Neo e Mark entraram no escritório e foram logo se servindo uma dose de whisky.
- Eu precisava disso. - disse Mark suspirando enquanto Archen os observava.
- Relax man! - Neo falou soltando uma risadinha e jogando o braço por cima do ombro de Mark - Boto, esse seu olhar tá me dando arrepios cara.. Confia nos teus brothers aqui, o pacote tá seguro e te esperando. - ele continuou e o seu rosto antes extrovertido, tomou um tom mais sério e frio - A entrega foi feita, agora cabe a você decidir o que vamos fazer com ele.
- Phu, você pode fazer a ligação. - disse Archen ao braço direito, que acenou afirmativamente com a cabeça e foi para um canto do escritório - Neo, Mark, ele viu vocês?
- Não man - respondeu Mark tensamente - Fizemos como você pediu.
- Nosso contato lá dentro apagou ele - continuou Neo - Ele só começou a despertar quando a gente já tava chegando aqui.
Archen se aproximou dos colegas e disse: - Vocês sabem o por quê de eu pedir isso pra vocês, certo?! Vocês podem escolher sair por aquela porta agora e ninguém nunca vai saber que vocês estiveram aqui hoje.
- Nós fizemos há nossa escolha a muito tempo Boto - afirmou Neo segurando na mão de Mark - Quem tá na chuva é pra se molhar.
Archen conseguia ver nos olhos dos dois que eles não mudariam de ideia. Tudo o que acontecesse daí por diante iria trazer consequências para todos, inclusive para seus dois amigos. Neo e Mark eram uma das poucas coisas boas que Boto trazia de sua infância, eles cresceram juntos naquele mundo e o destino deles não foi diferente do seu. A única coisa que mudava entre eles era que Neo e Mark tinham um ao outro desde sempre, e por esse motivo, ele não queria arrastar os amigos. Mas, sinceramente, ele não esperava uma resposta diferente. Ele sabia que eles sempre o seguiriam, afinal, era uma vida inteira assim.
Phuwin se juntou a eles no centro do escritório e disse: - Podemos começar, as peças já estão no lugar.
Boto acenou e os quatro partiram em direção ao depósito do bar. Ao atravessarem o lugar, ele observou as pessoas ao redor se divertirem e estranhou quando um dos frequentes se aproximou de Phuwin e o segurou pelo braço. O amigo que já estava tenso, fechou a cara mais ainda com o toque.
- Dunk Leon - Phuwin disse depois de respirar fundo e forçar um sorriso amarelo - Se divertindo eu vejo. - ele continuou ao perceber que o cliente já estava um pouco alcoolizado.
- Senhor Phuwin, agora que te encontrei que a minha verdadeira diversão está para começar - respondeu o rapaz ao mesmo tempo que puxou Phuwin para mais perto de si.
- Phu - disse Archen retirando a mão de Dunk do braço do amigo - Vão na frente que já sigo - ele comandou aos amigos - Senhor Dunk, certo?! - ele virou sorrindo para o homem que parecia não estar nada feliz de ter seu pulso preso nas suas mãos - Se as nossas apresentações de hoje não são o suficiente para a sua diversão, me permita lhe oferecer algo por conta da casa. - ele disse ao mesmo tempo que acompanhava, ou melhor, puxava Dunk de volta para a mesa e acenava ao garçom para que trouxesse mais bebidas.
- Tsc, você poderia me soltar?! - disse Dunk tentando soltar o braço - Eu não preciso de nada por conta da casa, posso pagar. Eu preciso que você me solte!
- Me desculpe, me desculpe - respondeu Archen sorrindo, mas sem soltar o braço de Dunk - Phuwin tem um compromisso muito importante agora e, infelizmente, não poderá lhe fazer companhia.
Assim que chegaram a mesa, Archen soltou o braço de Dunk e o mesmo parecia realmente puto. Ele percebeu também que uma das companhias do cliente era alguém que conhecia muito bem, alguém que poderia lhe causar muitos problemas caso descobrisse o que estava prestes a acontecer.
- Boto, meu brother - cumprimentou Force, sobrinho de Tawan, com aquele sorriso cínico que Archen odiava - Não sabia que você estava aqui hoje, senão teria ido lhe cumprimentar.
