II

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O sol entrando com força pela janela do quartinho despertou Ramiro, que antes de abrir totalmente os olhos sentiu o perfume do seu pequetito. Kelvin ainda dormia profundamente, protegido pelos braços fortes do seu amado. O moreno foi abrindo os olhos devagar e contemplando aquela imagem do loirinho ali juntinho do seu corpo. "É tão bom acordá assim", pensou o peão, com um sorriso emocionado. Ficou por alguns minutos naquele estado de encantamento, como que embriagado na sensação daquele momento.
De repente o cantor espreguiçou-se, abriu os olhos, e deparou-se com o mais velho com o olhar vidrado nele.

- Bom dia, ursinho... - Kelvin murmurou de um jeito doce, com a voz ainda meio enrolada de sono.

- Bom dia, coelhinho - Ramiro retribuiu ainda fascinado pela presença do rapaz - Ocê não teve mais sonho ruim?

- Dormi como um bebê, tendo você me protegendo - o mais novo abriu um sorriso de quem estava em paz.

O peão sorriu também, feliz de conseguir fazer bem ao seu Kevinho:

- Que bão. Vô passa um café pra nóis. Ocê gosta mais forte ou mais fraco? - ele perguntou já se levantando.

- Forte... como você - respondeu o loiro com um tom malicioso, fazendo com que o maior parasse no meio do caminho para o pequeno fogão, e virasse a cabeça.

- É só do café que ocê gosta forte? Ou dos meus apertão também? - Ramiro disparou com um jeito provocativo que não era seu habitual.

- Você sabe que eu gosto dos apertão de todos os jeitos - devolveu Kelvin, mordendo os lábios.

O moreno sorriu com um ar sapeca e retomou seu rumo, botando a água para ferver e arrumando o coador de pano. E enquanto o fogo fazia seu trabalho, o peão voltou para perto do loirinho e perguntou lambendo os lábios:

- Então ocê gosta de todos os meus apertão?

- Gosto - o outro respondeu quase ronronando.

- E tem um jeito que ocê gosta mais? - a voz do moreno parecia mais aveludada.

- Quando você me tira do chão... - o mais novo afirmou quase sussurrando.

- Assim? - Ramiro envolveu a cintura de Kelvin com um dos braços, impulsionando o corpo do pequetito para cima, e o puxou para junto de si apoiando as nádegas dele no outro braço. Correspondendo ao movimento, o loiro apertou as as pernas em torno do quadril do maior, fazendo com que eles reproduzissem a mesma pose do apertão especial que aconteceu na despedida do cantor, antes da viagem para Nova Iorque.

- Bem assim - murmurou o mais novo, encarando os lábios do parceiro com desejo.

- É bom, né? - sussurrou o moreno, com a respiração alterada e vidrado na boca do outro. Foi aproximando-se mais, roçou a barba no rosto de Kelvin, até que os lábios se juntaram, num beijo que parecia guardado há muito tempo. Era intenso, quente, mas ao mesmo tempo delicado e sem pressa.
O barulho da chaleira chacoalhando no fogão, pois a água fervia intensamente, despertou dois daquele momento mágico. O loiro desceu do colo de Ramiro, que correu para desligar o fogo:

- Vou esperar um pouco, pra não queimar o pó - ele mexeu nos mantimentos - Olha, não tenho muita coisa aqui, o pão tá meio velho, mas... ocê gosta de ovo mexido?

- Gosto sim - o cantor sorriu, contemplando o parceiro com admiração.

- Então vô fazê - murmurou o peão, já pegando a frigideira e colocando na outra boca do fogãozinho. Despejou a água quente no coador, e enquanto o café escorria para o bule, quebrou três ovos na frigideira já aquecida, e mexeu com uma colher meio amassada. Muito concentrado, espalhou sal e outros temperos, mexendo mais em seguida. Despejou num prato já bem gasto, procurou outra colher, e levou a refeição até Kelvin, explicando meio envergonhado - Só tenho um prato, vamô tê que comê junto.

Garradinho, garradinho...Onde histórias criam vida. Descubra agora