A Bela e o Bruto

Capítulo 20

Giovanna e Zé Alfredo estavam conversando em frente a lareira de sua casa, enquanto Tonho já dormia profundamente. Giovanna continuou olhando para a porta, esperando que ele a abrisse, ela não gostou da ideia de eles terem brigado antes de ele sair no meio do perigo.

- Uma vez que ele está pensando em algo, é impossível fazê-lo mudar isso, Giovanna. Alexandre sempre foi assim, mesmo quando era criança

- Eu reparei. Tivemos uma pequena discussão antes de ele sair e agora estou um pouco preocupada - Giovanna suspirou

- Acho que ele também está se arrependendo. Ele não é o homem mais educado da Terra, longe disso, na verdade - Zé Alfredo sorriu para ela - Mas me deixe te dizer uma coisa, ele está crescendo com você, já está tão mais leve. Então, por favor, seja paciente com ele, Giovanna. A guerra deixou muitas feridas dentro dele, hoje em dia ele se sente em dívida com todos os que partiram e ele não conseguiu salvar, por isso se fecha com medo de decepcionar mais alguém

Giovanna sentiu um nó se formando em sua garganta, ela se sentia tão estúpida por tê-lo desafiado daquele jeito! Ela poderia ter dito as coisas que queria de uma maneira diferente. Ela suspirou - Na verdade, é parcialmente minha culpa, Zé Alfredo.. às vezes eu posso ser bem cabeça dura 

Nero não voltou naquela noite. Ela tentou ficar acordada, mas em determinado momento adormeceu, segurando Tonho nos braços. A última coisa que ela viu foi que Zé Alfredo ainda estava bem acordado e trouxe sua espada para perto dele.

A princesa acordou na manhã seguinte e viu que Zé Alfredo já estava de pé ou provavelmente nem dormiu - Bom dia Giovanna!

- Bom dia Zé Alfredo! O Nero...? - O velho apenas balançou a cabeça e ela mordeu o lábio inferior - Entendo

- Venha, vamos tomar café da manhã - O tio sorriu para ela

Horas depois, Giovanna estava tentando se distrair explicando algumas letras para Tonho, Zé Alfredo deu um livro para eles e Tonho subiu em seu colo e pediu que ela o ensinasse a ler. Ela concordou encantada, Tonho parecia genuinamente curioso e fez perguntas muito inteligentes.

- Tonho, continue assim e você aprenderá a ler rapidamente. Essa letra? Você se lembra qual é? - Giovanna o elogiou

- G de tia Gio - Tonho respondeu alegremente

- Isso mesmo - Giovanna deu uma risadinha - E essa?

- S de saudade, igual você tá do tio Alê - Zé Alfredo sorriu vendo a interação, se não fosse uma princesa Giovanna daria uma ótima professora.

Eles ouviram algumas vozes nas ruas e ela reconheceu a voz de Chay, seu sangue gelou nas veias. As vozes se aproximaram e ela se levantou e virou Tonho nos braços, instintivamente colocando a mão em sua cabeça para pressioná-lo contra seu peito. Zé Alfredo levantou-se e correu para a porta.

- Zé Alfredo nos ajude! Alexandre está ferido, está perdendo muito sangue! - Chay gritava

Giovanna queria seguir Zé Alfredo para fora, mas suas pernas estavam congeladas. Ela ouviu a voz de Rodrigo - Seu idiota. Não desmaie até deitarmos você na cama, você é pesado

- Vai se foder, Rodrigo - A voz dele nunca soou tão frágil antes

Giovanna fez um movimento para correr em direção a ele, embora suas pernas parecessem gelatinosas. Ela pressionou a cabeça de Tonho em seu peito, a criança estava chorando, ele estava com medo tanto quanto Giovanna - Calma, Tonho - Quando ela finalmente o viu, seu coração parou de bater em seu peito, ele tinha uma ferida profunda no peito e a parte superior de sua camisa estava encharcada de sangue. Os olhos dela se encontraram por um segundo com os dele - Nero...