Giovanna aproveitou que Nero ainda estava dormindo e foi recolher as roupas dele do chão. O sangue havia secado, a lateral da ferida estava uma bagunça total, com manchas de sangue e o tecido rasgado, mas também o resto dele não estava em melhores condições. Ela se sentou novamente ao lado dele e passou sua camisa pelas mãos, enquanto planejava todo o trabalho que teria que fazer para consertá-lo, começou a cantarolar distraidamente uma música.
Depois de um tempo, ela o ouviu se mexer, ergueu o olhar da camisa rasgada e seus olhos se encontraram com os dele. Ela ficou parada enquanto todo o seu sangue corria para suas bochechas e as borboletas que residiam em sua barriga decidiam voar sobre ela - Desculpa eu te acordei - Ela soluçou envergonhada
- Não, eu gosto da sua voz - Ele sorriu para ela e se deitou de costas. O coração de Giovanna batia forte. Ela também gostava da voz dele era profunda e calma e às vezes só ouvi-la fazia sua pele arrepiar. Não de uma forma ruim. De um jeito muito bom, na verdade - Canta para mim?
- Uma música alegre? - Ela não tinha previsto isso, mas concordou
- Uma música feliz - Disse com um sorriso malicioso estampado nos lábios. Ela gostou daquele sorriso, era... quente. Isso a fez querer beijá-lo.
Giovanna sorriu e começou a cantar para ele uma canção que aprendeu quando criança, era uma canção sobre as flores que desabrocham na primavera. Ela não sabia por que, mas as palavras de alguma forma pareciam lembrá-la de como ela se sentia agora, quando estava com ele. Sentiu como se estivesse florescendo, de alguma forma... como uma pequena flor que só conheceu o inverno até agora. Era um pensamento perigoso e ela sabia disso, mas não conseguia evitar. No final da música ele deu a ela um de seus raros e lindos sorrisos e ela sentiu que tinha feito um bom trabalho
- O que você está fazendo com essa roupa?
- Eu estava avaliando como consertar. Amanhã vou lavar - Giovanna pegou para mostrar a ele
- Não - Alexandre estremeceu
- Por quê?
- Manchas de sangue são muito difíceis de remover. Apenas jogue fora - Alexandre murmurou
- Lillian se ofereceu para me ensinar como lavar - Giovanna se sentiu desanimada
- Giovanna..você já lavou seus vestidos ou qualquer outra roupa? - Alexandre zombou
- Claro que não, mas agora não comece a tirar sarro de mim como de costume.. - Giovanna fez beicinho
- Isso é impossível. No entanto - Alexandre balançou a cabeça e sorriu - é um trabalho difícil e suas mãos são muito delicadas, você vai arruiná-las
- Essas mãos não são tão delicadas quanto você pensa! - Giovanna ergueu o queixo e ela claramente o viu revirar os olhos com o gesto - Eu gostaria de tentar. Posso consertar para que você possa usá-lo novamente
- Faça o que quiser, mas se der muito trabalho, jogue fora - Deu de ombros.Giovanna sentiu isso como uma pequena vitória e deu-lhe um sorriso, ao qual ele respondeu murmurando - Sua princesinha mimada - fazendo-a rir
Zé Alfredo entrou na sala segurando uma bandeja com um pouco de comida e declarou - Já que Alexandre não pode se mover, vamos comer aqui juntos. Está tudo bem para você, Princesa?
- Deixe-me ajudá-lo, Zé Alfredo - Giovanna dobrou as roupas e colocou de lado para ajudar o mais velho. Ela encheu um prato com arroz e vegetais e ofereceu a Nero.
- Obrigado, Giovanna - Ela nunca gostou tanto do nome dela como quando foi pronunciado pela voz dele e por uma fração de segundo ela quis que ele sussurrasse em seu ouvido.
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A Bela e o Bruto
Ficção HistóricaGiovanna é uma princesa mimada acostumada apenas com o lado bom da vida, Alexandre um guerreiro que cresceu com os horrores da guerra. Com os avanços da Áustria no reino de Piemonte os opostos serão forçados a conviver até que toda a terra seja unif...