Capítulo 6

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Seus pés cheios de bolhas estavam a matando lentamente. A dor estava se tornando cada vez mais insuportável a cada passo que ela dava, mas ela tentava suportar. Giovanna não queria ser repreendida por Nero pela enésima vez naquela noite. Ele continuou se virando com um olhar ameaçador que ela tinha certeza de que intimidaria até mesmo o inimigo mais temível em um campo de batalha. Depois de um tempo ela desistiu - Não aguento mais nenhum passo, Nero

Ele se virou para ela e emitiu um suspiro alto e descontente e gesticulou para ela se sentasse - Fique aí - O guerreiro começou a murmurar coisas que ela não entendia.

A princesa se sentou no local que ele havia sinalizado, ela realmente queria chorar de dor, mas transformou os lábios em uma linha fina e aguentou. Nero estava recolhendo lenha para a fogueira. Giovanna tinha que admitir que nunca se imaginou dormindo no meio de uma floresta e a ideia a teria assustado, mas... a presença dele, mesmo que desagradável, era estranhamente reconfortante. Apesar de seu tratamento rude, ele a fez se sentir protegida.

- Tem um pouco de comida nesse saco. Coma alguma coisa enquanto eu acendo o fogo

Assim você pode dormir e me deixar em paz. Ela finalizou mentalmente a frase. O guerreiro estava fazendo tudo ao seu alcance para mostrar a ela o quanto estava odiando essa jornada e ela não deixou escapar a chance de retribuir - Obrigada, Nero - Suas boas maneiras a traíram, mas agora ela sabia o que esperar dele, e de fato seu rosnado rude chegou um segundo depois. Ela comeu seu pão enquanto ele acendia o fogo - Bem, agora eu vou..

- Me mostra seus pés - Alexandre se sentou ao seu lado enquanto dizia com um tom áspero

Giovanna olhou para ele boquiaberta - O quê?

- Eles estão machucados, não estão?

Giovanna assentiu e seus olhos se encontraram enquanto ele movia a mão em direção aos pés dela, mas ela os recuou. Alexandre permaneceu com a mão no ar, o olho colado nela e Giovanna sentiu o rubor subindo por seu pescoço - Nero! Não posso te mostrar meus pés! É totalmente impróprio

Ele cerrou os dentes - O que eu disse sobre essas besteiras? Agora. Me. Mostre. Seus. Malditos. Pés - Ele pausou cada palavra para deixar o medo penetrar entre cada sílaba.

Giovanna engoliu em seco e então tentou encará-lo - Tudo bem! Mas nunca se atreva a falar sobre isso com ninguém

Alexandre finalmente alcançou seus pés e agarrou-os provavelmente com mais força do que o necessário - Como se eu estivesse interessado em me gabar de ter tocado os pés de vossa metideza

Giovanna emitiu um som indignado, mas Nero encolheu os ombros e colocou os pés no colo dele e com um movimento rápido, tirou as meias brancas. Ela nunca se sentiu tão vulnerável em sua vida e sentiu o rubor subindo por toda parte. Se perguntou se seus pés poderiam corar e se ele estava percebendo. Alexandre examinou os pés dela cuidadosamente e então se levantou - Não se mova

Ela assentiu, ele acenou de volta e remexeu na bolsa por um tempo tirando um frasco pequeno. Quando se sentou novamente colocou os pés dela em seu colo sem muitas cerimônias, causando outro tumulto interno no estômago de Giovanna. Ela se pegou pensando que nunca havia sido tocada tanto por um homem em toda a sua vida - O que você está fazendo, Nero? - Ele tirou um pouco do líquido do frasco e com um toque surpreendentemente gentil começou a massagear os pés dela. O alívio foi instantâneo, principalmente naquelas bolhas que estavam a matando

- Só evitando você desacelere essa jornada mais do que o necessário - Giovanna olhou para ele descontente e por um instante ele deu um pequeno sorriso que fez seu coração bater de forma descompassada. Giovanna concluiu que a situação era tão surreal que nem seu corpo sabia como se comportar - Quando foi a última vez que você se expôs ao sol? - Nero parecia estar se divertindo enquanto pegava as bandagens e começava a enrolar os pés dela

A Bela e o BrutoOnde histórias criam vida. Descubra agora