Foi Marina quem trouxe Giovanna de volta à realidade. Desde que abriu os olhos, ela pensou que estava sonhando, porque não havia a menor chance de Nero estar realmente ajoelhado na frente dela. Ela não entendeu uma palavra do que ele estava dizendo e se sentiu um pouco nervosa quando ele começou a tocá-la sem muitas cerimônias, mas então percebeu seus olhos frenéticos percorrendo seu corpo de forma aterrorizada e ela entendeu que algo o estava profundamente enervando.
Ele parecia não estar ouvindo ela, então em certo momento ela se viu segurando seu rosto para forçá-lo a olhar para ela e quando seus olhos finalmente se encontraram, ela sentiu um frio na barriga e seu coração deu um pulo, como se estivesse ficando no lugar certo novamente. Ela poderia ter ficado ali para sempre, com a testa dele pressionada contra ela e as palmas quentes tocando seu rosto. Mas Marina emitiu um som animado que Indira tentou abafar sem sucesso e Nero tirou as mãos do rosto dela. Ela entendeu a dica e fez o mesmo, depois de lhe dar outra carícia com os polegares, a pele dele era surpreendentemente macia sob as pontas dos dedos. Ela se virou para as meninas e descobriu que Tonho também estava de volta carregando suas flores.
Alexandre se levantou e estendeu a mão na direção dela e acenou com a cabeça - Pegue Tonho e volte para casa
- O que está acontecendo, Nero? - Giovanna pegou a mão dele, não queria ficar sem seu toque
- Descobri que Leonardo libertou alguns criminosos de uma prisão para criar confusão nas terras do rei Vitor de Piemonte - Alexandre explicou segurando sua mão firmemente. Giovanna engasgou, mas conseguiu evitar perguntas, Alexandre acenou para ela em compreensão e continuou - Um daqueles criminosos foi visto vagando por essas terras - e baixou a voz - procurando por uma princesa - Os olhos de Giovanna se arregalaram e ela sentiu seus lábios tremerem. A testa de Alexandre franziu - eu e Chay voltamos de Livorno assim que pudemos - ele sinalizou um jovem parado ali, olhando para ela boquiaberto. Ela corou e curvou-se ligeiramente, ele conseguiu de alguma forma fechar a boca e retribuiu o gesto dela com uma reverência brusca.
- Mas... se bem me lembro... Livorno é bem distante daqui... - Giovanna reparou que Alexandre parecia totalmente exausto, havia círculos pretos sob seus olhos e seu cabelo estava estranhamente despenteado. Alexandre puxou a mão dela., mas Giovanna não desistiu - Você não dormiu nada, não é? Nero!
- Não deu tempo - Alexandre retrucou
Giovanna deixou que ele a puxasse em direção a sua propriedade, mas virou-se para Chay ele também parecia exausto. Ela apertou a mão de Alexandre - Você precisa descansar, Nero
- Eu não preciso descansar, preciso encontrar aquele desgraçado - Retrucou
O grupo começou a caminhar em direção à vila, e Indira parecia preocupada - Alexandre, o que você sabe exatamente sobre esse Moretti? E o que devemos fazer?
Alexandre olhou de soslaio para Giovanna e ela teve a nítida sensação de que ele estava pensando no que dizer para não assustá-la - Ele aterrorizou as ruas da Capital por alguns meses antes de ser preso. Ele é um homem perigoso. Não sabemos exatamente onde ele estava indo depois de passar por Livorno, mas há uma chance de que ele tenha acabado aqui - Apertou a mão de Giovanna em um gesto de segurança. Esse pequeno gesto a fez querer abraçá-lo, mas ela se limitou a acenar para ele e apertar sua mão de volta.
Ela se virou para Indira e viu que ela, Marina e Chay estavam olhando abertamente para suas mãos unidas, como se fosse a visão mais estranha da Terra. Ela corou e murmurou - Podemos evitar ir sozinhos para a floresta por algum tempo
- Preciso conversar com meu tio e Rodrigo. Indira, Chay, levem ela e Tonho para minha casa, logo estarei de volta - Ele declarou e depois que todos se afastaram virou-se para a princesa - Conversaremos quando eu voltar
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Bela e o Bruto
Historical FictionGiovanna é uma princesa mimada acostumada apenas com o lado bom da vida, Alexandre um guerreiro que cresceu com os horrores da guerra. Com os avanços da Áustria no reino de Piemonte os opostos serão forçados a conviver até que toda a terra seja unif...