...Orgulho ferido

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LIVRO I

JACOB


VOCÊ ENTENDE ESSA VIDA? Eu, não.

Todas as coisas que mais abomino esperam por mim, é um pesadelo real o qual não tenho saída. A cada vez que penso: finalmente isso vai acabar, mas, não. É apenas mais um novo começo da saga, e ninguém se importa. 

Não é preocupante o cara que faz tudo por amor e acaba sozinho.

Simplesmente não importa.

De quantas maneiras diferentes fiz tudo o que pude por Bella? Para simplesmente perder todo o significado se perder quando ela tentou me matar.

Tudo desmoronava. Amar Bella não fazia mais sentido.

Odiar Edward pelos meus princípios iniciais seria vergonhoso agora: ele havia me beijado, e desgraça seja dita, eu havia retribuído. Isso me assustava ainda mais, me fez admitir que toda raiva tivesse uma razão além da Bella, e se fosse verdade eu continuaria sendo um babaca: só que cem vezes mais idiota que antes.

O mundo começa a adquirir um borrão alarmante. Havia perdido noção de quanto tempo estava correndo, sei que estou muito longe de Forks e que preciso comer, mas tudo que fiz foi beber água em uma queda d'água de dois dias atrás.

Eu queria acelerar o meu processo de morte, deixar meu corpo nas condições mais fracas possíveis para que o veneno restante fosse letal.

Aparentemente eu havia conseguido.

Perco a transformação quileute, caio com o corpo evaporando um calor absurdo. Assisto as formigas começarem a sair de dentro das folhas para subirem nos meus braços, mas as primeiras morrem com a quentura da minha pele. Estou fervendo. Olho ao redor e tento visualizar o meu local de morte, mas estava tudo girando.

Levanto apenas para tropeçar e cair.

Fico esperando a morte, mas ela não veio.

Tive nojo de aceitar o que Bella havia feito, me repreendi por ser fraco e viver a vida como uma marionete conduzida por mãos tão desastradas. Lamentei meus pensamentos cruéis, e tive a esperança de que ela só havia feito isso porque era uma vampira agora: a humana também me amou. Eu tenho certeza disso.

Todavia, não era a vampira e nem a humana que se aproximava, foi totalmente diferente do esperado. Sei que a minha morte provavelmente será afetada por isso, e já estava ficando difícil pensar.

Eu tinha que admitir que por mais trágico que isso fosse, era a primeira vez que qualquer pessoa viva se importava assim comigo — era assustador, passei tanto tempo longe de Forks correndo para qualquer direção, que era de se pensar que os Cullens deixaram tudo para trás...

E não que Edward aparecesse ali.

— Posso imaginar o que pensa de mim por isso. — disse ele — Mas não posso ignorar que morreria por causa da decisão da Bella.

Tento falar mas é impossível, me sinto exausto. É a primeira vez que fico feliz por pensar e Edward entender. Isso é sobre a Bella?

Ele para por um segundo.

— Não.

Dessa vez não era necessário escutar meus pensamentos, minha expressão dizia tudo: então o que está fazendo aqui? Nada me fazia entender aquilo. Estamos constantemente tomando atitudes que não condizem com o que éramos — ou fingimos ser por um longo tempo. A piedade nos olhos dourados pareciam um crime contra a nossa natureza. Contra os princípios. Contra o amor que tínhamos por Bella — e que não fazia sentido algum agora.

— Podemos conversar depois. — disse ao se agachar próximo a mim — Não me importo. Quero terminar o que comecei.

Fiquei ali, imóvel, não consigo evitar a dúvida do que exatamente ele queria terminar... Haviam inúmeras possibilidades, mas só uma me assustava.

— Não vou beijá-lo novamente. — a expressão dele endureceu. 

Edward segurou meu braço, me arrastou até me encostar contra o tronco de uma arvore. Acabo girando em órbita outra vez, e antes que minha cabeça pendesse para frente sinto seus dedos frios me despertarem erguendo meu queixo.

Um calafrio me percorreu. O vento soprava forte e firme, ondeando a grama e dobrando as árvores. O brilho do sol reflete na pele de Edward, isso me prende a atenção.

— Está se colocando em perigo por causa do que aconteceu? É capaz de morrer por causa do seu orgulho?

É muito mais do que orgulho. Junto todas as forças que tenho para lançar-lhe um olhar frio e desafiador. Não me faça mais favores. Nunca lhe pedi nenhum. E não quero que você tire o veneno.

— Vou levar você para casa, Carlisle pode tirar o veneno.

Não quero ir. Não preciso de sua ajuda.

Edward riu, mas não havia humor naquela risada.

— É uma piada?

— Suma daqui... — arfo.

O vi se movimentar. Aconteceu tão rapido que precisei ouvir duas batidas do meu coração antes de perceber o que ia acontecer. Ele colocou suas presas um instante depois de me girar para o chão e me espatifar nas folhas.

Espremi os olhos e me odiei mais uma vez em pouco tempo.

Estou completamente nu e o sinto por toda parte, sua respiração controlada em meu pescoço, seus dedos embrenhando-se em meus fios de cabelo, sua maneira estúpida e dolorosa de me imobilizar com as pernas.

Mais um pouco e sei que Edward perderia a força inicial, tudo seria como antes. A amargura e a fraqueza dessa vez foi a justificativa que usei para ficar em silêncio, tentando me concentrar na dor e não no sentimento sufocante de humilhação que crescia dentro de mim: prazer.

Seus lábios e suas prezas me despertavam prazer.

Fiquei desse jeito, entorpecido, tentando manter sob controle meu corpo. O sinto derrubar mais seu peso em mim e já sei que meu sangue destruia suas forças como antes. Tudo continuou e perdi noção do tempo e do espaço, não sabia quem eu era ou o que fazia.

O mundo todo se concentrava naqueles lábios imperiosos, sugando com sofreguidão meu sangue e o veneno. 

Eclipse Lunar - Edward e JacobOnde histórias criam vida. Descubra agora