- Force, não se preocupa com isso mano - sorriu Boto ao responder no mesmo momento que o garçom chegava - Uma cortesia da casa, espero que vocês tenham uma boa noite. - disse permitindo que o garçom os servisse. - Agora, se me dão licença.
- PARA ONDE VOCÊ PENSA QUE VAI? - indagou Dunk puto ao segurar no braço de Archen.
- Você tem uma mania feia de segurar as pessoas, não acha?! - respondeu Boto sorrindo e soltando a mão do cliente, que foi impedido pelos amigos de tentar novamente. Ele, então, acenou uma despedida, desejou novamente uma boa noite e partiu em direção a porta de trás do bar. Ele sabia que com Force no bar, todo cuidado a partir dali deveria ser redobrado. Ao chegar no depósito percebeu que todos o aguardavam. Phuwin estava sentado em uma cadeira na frente de Luiz, o braço direito de Tawan, que ainda estava vendado. Ao ver Boto se aproximar, cedeu o lugar ao líder e se posicionou ao lado dele. Boto acenou para um de seus membros retirar a venda de Luiz e, de repente, o seu rosto mudou completamente, os sorrisos que tinha dado minutos atrás se transformaram em um olhar rígido e certeiro:
- Boa noite Luiz - começou - Não vou perguntar se está bem, pois claramente não está. Também não vou dar voltas, vou falar o que quero de você e vou te dar uma escolha. - continuou olhando firmemente nos olhos do cara a sua frente - Você responde todas as minhas perguntas e eu te dou a liberdade, a chance de sair daqui com uma nova identidade e uma nova vida, com muito dinheiro é claro.
- HAHAHAHA! Boto, meu man - respondeu Luiz - Quando aquele filho da puta me deu o café, eu esperava qualquer outra pessoa, menos você. Nem sabia que você tinha culhões - continuou entre risadinhas.
Phuwin se aproximou de Luiz e lhe deu um soco.
- Se eu fosse você levava isso aqui mais a sério, não é sempre que a vida te dá oportunidades como essa - Falou Phuwin.
- Ficou bravinho porque eu falei que seu amigo não tem culhões Phuphu?!? - respondeu Luiz cuspindo um pouco de sangue e olhando ao redor dele - Vejo que a creche tá toda reunida aqui hoje, Tawan ficaria feliz.
- Tawan, Tawan. Ele certamente ficaria feliz ao te ver, não achas Luiz?! - retomou Archen - Tenho uma ideia de como ele ficaria feliz ao te encontrar hoje, depois de descobrir que você tava trabalhando para a polícia - ele continuou ao perceber que o rosto de Luiz foi perdendo cores. - Depois de descobrir que você foi o responsável por aquela carga milionária ter sido apreendida pela polícia. - continuou lançando um sorrisinho ao perceber que Luiz havia ficado surpreso com a afirmação.
- Co, co-m, como você sabe disso?
- Sabendo. - respondeu Archen sorrindo - Se Tawan descobrir mais isso, eu não vou ser o único sem culhões aqui, não achas Phu?! - perguntou ao amigo que agora colocava a mão no ombro de Luiz.
- Pense muito bem antes de responder - aconselhou Phuwin tirando o celular do bolso e mostrando uma foto para Luiz - Lembre que não estás respondendo só por ti.
- QUEM VOCÊS PENSAM QUE SÃO?! - gritou Luiz - Uns merdinhas desses querendo me ameaçar?! Vocês acham que ele vai deixar isso passar..
- Eu disse pra você pensar antes de responder - disse Phuwin depois de dar outro soco em Luiz.
- Luiz - disse Boto calmamente - Quem não tem nada a perder e a proteger, não tem nada a temer. Claramente, esse não é o seu caso. - e ali, ele sentiu que tinha atingido o ponto fraco de Luiz - Então, podemos começar?
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Midgnight City
RomanceDois mundos, dois homens, uma sexta-feira, um golpe. Archen, aka Boto, é um subchefe do tráfico, responsável por uma das áreas mais ricas e violentas. Ele vê na descoberta que o braço direito do seu líder está trabalhando para a polícia a oportunida...