Capítulo 7

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Giovanna sorriu timidamente para as costas de Alexandre, relembrando a cena que aconteceu no dia anterior. Ela estava tão preocupada com aquele pobre garoto e seu cérebro não conseguia se concentrar em mais nada além do fato de que ele estava tremendo como uma folha, mas Nero manteve a calma e resolveu a situação. Ele pagou a dívida do menino e acalmou os três bandidos antes de se ajoelhar e ajudar o pobre menino a se levantar. O menino continuou agradecendo a ele e a Giovanna até que Alexandre o silenciou com um gesto de comando de sua mão. A princesa ficou tão abalada com toda a cena que se sentiu tímida demais para comentar sobre isso. Depois que chegaram à estalagem, Nero parecia não estar à vontade e continuou procurando algo em seus olhos. Ela entendeu que pensava que ela estava descontente com sua ação apenas quando declarou que teria encontrado uma maneira de retribuir. Ele não poderia estar mais errado! Ela não ficou nem um pouco descontente, ela finalmente teve um vislumbre do bem sob todas aquelas camadas de má educação e olhares severos.

Se ela tivesse que ser honesta consigo mesma, não era a primeira vez que ele lhe mostrava que era uma boa pessoa, afinal, ele cuidou dela mesmo que ela o tratasse com desrespeito. Ela sentiu um pouco de remorso por isso - Não acredito que aquelas pessoas estivessem sendo violentas com um menino por aquela pequena quantia de dinheiro, Nero! - Hoje ela sentiu que queria conversar com ele.

Ele se virou para ela com uma sobrancelha arqueada - Pode te surpreender mas com essa quantidade de dinheiro as pessoas podem comer por dias se tomarem cuidado

- Eu não queria soar.. - Giovanna baixou o olhar timidamente

- Eu sei. Só estava tentando te mostrar a história de outro ponto de vista - Alexandre deu de ombros

Giovanna ergueu o olhar novamente e sorriu para ele. Descobriu que toda vez que ela fazia isso, ele retribuía um pequeno sorriso. Não seu sorriso presunçoso, mas um sorrisinho honesto, mesmo que passageiro. Ela gostou daquele pequeno sorriso - Estou feliz que você estava lá para ajudar o pobre rapaz

- É muito fácil agir generosamente quando o dinheiro não vem do seu bolso - Ele riu

- Isso não vem ao caso! Virar a cabeça para o outro lado e ignorar teria sido mais fácil, mas você não fez isso - Giovanna balançou a cabeça resolutamente

- Você não teria me deixado ignorar - Seus olhos se encontraram e ela olhou para ele timidamente. Não sabia se o guerreiro estava certo, mas gostava de pensar assim e, mais ainda, gostava que ele pensasse assim dela. Ele se virou para ela e olhou para a ponte na frente deles - O lenço

Ela se acalmou e pegou o lenço rosa - Aqui - e colocou sobre a cabeça.

Alexandre a pegou pelo pulso para se aproximar - Escute. Pontremolli não é uma vila pequena e há mais do que uma chance de encontrarmos os capangas de Leonardo - Giovanna estremeceu - Mantenha seu rosto escondido e fique perto de mim. Há um uma estalagem que eu conheço, ficaremos lá esta noite - Ela concordou

As ruas da vila estavam cheias de gente e Giovanna fazia o possível para acompanhar os passos largos de Alexandre. Foi exaustivo, ela nunca tinha sido esbarrada por tantas pessoas em toda a sua vida e sentia-se sobrecarregada. Seus olhos continuavam absorvendo todas as coisas que aconteciam ao seu redor e em certo momento ela sentiu uma dor de cabeça latejando atrás de seus olhos. O som das pessoas estava ficando realmente irritante e ela levou a mão à têmpora enquanto mantinha o lenço bem preso sobre a cabeça.

A certa altura ela sentiu a mão de Alexandre cobrindo sua mão esquerda e ele gentilmente a puxou para si, colocando a mão dela acima de seu braço dobrado - Fique mais perto - Ele murmurou e seguiu em frente. Giovanna assentiu e tentou com todas as suas forças suprimir aquela onda de rubor que parecia inevitável sempre que Alexandre a tocava. Ele virou em uma rua secundária e finalmente declarou - Essa é a estalagem

A Bela e o BrutoOnde histórias criam vida. Descubra agora