquer tipo de conflito mais forte. Liguei para ele e fui atendido prontamente, mas não esperei ele começar a falar e logo perguntei: "Onde você tá?", ele não me respondeu prontamente e tudo o que eu podia ouvir era uma respiração forte.
"Dunk, onde você tá?", perguntei novamente, só que dessa vez já comecei a subir os degraus.
"Calma..", ele sussurrou e eu esperei. Não demorou muito para que ele continuasse a falar: "Eu ouvi um barulho.. Archen, você tá aí ainda?"
"Sim, onde você tá?"
"Eu tô no segundo andar, numa porta de serviço.. Você vai demorar?! Eu...", ele continuou falando, mas eu não tinha tempo para isso. Conhecendo os homens de Pete, não demoraria muito para que eles percebessem que eu estava aqui. Afinal, deveria ter alguém observando as câmeras de segurança e a minha entrada não foi nada sútil.
"Fique aí, o sinal é 2 batidas", foi tudo o que eu disse antes de desligar.
Continuei subindo as escadas e pude perceber uma movimentação nos andares superiores. Eles estavam o procurando ainda. Me armei com minha faca e continuei em direção ao segundo andar. A subida foi tranquila e não encontrei ninguém nas escadas ou no corredor. Parecia mesmo que a sorte estava ao me favor. Encontrei a porta que Dunk mencionou, mas resolvi checar todo o perímetro antes de bater. Assim que sinalizei que estava ali, a porta se abriu e tudo o que eu menos esperava era o homem me puxar para dentro do espaço e se jogar em meus braços. Ele me abraçava e falava tão rápido que eu não consegui entender metade das coisas que ele falava. Senti seu peito nu junto e o seu corpo tremer e, por isso, sussurrei palavras que acreditava serem de conforto: "Tá tudo bem, eu tô aqui, você não tá mais sozinho.."
Depois do que aconteceu ontem e da reação que ele teve ao nos salvar e ao colocar Luiz no carro, tudo o que menos esperava era aquele tipo de reação. Quando ele se acalmou mais, eu separei o seu corpo do meu e busquei ferimento dele. Ele havia rasgado a blusa e parado o sangramento. Dunk realmente entedia de primeiros socorros.
Ele observava atentamente os meus movimentos e apertou fortemente os meus braços quando a minha mão tocou levemente o local do ferimento. Um sentimento desconhecido tomou conta de mim ao perceber que a ferida não parecia ser tão profunda.
"Archen.. Você realmente veio."
NOTAS DA AUTORA: Além da atualização de MC, hoje vou lançar a minha outra fanfic/AU JoongDunkPhuwin. Já vão sair logo 5 capítulos, então se te interessa, acompanha lá também.
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Midgnight City
RomanceDois mundos, dois homens, uma sexta-feira, um golpe. Archen, aka Boto, é um subchefe do tráfico, responsável por uma das áreas mais ricas e violentas. Ele vê na descoberta que o braço direito do seu líder está trabalhando para a polícia a oportunida...