Enquanto Cacá fazia a maquiagem e o cabelo de Kelvin, e Luana checava roupa, sapatos e acessórios do amigo, Ramiro estava vestindo-se no quarto de Nando, com a ajuda de Rodrigo, que fez o nó da gravata do noivo.
- Ah, esse troço tá me enforcando, não quero usá, não - resmungou o maior, já afrouxando o nó.
- Acho que não precisa mesmo. Também vou tirar a minha - concordou o advogado, imitando o gesto do outro.
Eles livraram-se das gravatas, e o mais velho foi até o espelho, ajeitando a gola da camisa.
- Acho que to bão, né?
- Tá elegante, agora é só esperar por um toque do Cacá no seu cabelo.
- Ah, tá faltando mais uma coisa - Ramiro pegou o perfume que tinha ganhado do amado, e gostado tanto que só queria andar perfumado. Espirrou a fragrância na barba, e deu uma espalhada - Agora sim, tô como o Kevinho gosta.
Rodrigo sorriu:
- Tô pra ver alguém mais apaixonado do você, Ramiro. O Kelvin te laçou mesmo.
- Ah. dotô Rodrigo... o Kevinho mudô minha vida. - o olhar do outro ficou iluminado - Amo tanto, tanto, que parece que vai rasgá meu peito. Mas ocê também tem os quatro pneu arriado pela Luana, todo mundo sabe.
- É, eu amo demais a minha preta - o sorriso do advogado ficou mais largo.
Mas o ex-peão parecia um menino curioso:
- Posso fazê uma pergunta? - Rodrigo assentiu com a cabeça, e Ramiro prosseguiu - Ocê nunca se importô pela Luana não sê uma mulher como as otras?
Rodrigo encarou o amigo com seriedade, mas falou pausado e calmo:
- E quem disse que ela não é mulher como as outras? Só porque o corpo é diferente? Nós não somos todos diferentes uns dos outros? Eu me apaixonei pela pessoa maravilhosa e cheia de vida que ela é. Por acaso a Lu é uma mulher trans. E como isso interfere na nossa relação, só diz respeito a nós dois.
- Desculpa, dotor, eu não queria ofendê... - o maior parecia um cachorro de orelhas murchas.
- Tá tudo bem, amigo. Ninguém nasce sabendo. O importante é não insistir numa visão errada das coisas - o advogado suavizou a expressão.
- É, eu tô aprendendo essas coisa. Aprendendo e guardando aqui tudo que ocê falô - Ramiro tocou com o indicador na cabeça.
Foram interrompidos pela entrada de Cacá:
- E aí, noivo, vamos finalizar esse cabelo?
No outro quarto, Kelvin estava inquieto:
- Ah, será que aquelas piranhas estão arrumando direito o salão? E o Zeza, será que vai saber botar as flores no bolo?
Luana segurou as mãos dele:
- Kelvina, respira e se acalma. A Flor tá supervisionando tudo, e nela a gente confia.
- Verdade - o rapaz olhou para a amiga com emoção - Lu, obrigada por ser nossa madrinha. A gente nem sempre teve uma boa relação, mas que bom que conseguimos nos entender.
A mulher também ficou comovida, e respondeu com suavidade, apesar do tema pesado:
- Ô, minha velha... nós duas já passamos por tanta coisa nessa vida, né? Quando chegamos nesse bar, a gente precisava sobreviver, e na selva, se você não é predador, acaba sendo a presa. Acho que nada foi rivalidade pessoal, era só sobrevivência. Mas agora estamos felizes, com nossos amores, é um outro momento de vida.
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Garradinho, garradinho...
FanfictionKelvin tem uma conversa decisiva com Ramiro, que leva o pequetito para dormir em seu quartinho. Mas a madrugada trouxe memórias difíceis para o loiro. Só que nenhum trauma é maior do que o amor desses dois.