A Bela e o Bruto

Capítulo 3

O sorriso deixado no jantar foi o único sorriso que Giovanna deu à Alexandre e ele chegou a conclusão de que ela fez isso por engano. Cada vez que seus olhos se encontravam, o guerreiro só era recompensado com olhares severos ou uma expressão chocada e corada. Ele realmente não sabia dizer o que a fazia corar, mas às vezes ele notava que os olhos dela percorriam seu peito antes que o vermelho florescesse em suas bochechas. Ele concluiu que tinha a ver com o fato de não vestir seu uniforme adequadamente, estava sempre desgranado de algum treino ou sem a camisa devido ao calor

A princesa mimada parecia sempre desaprovar abertamente sua presença no palácio, mas se absteve de expressar seus pensamentos em voz alta. Um dia ele se perdeu dentro do palácio e se viu abrindo mais uma vez a porta do quarto dela. Desta vez, a encontrou praticando caligrafia, uma arte que ele honestamente nunca havia entendido a razão, sua presença interrompeu a princesa com a pena ainda no ar. Ela piscou para ele várias vezes enquanto sua boca formava um lindo O. Alexandre permaneceu em silêncio, a mão na parede e os olhos fixos nos dela, ele realmente não sabia o que dizer. Uma gota de tinta manchou seu papel e Giovanna olhou para ele com uma expressão triste antes de se virar para o guerreiro com a cara mais fechada que já teve o prazer de olhar - Sr Nero! - Ela então abaixou a pena - Posso te ajudar?

- Os quartos deste palácio...

- Os quartos? - Giovanna piscou em confusão

- Os quartos são confusos - Ele admitiu

Giovanna se levantou - Eu pessoalmente acho a disposição dos quartos bastante fácil de entender, Sr Nero - Se aproximou dele enquanto um semblante sério se formava em seu rosto - O que te confunde tanto?

Alexandre riu - A porta deste quarto é exatamente igual à sala do trono

Giovanna pegou seu braço e com um gesto delicado o forçou a se soltar da parede e dar um passo para trás. Com um sorriso tenso ela respondeu - Entendo, Sr Nero. Vou colocar uma placa nesta porta para que você não fique confuso. De novo. - E com isso, ela fechou a porta na cara dele. Ele nunca havia sido expulso de um cômodo com tanta eficiência, tinha que admitir. Na próxima vez que ele passou na frente da porta dela, percebeu que ela havia colocado uma fita rosa na maçaneta. Alexandre riu, ela estava realmente tomando medidas para evitar contato com ele.

*

Giovanna estava experimentando seu novo vestido e a costureira parecia particularmente feliz com seu trabalho - Você está adorável, Vossa Alteza! Quer usá-lo esta noite?

- Você se importaria de apertar um pouco mais? - A costureira pareceu surpresa, mas obedeceu. Giovanna sorriu para a mulher - Exatamente assim, obrigada

Ela havia prometido ao pai que usaria um lindo vestido e tocaria para ele esta noite. Ultimamente, ele estava pedindo a ela para se apresentar todas as noites e ele parecia se sentir confortável em suas apresentações e Giovanna decidiu dar o seu melhor para fazê-lo esquecer suas preocupações, mesmo que apenas por algumas horas por dia.

Ela olhou para a porta para verificar se a fita rosa ainda estava no lugar, ela não queria arriscar outro encontro estranho com aquele guerreiro bárbaro. Bastava encontrá-lo todas as noites no jantar. Toda vez que seus olhos se encontravam, ela sentia o estômago revirar de maneira estranha e concluía que devia ser porque ele era enervante.

Ele era o homem mais enervante que ela já conheceu e, graças a ele, ela decidiu que sua ideia de se casar com um estudioso era um plano totalmente sólido. Ela nunca poderia tolerar alguém tão rude quanto ele. Alexandre pode ser um grande guerreiro, mas duvidava que ele fosse capaz de ler. E ele nem se preocupou em cuidar do seu estado de vestimenta! Cada vez que ele o via, seu uniforme parecia ficar cada vez mais solto. Ela frequentemente dava uma olhada em seu peito, mas apenas para compará-lo com os outros homens ao seu redor e ninguém usava o uniforme do jeito que ele usava. Ela se perguntou se haveria uma maneira educada de dizer a ele para se vestir adequadamente e evitar ficar seminu na praça perto do poço. Depois daquele primeiro momento constrangedor, outras vezes ela o pegou tomando banho com água fria e todas as vezes ela se via olhando para ele abertamente, incapaz de olhar para outro lugar. Ela descobriu que as costas dele eram tão musculosas que, ao menor movimento dos braços, seus músculos ondulavam como ondas no lago. Suas criadas se declararam muito felizes com os banhos públicos de Alexandre, mas Giovanna decidiu que já estava farta.