Capítulo 4

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A resposta foi enviada para Leonardo depois de uma semana, foi uma resposta simples, direta ao ponto, aprovada por seu pai. A princesa Giovanna nunca havia dobrado uma carta de rejeição com o coração tão pesado, sentia que estava selando a última palavra sobre todas as chances de evitar esta guerra inútil. Ela se viu agarrada desesperadamente às palavras daquele guerreiro para encontrar um pouco de paz de espírito. Alexandre disse a ela que a guerra iria estourar de qualquer maneira e que ela não poderia fazer nada a respeito. Esperava que, de certa forma, isso fosse verdade, Giovanna não podia acreditar no contrário, porque estava mais do que disposta a se sacrificar pelo bem das pessoas que amava.

Agora seus olhos pareciam ter percebido o que realmente estava acontecendo, ela notou cavaleiros indo e vindo, juntando armas, grãos.. ela ficou horrorizada. Ela esperava que todos os rumores sobre a força bruta de Nero fossem verdadeiros, de acordo com Humberto, ele sozinho contava como um exército inteiro.

Um dia ela e suas criadas estavam passeando pelos jardins e caminhando ao lado da floresta onde a guarda real costumava treinar. Giovanna ouviu o barulho de espadas e suas criadas queriam espiar os treinamentos. As damas encontraram um local isolado onde poderiam olhar sem perturbar o foco dos guerreiros. Ela geralmente não gostava de ver pessoas brigando, mesmo que apenas para treinar, ela odiava todas aquelas manifestações violentas e ficava apavorada com a ideia de ver sangue sendo derramado. Ela sentiu um nó na garganta, mas decidiu olhar mesmo assim e pela primeira vez o viu lutando.

Alexandre estava parado, em um canto, e para grande consternação dela e para a felicidade de suas criadas, ele treinava com o peito orgulhosamente nu, uma camada de suor fazia sua pele brilhar no luz solar e por mais de um segundo seus olhos foram cativados pelo subir e descer do peito dele. Quando ele finalmente se moveu, ela não conseguia acreditar no que via Nero parecia guerreiro selvagem manejando a espada e o escudo como se fosse outra arma letal em suas mãos

Ela colocou as mãos na boca quando ele se moveu com tanta velocidade que ela nem teve a chance de descobrir o que estava acontecendo, ela só viu Humberto literalmente voando para longe. Ela percebeu que havia gritado quando sentiu o olhar severo de Nero sobre ela e desviou os olhos do irmão por um segundo, apenas para fixar os olhos nos dele. Alexandre olhava com uma carranca profunda no rosto e ela sentiu o rubor cobrindo suas bochechas. O olhar dele sobre ela era tão intenso que parecia ser capaz de abrir um buraco em seu crânio. Giovanna se virou para o irmão mais uma vez e viu que ele estava de pé. Ela teve que se esforçar para não correr ao lado dele, para não ferir seu orgulho.

Suas criadas perceberam seu desconforto e gentilmente a incentivaram a sair do campo de treinamento e voltar para casa. Ela ficou abalada e começou a tremer. Naquele dia, ela permaneceu sozinha em seu quarto, praticando o violino. Ela se certificou de que a fita rosa estava presa na porta e bem exposta. Não queria ficar sozinha com aquele homem selvagem, nem por um segundo. Ele era indomável, e o olhar severo que ele dirigia para ela quando segurava suas espadas era tão assustador que ela não conseguia acreditar que pudesse olhar para ele nos olhos novamente.

Quando a princesa mimada lhe deu as costas, Alexandre se sentiu um pouco culpado por ter olhado para ela com tanta severidade. Por um segundo ele temeu que ela corresse para o lado de seu irmão, ferindo assim seu orgulho. Nero  estava apenas tentando evitar isso, mas talvez tenha feito da maneira errada porque ela olhou para ele com uma expressão de medo antes de virar as costas e literalmente fugir dali. Por mais que eles não gostassem um do outro, o guerreiro não queria que ela tivesse medo dele. Ele nunca iria machucá-la nem ameaçá-la.

Humberto e Romulo disseram a ele que Giovanna nunca havia agido assim com ninguém além dele e que ela geralmente era graciosa e falante com os convidados do palácio. Alexandre afirmou que não se importava nem um pouco. Uma parte dele estava ciente do fato de que não sabia como se comportar com mulheres da posição dela. Ele geralmente só tinha que falar com plebeus, camponeses, prostitutas de taverna... caramba, sua mãe era filha de um criminoso! O que eles esperavam dele?

A Bela e o BrutoOnde histórias criam vida. Descubra agora