I - Esse é o meu...

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LIVRO I - JACOB


O VELHO CARLISLE sorriu para mim enquanto eu o encarava com um semblante de desespero. Repassei mil vezes em minha mente como poderia ter sido mais criativo e expressado meus sentimentos para Renesmee, mas eu continuava sendo o mesmo Jacob impulsivo de sempre.

Naquele momento, ainda era fácil atuar, contanto que Bella não estivesse presente.

— Entre, Jacob. Renesmee está... — o vampiro amigável olhou para as escadas — Descendo.

Assenti, sem saber o que dizer. Já estava longe daquele lugar tempo o suficiente para esquecer como deveria me comportar. Durante o imprinting, tudo era tão natural; eles não me incomodavam, não faziam diferença. Só o que importava era o que Ness achava, e nada mais: mas agora eu podia reviver aquela tortura por baixo da pele.

Sequei o suor da testa com a parte de trás da mão.

Agora tudo era real, eu voltei a ser o velho Jacob.

— Tio Jacob! — Ness veio correndo, e eu a peguei nos braços, agora estava mais confortável — Tio Jacob! — e estava tão emocionada que decidiu se expressar de sua maneira única.

A pequena mãozinha tocou meu rosto, e eu a fitei nesse segundo, mas não a enxergava — só existia o mundo que ela me revelava. Então, senti junto a Ness o quanto eu havia feito falta para ela naqueles dias. Lamentei assim que suas mãos deixaram de tocar-me, seu rostinho sério.

— Me desculpe, eu senti muito sua falta também.

— Errar é normal, é assim que aprendemos. — suas maçãs do rosto se revelam com um sorriso doce — Minha mãe sempre diz que cometer um erro não é ruim... Ruim é se recusar a aprender com ele.

— Não vou repetir isso.

Escutei um sibilo entredentes e vi, não muito longe, Edward relutante. Pela primeira vez, eu concordei com o vampiro; acabava de mentir para Ness, e se havia algo que aquele almofadinha detestava era isso.

— Calma, papai. — ela o espia por trás do ombro — Tio Jacob não está mentindo.

O queixo de Edward projetou-se com arrogância, e após cruzar os braços ele finalmente nos deixou a sós. Talvez estivesse finalmente cansado. Baixei a guarda um pouquinho e agi como nos velhos tempos, cruzei o caminho de Jasper nas escadarias e ele ignorou minha presença completamente.

Fugi — sem que a pequena soubesse — para dentro do seu quarto, fechei a porta e a coloquei no chão. Foi falha uma tentativa de privacidade em meio aos sanguessugas, sabia que Bella estava em algum lugar escutando tudo com sua audição super poderosa, então eu deveria ter cuidado ainda mais em minhas palavras.

O momento da verdade chega para todos, cada passo que eu dava apresentava mais um declive. Por fim, não me decorria mais nenhuma ideia melhor de como deveria se começar uma conversa com aquela criança, depois de permanecer alguns minutos só ouvindo as aleatoriedades de Reneesme, subitamente me recompus.

— Lembra aquela história da maldição da lua? Você poderia... Continuar de onde parou?

A história da maldição da lua, um pouco antes daquela madrugada fatidica, Renesmee havia me contado essa história como uma previsão. O eclipse lunar, os lobos perdendo os objetivos que acreditavam ter em seu coração, e tendo que achar uma outra lealdade: a que existe com o próprio eu, e a que eu não fazia idéia o que significava. 

— Talvez, mas não lembro muito bem...

— Você precisa lembrar, fiquei pensando nela esses dias, em qual final teria...

Eclipse Lunar - Edward e JacobOnde histórias criam vida. Descubra agora