Giovanna não havia pronunciado uma frase completa desde aquele momento. Alexandre não sabia se fez a coisa certa ao informá-la daquela forma, mas ela tinha todo o direito de saber o que estava acontecendo, além disso, ele não queria que ela descobrisse isso por meio de um estranho. Não que a princesa o considerasse mais do que um mero conhecido, mas ainda assim... ele olhou para ela, sentado com as costas apoiadas em um tronco, segurando suas pernas, o rosto reclinado sobre os joelhos. Parecia uma criança assustada - Coma alguma coisa e depois tente dormir. Vou ficar de vigia
- Como você soube da guerra, Nero? - Giovanna perguntou com a voz trêmula
- Aqueles homens do Leonardo falam demais - Alexandre olhou para o horizonte
- Eles falaram algo sobre minha família? - Giovanna passou as costas da mão direita em suas bochechas e percebeu que estava chorando
- Não
- Nero. Por favor, não me esconda nenhum detalhe, mesmo que possa ser doloroso - Giovanna mordeu o lábio
- Eu prometo não te esconder nada princesa - Alexandre se levantou - Agora coma - Ele deu alguns passos ao redor, para verificar se a área estava segura
Eles encontraram um bom lugar para passar a noite, mas um vento frio começou a soprar e o guerreiro temia que Giovanna não dormisse muito. A opção de procurar um local mais protegido não estava em questão porque estava tão escuro que era quase impossível ver alguma coisa. Quando voltou viu Giovanna deitada no chão, tremendo. Ele se ajoelhou para dar a ela sua capa - Toma, acho que ela já é mais sua do que minha
- Obrigada, Nero - Giovanna agarrou a capa em resposta
Aquele maldito vento frio soprou pelo resto da noite. E ele não conseguia dormir porque havia um pensamento perturbador que continuava atormentando sua cabeça, como os homens Leonardo os encontraram? Apenas poucas pessoas sabiam sobre a sua viagem e menos ainda sabiam a sua rota exata. Havia um traidor, mas quem?
No dia seguinte, Giovanna estava com uma cara desolada que o fez querer sacudi-la pelo ombro. Alexandre se pegou pensando que a preferia quando ela fazia o papel da princesa mimada. Pelo menos naquele momento os olhos dela pareciam iluminados, agora ela estava andando com o rosto voltado para o chão.
A sensação de que algo estava errado começou a aumentar à tarde, ele tinha certeza de que tomaram todas as precauções possíveis, evitando aldeias e mantendo o caminho que passava pela mata. Mas ele tinha a nítida sensação de que estavam sendo seguidos. De novo. Eles viram uma ponte ao longe e alguns homens caminharam em direção a eles. Alexandre protegeu o corpo de Giovanna com o seu e colocou a mão no punho de sua espada.
- Esconda-se atrás daquela árvore e não olhe - Alexandre murmurou quando a viu com os olhos arregalados. Por uma estranha razão, a ideia de ela vê-lo derramando sangue era tão perturbadora que ele não conseguia suportar. O guerreiro se lembrou das palavras do rei Vitor, Giovanna só conheceu a paz. Ele não queria ser aquele que mostrava a ela o quão cruel o mundo poderia ser.
Giovanna assentiu e correu em direção à árvore que ele indicou enquanto desembainhava sua espada. Aqueles dois idiotas eram fortes, a luta foi furiosa e eles combinaram seus ataques para manter Alexandre engajado - Nos entregue a princesa e nós deixamos você em paz
- Bela oferta - Alexandre sorriu enquanto cortava o braço de um deles - Mas eu passo - Eles continuaram brigando assim por alguns minutos, mas Alexandre percebeu que algo estava errado, eles pareciam estar criando uma distração ou algo assim. Ele virou ligeiramente o olhar para o local onde Giovanna estava escondida e viu um homem se aproximando dela. Alexandre respondeu aos ataques furiosos e gritou - Corra!
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A Bela e o Bruto
Ficción históricaGiovanna é uma princesa mimada acostumada apenas com o lado bom da vida, Alexandre um guerreiro que cresceu com os horrores da guerra. Com os avanços da Áustria no reino de Piemonte os opostos serão forçados a conviver até que toda a terra seja unif...