Sanduíches

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EU tinha onze anos quando Marty nos pegou entrando na oficina. 

Eu não sabia por que eu estava tão atraído por ela. 

Não era nada de especial. 

A garagem era um edifício antigo coberto por uma camada de sujeira que parecia que nunca foi lavada. 

Três grandes portas levavam a baias com elevadores mecânicos enferrujados no interior. 

Os homens que trabalhavam lá eram duros, com sujeira em suas bochechas e braços, com tatuagens cobrindo seus braços e pescoços.

O próprio Marty era o pior deles. 

Suas roupas estavam sempre manchadas de sujeira e óleo, e ele franzia as sobrancelhas constantemente. 

Seus cabelos eram ralos, ao redor das orelhas. 

Cicatrizes de pústulas marcavam seu rosto, e sua tosse rouca parecia úmida e dolorosa.

Eu o achava fascinante, mesmo à distância. 

Ele não era um lobo. 

Ele não estava imbuído de magia. Ele era terrivelmente e dolorosamente humano, áspero e volátil.

E a oficina em si era como um farol em um mundo que nem sempre fazia sentido para mim. 

O vovô já trabalhou ali alguns anos atrás, e meus dedos coçaram para tocar uma chave de torque e uma chave de fenda nas mãos. 

Eu queria ouvir o ronronar de um motor para ver se eu podia ouvir o que estava errado com ele.

Eu esperei até o sábado, quando ninguém mais estava por perto. 

Seojoon estava com Taeseok, fazendo o que os Alfas e futuros Alfas faziam na floresta. 

Minha mãe estava fazendo as unhas na cidade próxima. 

Meu pai disse que ele tinha uma reunião, o que significava que ele estava com a mulher de cabelos escuros que eu não deveria saber. 

Rico estava doente, Chris estava com ele, e Tanner estava em uma viagem de um dia até Eugene que ele tinha reclamado por semanas.

Sem ninguém para me dizer não, eu fui para a cidade.

Fiquei por muito tempo do outro lado da rua da oficina, apenas observando. 

Meus braços coçavam. 

Meus dedos se contraíram. 

Havia magia na minha pele que não tinha saída. 

As ferramentas de vovô haviam desaparecido misteriosamente depois que sua dama o matou, meu pai dizendo que elas não eram importantes.

E justo quando reuni coragem suficiente para atravessar a rua, senti um pequeno puxão no fundo da mente, uma consciência simples que estava ficando cada vez mais familiar.

Suspirei. 

— Eu sei que você esta ai.

Silêncio.

— Você pode muito bem sair agora.

JungKook saiu do beco ao lado do restaurante. 

Ele parecia envergonhado, mas desafiador. 

Ele usava jeans e uma camisa dos Caça-Fantasmas. 

A sequência acabara de sair. 

Rico e Tanner e Chris e eu íamos ver. 

Eu pensei em convidar JungKook também por razões que eu não conseguia entender. 

Ele ainda me dava nos nervos, mas ele não era tão ruim agora. 

Song of the Pack - Book 2 (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora