Movendo a razão

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LIVRO II

EDWARD


EU NÃO SABIA SE PODERIA SUPORTAR AQUILO.

O céu já era um manto de escuridão quando decidi mover meu corpo. As cortinas balançavam ao vento, e um frio intenso atravessava as janelas. Naquela casa, eu e minha família se reunia todas as noites, mas agora só restava um frio rigoroso. Isso nunca fez parte do meu passado, entretanto, não parecia fazer sentido continuar ali dentro.

Meus olhos mantinham-se fixados na porta aberta, na trilha entre a floresta, a última visão que tive de Jacob Black. Minha mente trabalhava sozinha em mil idéias por minuto, todas sem questões boas o bastante para respostas satisfatórias. Senti que havia mergulhado em um penhasco inacreditável, nunca antes meu corpo ardeu com tanta vontade de ter uma pele contra a minha. Secretamente, implorava aos céus que houvesse conseguido driblar a maldição, e que ele ainda se lembraria de que me desejava.

Como se isso fosse possível.

Meu corpo estremeceu. Não era apenas a agonia de perder Jacob, mas as lembranças do som dos ossos se quebrando e a maneira como aconteceu não me deixavam pensar em nada direito. Eu tinha sentido prazer, o desejo de me fundir ao corpo dele, percorrer minha língua por sua carne, provar seu sabor por completo, mas quando estive dentro, enlouqueci: era apertado, gostoso, quente. Não podia parar, eu pulsava tanto que poderia morrer.

Meus instintos foram mais fortes do que a razão, e pensei que lidaria bem com isso já que não era a minha escolha, mas estava enganado. Os ossos de Jacob se consolidariam, as feridas se fechariam e sumiriam completamente; seus orgãos machucados com a pressão voltariam a ser saudáveis; O seu coração voltaria a bater fortemente, ainda assim, isso não apagaria a dor que o causei. Jacob não sentia prazer, e eu só continuei estocando mais e mais. O poder que ele me exalava era obsessivo.

Nunca deveria ter acontecido daquela forma, e me punia por ainda sentir o corpo vibrar de desejo ao lembrar da cena. A sensação marcou minha alma tão fortemente que só a imaginação me fazia gemer.

O castigo era muito profundo.

Impossível de superar ou querer parar, eu não queria ter parado, eu gostaria de sentir isso para sempre. Tudo combinava, seu calor, seu cheiro, seu coração batendo, seu sangue circulando nas veias, e eu penetrando fundo. Dentro. O deixaria vazando por um mês de tanto que gozaria, e poderia me masturbar em qualquer ocasião só de lembrar.

Tinha de esquecer ... Mas como?

Meia-noite e Bella está de pé do lado de fora da casa. Não tento adivinhar o que ela sentia, e nem estava sequer interessado. Horas se passavam, e eu continuava imóvel, abatido pelas sensações que vivenciei, e pela punição que minha razão tentava sobrepor, mas parecia impossível.

Um minuto depois, quando Bella acredita estar pronta, segue caminho para dentro. Aqueles olhos imortais fixam-se instantaneamente em mim. Cautelosa, se aproxima até ficar a um metro de distância.

Sua testa franziu, sem rugas, e parecia ter algo errado com meu cabelo. Todavia, não luto para me mover, continuo parado com a mão apoiada na superfície da mesa. Estou sem camisa, apenas a calça e a cueca no quadril, mas nem mesmo o zíper me esforcei para fechar.

— Oi. — ela diz, e havia um certo tom de desaprovação.

— Oi.

Com voz mais forte, ela ergue a cabeça e olha tão fixamente para mim que sou obrigado a estreitar os olhos.

Eclipse Lunar - Edward e JacobOnde histórias criam vida. Descubra agora